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29 de agosto de 2010

Garota, Interrompida (1999)

Um filme de James Mangold com Winona Ryder, Angelina Jolie e Brittany Murphy.

O que é verdade, o que é mentira, o que é real, o que não é? É exatamente isso que Winona Ryder busca o tempo inteiro nesse filme e o que Angelina Jolie se mostra certa em conseguir diferenciar. E por mais que, nós, simples espectadores, já tenhamos todos os conceitos definidos e manipulados em nossa mente, a semente da dúvida se instala calmamente aqui, mesmo que essa dúvida seja colocada por uma sociopata que está internada num centro de reabilitação por 8 anos. Será que estamos vivendo mesmo o real e o verdadeiro ou tudo é uma mentira que pregaram em nós? Afinal, em Garota, Interrompida os loucos são os normais e os normais são os loucos.
Susanna Kaysen (Winona Ryder) é uma jovem cujo único plano é ser escritora, plano esse interrompido após ela tomar um vidro de aspirinas com 4 litros de vodca para se livrar de uma dor de cabeça. A partir daí, ela é diagnosticada com um distúrbio de personalidade e vai para um centro de reabilitação, cheio de garotas que a sociedade considera incapazes. Porém ela se vê fazendo amizades rapidamente e se juntando às problemáticas graças a uma relação bem profunda com Lisa Rowe (Angelina Jolie), uma sociopata manipuladora.
Não sei dizer de quem gostei mais neste filme. Interpretar personagens com essas personalidades sempre é uma alavanca para a carreira, além de mostrar a maior capacidade que o ator tem. Essa capacidade eu vi na carismática Angelina Jolie, com seus joguinhos de sedução para conseguir sempre ter o controle das situações; e na mentalmente perturbada Brittany Murphy, cujas cenas em que participou rechearam meus olhos com o que eu defino como loucura. Winona Ryder também é digna de ressalva, consegue levar o filme inteiro com sua história. Whoopi Goldberg, por menos que aparecesse na obra, também interpretou grandiosamente a enfermeira-chefe.
É um ótimo roteiro. Totalmente imprevisível, o rumo que os acontecimentos tomam são uma surpresa para o público. O fim não foi de todo agradável, mas foi o melhor para o filme para enfim resolver todo o bafafá que foi criado em relação à sociedade "capaz". Acho que preciso dizer o quanto gelei em certas cenas, como a parte da casa de Daisy ou quando o centro vai tomar sorvete. Gostei da trilha sonora e da fotografia.
Garota, Interrompida teve seu sucesso feito. Afinal, quem não gostaria de ver essa história? Uma garota considerada louca que vai parar numa clínica e lá sofre influências do mundo da loucura sobre o mundo normal e do mundo normal sobre o da loucura (algo que me lembra até partes de A Troca, que também tem Jolie). Agora eu realmente preciso que me digam: qual dos dois é o normal e qual dos dois é a loucura? Através de uma abordagem lógica e tradicional, o "normal" me convence que ele é o certo. Mas o mundo da loucura é tão sutil e carismático, assim como Angelina Jolie, que não consigo mais ter certeza.
NOTA: 9

28 de agosto de 2010

2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)

Um filme de Stanley Kubrick com Keir Dullea e Gary Lockwood.

Não é um filme para se ter certeza, sim pra se ter dúvida. 2001: Uma Odisséia no Espaço é um clássico, sem sombra de dúvida, e um clássico anos a frente do seu tempo. Um clássico que foi parodiado nesses últimos 42 anos, um clássico que teve uma trilha sonora marcante, um clássico que teve metade de seu filme no completo silêncio, um clássico sem falas, um clássico sobre uma excursão espacial que segue corretamente todas as leis da física, um clássico que tem explicações lógicas para tudo que acontece, um clássico que contem várias mensagens que eu pude identificar e várias outras que eu não identifiquei de primeira vez e talvez muitas outras que eu nunca irei identificar. Agora quem poderá me explicar porque esse filme, tão entediante com suas cores e poucos diálogos, que me fez divagar durante momentos de pura fotografia, é um clássico?
4 milhões de anos após um monolito negro aparecer misteriosamente na Lua uma equipe de astronautas experientes é enviada para Júpiter, de onde o monolito aparentemente surgiu. A equipe é composta dos experientes Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood), além de mais 3 pesquisadores, que se encontram em estado de hibernação, e do computador HAL 9000, que controla toda a espaçonave. Porém, no meio da viagem, HAL assume o controle e vai matando os tripulantes.
Que 2001: Uma Odisséia no Espaço é bem entediante em certas partes, não vou negar isso. Mas foi uma boa estratégia de Kubrick para conseguir mais explicações e mostrar suas visões sobre o universo que ele criou para o filme. Além do mais, o filme é um daqueles com várias interpretações sobre um único assunto. Tenho certeza que existem pessoas que entendem o filme do início ao fim, mas quem somos nós para julgar certas interpretações? De monolitos à ondas coloridas, tudo exala dúvida nessa película, dúvida que se agrava nos últimos momentos.
Atuação, fotografia, trilha sonora, Kubrick conseguiu fazê-los mover em torno da história. A atuação sem sal e sem emoções de Keir Dullea e Gary Lockwood, ao meu ver, foi um reflexo da sociedade em que eles viviam, uma sociedade em que um computador faz tudo. A fotografia e a trilha sonora exalaram perfeição. Que adorei o filme, adorei, ainda mais por não ter aqueles sons constantes no vácuo que eu observo em Star Wars.
Essa pérola supera qualquer filme desse gênero atualmente por ser verdadeiro, e espero que vocês me entendam quando eu digo verdadeiro. E, sinceramente, não vejo mais porque atribuir o título clássico em cima dele a não ser pelo simples motivo de que Stanley Kubrick é um visionário e com um filme que chega a ser maçante em algumas partes, que não tem atrativos para efeitos especiais e que não é compreendido por todos, conseguir todo o sucesso que 2001: Uma Odisséia no Espaço conseguiu ao longo desse anos.
NOTA: 8

27 de agosto de 2010

Shortbus (2006)

Um filme de John Cameron Mitchell com Sook-Yin Lee e Paul Dawson.

Utilizar o sexo num filme é algo perigosíssimo. Se utilizado da maneira errada, ele vira apelativo e passa de uma comédia para um pornô facilmente. Nota-se que eu não coloquei que excesso de sexo num filme o torna indecente e livre de qualquer tentativa de apelo moral. E é isso que eu admirei em Shortbus: todas as cenas tem alto teor sexual. A moral que eles quiseram passar no final pode ser facilmente comparada com orgasmos, o que não a torna menos interessante que outras.
Na Nova York, após o 11 de Setembro, vemos diversos personagens interagirem em suas diversas vidas: temos Sophia Lin (Sook-Yin Lee), uma terapeuta sexual que é pré-orgástica, ou seja, não consegue atingir o orgasmo; temos James e Jamie (Paul Dawson e PJ DeBoy, respectivamente), um casal gay que quer abrir o relacionamento para um patamar poligâmico; e Severin (Lindsay Beamish), uma dominatrix que gosta de tirar fotos inconvenientes. O que todos eles têm em comum? Todos frequentam o Shortbus, um clube onde as pessoas consideradas estranhas pela sociedade vão, se encontram e acham um modo de se divertir, seja fazendo sexo ou conversando, desde que ajude a relaxar após o caos que foi a queda do World Trade Center.
O que gosto na história é porque essa não se rendeu ao clichê. Normalmente histórias com muito sexo se tornam apelativas. Essa se tornou inteligente e divertida. Normalmente histórias com personagens tão fortes quanto um casal gay ou uma dominatrix tratam do preconceito. Essa tratou da liberdade, sem qualquer preconceito implícito ou explícito. Enquanto o manual do "box office" atual prega que histórias boas e interessantes giram em torno de uma trama religiosa, ou cheia de conspirações, ou ainda com milhares de efeitos, esse filme consegue nos encantar com a história de uma mulher que não tem orgasmos, com um depressivo que gosta de se filmar pagando um auto boquete, de uma mulher que poderia ser a próxima Lady GaGa no estilo dominatrix e uma maquete da cidade de Nova York. Sem efeitos algum, pelo contrário, a cena que mais me passa algo é o apagão.
Ótima trilha sonora, com direito aos grandes Yo La Tengo, Animal Collective e Azure Ray. Eu gostei da atuação. Por mais que os atores parecessem amadores, cansados e chateados, tudo teve um aspecto que você não encontra numa superprodução Hollywoodiana com atores super produzidos: naturalidade. Eu vi isso em todos os momentos do filme, exceto talvez, pela parte em que PJ DeBoy canta o hino dos Estados Unidos no cu de Jay Brannan (o que eu achei perfeito como um pontapé nos americanos, seja essa ou não a intenção). Gostei da fotografia e do figurino, principalmente do que Lindsay Beamish usava em suas cenas.
Shortbus é um filmaço. Conseguiu ligar todos os pontos de sua história e criar um fim se utilizando de definições sexuais. Conseguiu promover a agitação e a sociedade nova iorquina após o ataque terrorista de 11 de Setembro. Conseguiu criar histórias que de tão falsas e tão estereotipadas, parecessem casos verdadeiros. E conseguiu criar tudo isso com 75% do filme contendo apenas sexo. Não é pra qualquer um.
NOTA: 8

25 de agosto de 2010

Avatar: O Último Mestre Do Ar (2010)

Um filme de M. Night Shyamalan com Jackson Rathbone e Dev Patel.

Pena que efeitos especiais e fotografia não salvam um filme ou esse ganharia um 10. Sabe, efeitos e fotografia estão tão clichês hoje em dia que todo filme tem que ter (a não ser que você seja uma comédia ou um trash). Acho que vou parar de contar pontos para esses dois tópicos. Mas se contar, filmes como Avatar: O Último Mestre Do Ar (tenho que escrever tudo para não me confundir com os aliens azuis) ganhariam uma nota 0. A única salvação deles se resume nos dois pontos mais batidos do cinema atual. Ou seja, a não ser que você seja louco por efeitos visuais e fotografia, então não é muito bom para se ver. Nem para se passar um fim de semana, tenho certeza que há filmes melhores passando.
Numa terra onde há dominadores dos 4 elementos da natureza, o reino do fogo é um grande e temido conquistador, já que eles decidiram usar seus poderes para o mal depois do desaparecimento do Avatar, um dominador dos 4 elementos. E é 100 anos depois do início da guerra com o reino do fogo que Katara (Nicola Peltz) e seu irmão Sokka (Jackson Rathbone) acham Aang (Noah Ringer), o Avatar desaparecido, dentro de um iceberg. Porém, o reino do fogo descobre o paradeiro do Avatar e vê que ele arrisca acabar com essa guerra. Com isso o príncipe Zuko (Dev Patel), o filho renegado do Senhor do Fogo, vai atrás do Avatar para obter o perdão de seu pai.
A atuação deixa bastante a desejar, nada que eu não esperasse. Vamos considerar que este é o primeiro filme de Noah Ringer, o segundo de Dev Patel e que Nicola Peltz realmente não é uma atriz nata. Assim, posso chamar a atuação de mediana. Dev Patel e Jackson Rathbone que, vamos colocar assim, foram menos ruins que os outros, pena que sejam coadjuvantes ou o filme até poderia subir um pouco no meu conceito. Bela fotografia e belos efeitos, só. Nada mais que tenha sido belo neste filme. A história é baseada num desenho animado, e para ser fiel o filme ficou apressado, cortando partes que eu julgo necessárias e criando um vórtex temporal, onde coisas surgiam do nada, assim como pessoas e relações sociais.
O filme ficou tão sem graça e tão sem ânimo que a partir dos primeiros 20 minutos, dificilmente algo traria emoção, surpresa ou alegria. Além do que tudo nesse filme, além de inspirar uma falsidade infinita (até levando em conta que o mundo paralelo onde pessoas controlam a água exista) é bastante maçante. É uma pena ver a carreira de M. Night Shyamalan despencando colina abaixo: difícil se lembrar que um dia ele já fez O Sexto Sentido. Quem te viu, quem te vê...
NOTA: 2

23 de agosto de 2010

Quanto Vale Ou É Por Quilo? (2005)

Um filme de Sérgio Bianchi com Caco Ciocler e Lázaro Ramos.

Uma ironia ao preconceito gritante que existe na nossa sociedade. Adorei o filme porque é choque o tempo inteiro, falsidade pra lá e pra cá, mostra uma hierarquia social brasileira que faz parte do nosso dia a dia. E o melhor de tudo, é verdadeiro. Todos os duas-caras, todos os riquinhos que contraem uma síndrome de benevolência ao longo da vida, todos os desvios de dinheiro público que já viraram algo comum atualmente, todos os problemas enfrentados por aqueles que realmente querem fazer o melhor para ajudar, e tudo tratado com um sarcasmo tão grande que a lição surge da falta de lição.
A história segue paralelamente entre dois tempos distintos: primeiramente, mostra a época da escravidão, alguns casos que ficaram registrados e mostram toda a tortura realizada nessa época. Depois disso, mostra a história no presente de Arminda (Ana Carbatti), uma mulher que luta para que o objetivo de sua ONG seja realizado: que a periferia ganhe um projeto de informática e que ganhe computadores decentes. Porém, no meio de sua luta, ela vira um estorvo para Ricardo Pedrosa (Caco Ciocler), que contrata um matador para eliminá-la. Entre esses dois tempos, uma situação se mostra familiar: a de Candinho (Silvio Guindane), um homem que para poder ficar com o filho faria qualquer coisa. Baseado no conto Pai Contra Mãe, de Machado de Assis.
Bela atuação. Adorei os contrastes apresentados entre a figura sarcástica e "boa" do homem, na pele de Caco Ciocler, e a da verdade em sua forma mais humana e animalizada, na forma de Lázaro Ramos. Porém uma coisa que eu acho bem perigosa é a ironia, porque você tem que fingir duas vezes, e umas dessas vezes tem que ser bem implícita do que se está fazendo. Muitas vezes no filme, se utilizaram do sarcasmo e da falsidade exagerada na tela, o que achei que se encaixou perfeitamente com o filme.
Adoro o roteiro assim como o conto de Machado. A ironia excessiva utilizada nele é que faz o filme ficar interessante e chocante ao mesmo tempo. Tenho que reconhecer uma pérola nacional quando vejo uma, e infelizmente tenho que reconhecer que não é muito conhecida. Tudo no filme inspira uma forma de se pensar na vida atual e ver que não há um contraste muito grande entre a atualidade e a escravidão, seja com as indiretas usadas pelas propagandas de televisão ou por Ana Carbatti mostrar a verdade explicitamente para as telas. É chocante ver as cenas sobre racismo, escravidão e maus tratos. Belos diálogos, bela fotografia.
Quanto Vale Ou É Por Quilo? traz a perfeição desde o seu título. É um filme feito para a gente pensar. Pensar na nossa realidade e na nossa escravidão diária, afinal todos somos escravos do mesmo sistema. E isso fica claro como a água na fala de Lázaro Ramos: "O que vale é a liberdade para consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia". Ou será que ele estava interpretando um presidiário por uma grande ironia do destino, uma ironia maior do que essa filme apresentou?
NOTA: 8

19 de agosto de 2010

Espíritos: A Morte Está Ao Seu Lado (2004)

Um filme de Banjong Pisanthanakun com Ananda Everingham e Natthaweeranuch Thongmee.

Não é segredo que o oriente produz os filmes de fantasmas mais comentados, com poucas exceções como O Chamado e afins. E Espíritos segue a linha de todo terror japonês, coreano e tailandês que se pode ter ideia. Nada que você não tenha visto em O Grito: fantasmas vingativos com uma maquiagem exageradamente boa. Mas esse tem algo bom, lógica. Não digo que espíritos andando por aí e saindo em fotografias polaroid façam parte da minha lógica. Mas aceitemos que eles realmente estejam entre nós, aí sim temos uma lógica. E  uma lógica que termina impecavelmente, que já é o motivo perfeito para se ver o filme. Assim como o único.
Tunn (Ananda Everingham) e sua namorada Jane (Natthaweeranuch Thongmee) estão saindo de uma festa quando atropelam uma jovem. Jane, querendo ver se a menina está viva, tenta sair do carro, mas Tunn não permite, fazendo eles voltarem para Bangkok. Ele, que é um fotógrafo, vai tirar fotos de uma formatura no dia seguinte mas na hora de revelar ele vê um misterioso vulto que surge em algumas fotos. Os dois começam a pesquisar sobre a moça que atropelaram e pensam que o espírito dela está os seguindo. Ao mesmo tempo, os amigos de Tunn vão se suicidando, um a um.
Nenhuma atuação que mereça uma ressalva. Everingham e Thongmee não me surpreenderam durante o filme, ainda mais porque tinha um espectro cheio de cicatrizes e com olhos sem pupila roubando a cena. Bela maquiagem e belo figurino. Se esse filme não tivesse uma boa fotografia, não mereceria nota. Gostei do roteiro. Adoro dois tipos de filme de terror: os filmes que, embora possam parecer improváveis, podem se tornar reais (como O Albergue, O Massacre Da Serra Elétrica ou Jogos Mortais); e os filmes que embora não tenham uma base real, conseguem criar uma lógica para os acontecimentos que estão por vir. E Espíritos faz parte disso. Boa parte do filme mexe com uma única crença que não é universal, e a partir dessa crença eles criam uma lógica. Eu não partilho da mesma fé dos que acreditam, mas eu tenho que admitir que adorei o fim do filme, me espantou muito mais do que um espírito andando de cabeça para baixo ou trilha sonoras cortadas na hora em que uma mão surge, aparentemente, do nada.
É bom para se dar uns sustos, já que a maioria da população mundial prefere hoje se assustar a sentir prazer - tanto que o aluguel de terror e suspense atualmente supera os filmes pornôs. E tem um fim inegavelmente bom. Do resto, não se salva muito, pode-se arquivar junto com outros terrores do oriente.
NOTA: 6

18 de agosto de 2010

O Abrigo (2010)

Um filme de Mans Marlind e Björn Stein com Julianne Moore e Jonathan Rhys Meyers.

Um filme que poderia ter sido bom, pois conseguiu usar dois ótimos temas para preencher as lacunas: a psicologia e a religião. E conseguiram trabalhar bem com esses temas. Não me levem a mal, mas acho que o filme realmente seria melhor aproveitado se conseguisse focar em apenas um desses, pois juntando os dois ele virou uma fórmula de suspense clichê. Um filme que tinha explicações lógicas e rápidas se tornou um filme onde personagens vem e vão e mistérios surgem a toda hora, nada que altere drasticamente a compreensão da obra.
Caroline Jessup (Julianne Moore) é uma psiquiatra bastante cética cujo trabalho é diagnosticar os pacientes que o pai lhe deixa, possíveis pessoas com um distúrbio de múltipla personalidade. Mas desde o começo da sessão mostra-se que essa verdade não faz parte do campo de visão dela. Porém ela começa a entrar em dúvida a partir do momento em que seu pai lhe apresenta David (Jonathan Rhys Meyers), um de seus novos pacientes, um paraplégico que parece comum à primeira vista. Mas Caroline conhece outra parte desse misterioso homem, Adam, um daltônico que consegue andar.
Tenho uma idolatração estranha por Julianne Moore depois que vi Ensaio Sobre A Cegueira, achei a atuação dela lá tão perfeita que tudo que ela faz parece ótimo. E não acho que ela decepcionou nesse filme, achei tão boa quanto qualquer coisa que ela fez. Grande atriz. Jonathan Rhys Meyers teve uma atuação como numa montanha russa. Achei que ela tinha potencial (demonstrou isso no começo do filme), mas a partir do momento em que ele levantava do nada e olhava para a câmera com uma cara macabra a atuação dele virou algo que se vê em qualquer thriller de hoje em dia.
A história conseguiu se manter, só dou créditos a isso. Se o filme tivesse seguido com Julianne Moore provando seu ponto sobre a inexistência do distúrbio patológico, poderia ter sido melhor. Se o filme tivesse uma reviravolta e mostrasse a patologia de Rhys Meyer justificada através de uma lição estupenda e equivocada de religião, como ocorreu em Contatos de Quarto Grau, também poderia ter sido melhor. Mas a ousadia de misturar a religião com a mente humana e mais elementos que poderiam ser até descartáveis num suspense inteligente, não teve um clímax tão bom. Embora eu tenha gostado do fim, tenho que admitir que foi o que eu esperava, nunca se espera um Felizes Para Sempre de um suspense.
Começou bem e terminou mal, esse é O Abrigo. Embora sua atuação e uma boa parte do roteiro salve suas partes descartáveis, ele até consegue chegar entre um top 50 de melhores de 2010, um ano tão ruim para o cinema. É um filme que vale a pena assistir, para se caçar explicações após o fim, mas não tão bom para criar uma linha de pensamento universal sobre patologias neurológicas.
NOTA: 7

15 de agosto de 2010

Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (2009)

Um filme de Niels Arden Oplev com Michael Nyqvist e Noomi Rapace.

Há quatro meses eu poderia ter tido a oportunidade de ver esse filme na menor sala de cinema da minha cidade. Mas, no auge de minha babaquice, eu preferi ler o livro primeiro. E aí vai um aviso prévio. O livro sempre é melhor que o filme. Então sempre é bom ver primeiro sem nenhuma expectativa para depois comparar com a leitura, pois quando o contrário acontece as pessoas ficam revoltadas pelo filme não ter seguido corretamente com os fatos do livro e se desapontam tanto com a sua expectativa que não reconhecem o verdadeiro valor do filme. Aconteceu comigo.
Mikael Blomkvist (Michael Nyqvist) é um jornalista da revista Millennium que acaba de ser condenado por falsa acusação contra um poderoso empresário. Enquanto ele não cumpre a pena, suas habilidades são reconhecidas por Henrik Vanger (Sevn-Bertil Taube), o dono das empresas Vanger, para que ele possa encontrar sua sobrinha Harriet (Ewa Frölling), que desapareceu há 40 anos. Se vendo numa tarefa extremamente difícil, Mikael decide contratar Lisbeth Salander (Noomi Rapace), uma hacker violenta, antissocial e punk, porém uma das melhores investigadoras da Suécia.
Grande atuação, ao menos isso eu consegui reconhecer. Não há como não se apaixonar pela personagem de Noomi Rapace, Lisbeth Salander é a melhor caricatura de rebeldes já feita e Rapace a interpretou com maestria. Michael Nyqvist foi muito bom também, quem diria o que encontramos na Suécia hoje em dia. Os outros atores tiveram uma média geral boa, embora alguns fossem tão falsos que pareciam bonecos de plástico se movendo. Excelente fotografia.
A história me decepcionou apenas pela minha leitura prévia. Me irritei do tamanho de coisas do segundo livro que foram colocadas nesse filme. Tirando isso, foi brilhante. No começo seguiu parecido com o livro. As atitudes de Lisbeth já são uma ótima desculpa para se ver Os Homens Que Não Amavam As Mulheres. Quando ela tatua na barriga do tutor "Eu sou um canalha sádico, um porco estuprador", eu quase me levantei e aplaudi. Mas tive a ligeira impressão de que algumas partes poderiam ser melhor exploradas, enquanto outras não precisavam do imenso foco que tiveram. Mas acho que Stieg Larsson ficaria satisfeito.
Grande filme, não se pode dizer o contrário. O excesso de violência de Lisbeth Salander com a calma e os olhares de surpresa que Mikael Blomkvist tinham foram uma perfeita combinação. Nunca tinha visto um filme sueco antes, mas acho que esse barra com toda certeza qualquer remake americano que venha a ter, e não preciso apostar que Michael Nyqvist e Noomi Rapace foram bem melhores do que qualquer tentativa de Daniel Craig e Kristen Stewart.
NOTA: 8

11 de agosto de 2010

Psicose (1960)


Um filme de Alfred Hitchcock com Janet Leigh, Anthony Perkins e John Gavin.

Não preciso dizer o quanto esse filme é um sucesso, pois acho que a cena do chuveiro virou clássica e que o nome Alfred Hitchcock não é mais citado sem se falar de Psicose. Mas o que preciso dizer é o porque desse filme ter virado um sucesso sem conter efeitos, sem conter cores, sem conter banhos de sangue e violência gratuita exagerada. Psicose é um suspense psicológico, não um terror, pois ele mexe com a mente desde a musiquinha irritante que surge toda vez que o assassino mata alguém até o tenso momento final, cheio de revelações e perturbações. E também por ter sido feito numa época em que a violência era abominada e, mesmo com todos os embustes, conseguiu ser um dos maiores sucessos dessa década.
Marion Crane (Janet Leigh) é uma secretária que, ao ver a oportunidade batendo na sua porta, decide aproveitá-la. Ela então rouba U$40.000 e foge para poder morar com seu namorado Sam Loomis (John Gavin). Mas antes de ela chegar ao destino uma chuva furiosa cai e ela tem de se hospedar no motel de Norman Bates (Anthony Perkins). Porém, no meio da noite, enquanto ela toma um banho, ela é esfaqueada misteriosamente. A partir daí sua irmã, seu namorado e um detetive particular começam a procurar pistas de onde Marion poderia estar.
Antes de tudo, preciso dizer que vou deixar a frase "para a década de 60" em elipse, pois se comparado a qualquer filme de terror trash atual, Psicose vira uma comédia. Bela fotografia. Ótimo roteiro. A trama que Hitchcock faz no subconsciente com seu terror é algo que o fez tornar o mestre dos filmes de horror. O fim de Psicose, com Anthony Perkins no ápice de sua patologia, é brilhante. De resto, todas as artimanhas utilizadas no filme trazem uma espécie de sedução macabra. A música que toca nos assassinatos, os bichos que Norman Bates empalhava, até vi um certo encanto no modo com o sangue jorrava nos assassinatos e como a faca se movia.
A atuação está ótima, sério mesmo. Vários filmes antigos que eu vejo a atuação é um pouco menos que deplorável, e eu tento desculpá-la com o pretexto de que é um filme mais velho, não tinham as técnicas que tem atualmente... Vendo essa pérola do suspense, percebi que as desculpas eram esfarrapadas. Janet Leigh e Anthony Perkins estão melhores do que muitos atores de hoje em dia, realmente vi entrarem no personagem. John Gavin e Vera Miles também estão ótimos, ele melhor do que ela.
Psicose faz um estardalhaço e tanto no mundo da sétima arte. E acredite, o estardalhaço é pequeno se comparado ao que ele merecia. E Hitchcock ainda consegue criar mais pérolas para a indústria do cinema e não se contentar só com o sucesso que foi Psicose; se duvidarem assistam também A Janela Indiscreta, Um Corpo que Cai, Os Pássaros e Disque M Para Matar. Chocou, e bastante, uma época intolerante à violência que começou a se interessar por ela graças ao mestre do terror psicológico. Psicose é uma lenda que permanece viva 50 anos após sua grandiosa estreia.
NOTA: 10

8 de agosto de 2010

A Origem (2010)

Um filme de Christopher Nolan com Leonardo DiCaprio, Ken Watanabe, Joseph Gordon-Levitt e Ellen Page.

Do jeito que andam as coisas, eu esperava que um dos melhores filmes de 2010 viesse da indústria independente que veio me impressionando nos últimos anos. Mas depois do que vi, não digo besteira quando falo que A Origem é, por enquanto, o melhor. E ele é uma daquelas super produções hollywoodianas cheias de atores famosos juntos. E se saiu bem melhor que a encomenda, o que eu certamente podia esperar de Christopher Nolan. Um filme inteligente, com explicações para cada passo dos protagonistas, e embora cheio de cenas que poderiam ser descartáveis, a trama do filme consegue superar suas partes tediosas e clichês para continuar sendo um filme imperdível.
Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) faz parte de uma nova era dos ladrões: ele entra nos sonhos das pessoas para roubar os segredos mais importantes que elas escondem no subconsciente. Quando suas habilidades se tornam conhecidas pelas pessoas erradas, ele é chamado para uma missão totalmente diferente do que ele faz: implantar uma ideia no subconsciente de um homem. E ele está disposto a cumprí-la para poder voltar aos Estados Unidos e rever seus filhos. Para isso, ele convoca uma equipe para ajudá-lo no crime, mas a mente de Cobb tem segredos que podem atrapalhar o plano.
Ótimos efeitos. Não podia ser para menos. A escada infinita, as ruas de Paris se juntando para se tornarem paralelas, esquinas explodindo e alterações do tempo e do espaço não poderiam ser feitos de um modo nas coxas para esse filme se tornar tão bom. Ótimo roteiro. O filme conseguiu criar bons diálogos sem usar nenhuma teoria da conspiração, diálogos para serem refletidos. Isso sem falar na lógica incansável que nos era apresentada durante a sessão, incrível. O filme acaba e o público fica com várias dúvidas que logo serão sanadas, pois a película dá todas as respostas necessárias. Só achei uma quantidade ruim de cenas de ação que foram virar clichês. Leonardo DiCaprio correndo no meio da rua e se desviando magicamente de tiros foi demais para mim.
Bela atuação. O filme conseguiu trazer muitos atores e atrizes bons e eles conseguiram uma interpretação ótima. Leonardo DiCaprio está muito bom. Ellen Page e Joseph Gordon-Levitt me surpreenderam e tiveram um crescimento, já que ela representou uma adolescente grávida sarcástica e ele um arquiteto bobo e apaixonado nos últimos trabalhos que eu conferi. Marion Cotillard dá um show de atuação durante o filme, fiquei boquiaberto com ela. Será que foi apenas uma coincidência a música do "chute" ser Non, Je Ne Regrette Rien de Édith Piaf?
A Origem consegue agradar todos. Os que gostam de filmes inteligentes e os que gostam de filmes de ação. Os que gostam de fantasia e até crianças com suas idolatrias por super heróis. Um filmaço, sem mais, nem menos. Embora as vezes ele puxe mais para o lado da ação e do drama para deixar a lógica de lado é impressionante o modo como as informações são apresentadas. Eu realmente não exagero dizendo que é um dos melhores de 2010, e se o ano continuar com a safra que teve no primeiro semestre, A Origem vai terminar em primeiro.
NOTA: 9

O Grande Lebowski (1998)

Um filme dos Irmãos Coen com Jeff Bridges, Julianne Moore e John Goodman.

Já falei antes e vou falar mais uma vez. Mentira, provavelmente falarei em todos os filmes dos Coen. Isso sim é um filme de comédia. E um filme de comédia que, embora sempre repita a mesma fórmula de satirizar as comédias, sempre se renova aos poucos, o que o torna incansavelmente bom. O Grande Lebowski é o que mais mostra isso. Cheio de referências a clichês imutáveis da cultura norte americana, eles ironizam tudo e todos, sem poupar um deficiente físico.
Jeff Lebowski (Jeff Bridges), mais conhecido por The Dude, é o homem mais folgado do mundo, que se acha  esperto o bastante para resolver seus problemas quando ele atrasa aluguéis e dorme no chão ouvindo sonoplastia de boliche. Até que um dia ele é confundido com um milionário também chamado Jeff Lebowski (David Huddleston), e nessa confusão um dos caras mija no tapete de sua sala. Puto com isso, ele vai até a casa do milionário para pedir uma indenização, mas se vê metido num caso ainda maior. Junto com seu amigo Walter (John Goodman), um ex-veterano do Vietnã, os dois tentam solucionar o caso, mas graças ao rumo dos acontecimentos estranhos que surgem, eles acabam complicando ainda mais.
Os personagens foram feitos para representar o lado mais cômico do cidadão comum. Goodman, por exemplo, entrou na pele de um homem com a síndrome da loucura pós-guerra. Ele faz com que toda frase seja ligada à guerra, quando ele fala: "amigos meus morreram de cara para a lama para você trabalhar nessa lanchonete", eu simplesmente rolo de rir. Jeff Bridges foi perfeito, usou de tudo para realmente se tornar o cara mais folgado do mundo, que é tudo que seu personagem traz enquanto o filme dura. Julianne Moore, embora coadjuvante, perfeita como sempre. A artista incompreendida nela aflorou aí e o riso escandaloso ainda ecoa nos meus ouvidos.
A comicidade que os irmãos Coen trouxeram ao cinema é única e é bem aproveitada n'O Grande Lebowski. Acho ótimo o mix que eles usaram na história entre personagens que ficam surgindo do nada. Acho que nunca ri tanto num filme e nunca fiquei tão WTF num filme. No fim, quando Sam Elliot começa a fazer um resumo narrativo do que se passou no filme com um sotaque completamente texano e sem qualquer expressão, eu não me aguentei. Ótima fotografia e brilhante trilha sonora, cheia de clássicos dos 70, para combinar com o ar do filme.
Engraçado, cômico, estereotipado, irônico e supervalorizado. Isso é O Grande Lebowski. Pode até parecer confuso eu falar bem até aqui e agora dizer que o filme é supervalorizado, mas é exatamente isso que acontece. Por mais inovador que seja, é apenas mais um filme de comédia. Concordo que seja melhor que qualquer um que apareça agora, mas não passa nada de novo, apenas as sátiras comuns dos Coen. Tanto faz, vamos jogar boliche?
NOTA: 7

7 de agosto de 2010

Edward Mãos De Tesoura (1990)

Um filme de Tim Burton com Johnny Depp e Winona Ryder.

Um filme com aquela "moral da história". Agora só me resta saber para quem foi feito: para crianças que precisam aprender essa valiosa lição ou para adultos intolerantes? Eu não tive infância suficiente para poder ver Edward Mãos de Tesoura na Sessão da Tarde, mas o que importa é que a lição que ele passa continua a mesma. E agora, vendo toda a filmografia de Tim Burton (contando os épicos O Estranho Mundo de Jack, Beetlejuice e seu remake colorido de A Fantástica Fábrica de Chocolate), Edward Mãos de Tesoura é simplesmente o melhor, ficando páreo a páreo com James e o Pêssego Gigante, assim como é o melhor papel de Johnny Depp que eu já tive a oportunidade de ver.
Edward (Johnny Depp) é um homem criado por um inventor, mas este faleceu antes que pudesse completar sua cria. Agora, Edward vive em um castelo solitário com tesouras no lugar das mãos, até que um dia a moça da Avon vai bater em sua porta para vender cosméticos. Após vê-lo nesse estado, Peg Boggs (Dianne Wiest) o leva para sua casa para não viver solitário. Logo, a vizinhança começa a admirá-lo por ser estranho, mas a intolerância com o diferente não leva a fama de Edward muito longe.
Ótima história. Não sei nem identificar do que ela se trata, com tantos traços entre a comédia, a fantasia, o drama e o romance. Mas a moral continua a mesma. Desde o começo as pessoas agem inseguras em relação à Edward, depois ele vira facilmente uma espécie de bicho de estimação que todos querem, e por uma fofoca ele passa de o queridinho de todos para o inimigo número 1 da cidade. E é hilário ver como eles mudam o julgamento de Edward num piscar de olhos, o medo do desconhecido grita mais alto do que qualquer tipo de afeição que tenha surgido.
Gostei bastante da atuação. Johnny Depp fez o personagem mais cativante de sua carreira. Por mais bobo que seja, um sorrisinho de Edward basta para acalmar qualquer um. Gostei também de Dianne West no início, como a vendedora falsa da Avon. Winona Ryder não está tão boa assim, mas reconheço que sem ela o filme não teria sido o mesmo. A cena final é magnífica. O figurino, não posso dizer que seja ruim. O cenário e a maquiagem estão impecáveis, principalmente a maquiagem. Cada arranhão de Edward, junto com sua palidez me convenceram. A trilha sonora por Danny Elfman ficou ótima.
Pode ter sido criado por Tim Burton, o mestre de filminhos coloridos, cheios de efeitos que cativam qualquer criança com suas jogadas para o lado do horror. Mas Edward Mãos de Tesoura é um filme obrigatório para todos, porque essa sim é uma lição que a sociedade em que vivemos está precisando aprender. De que adianta você ter visto o filme 5 vezes na Globo se em nenhuma delas você mudou o seu preconceito?
NOTA: 8

5 de agosto de 2010

Salt (2010)

Um filme de Phillip Noyce com Angelina Jolie.

Um filme de ação como outro qualquer, só que ao contrário dos outros, esse foi muito mais promovido pela mídia. E realmente merece ser promovido pois ele tem algo que o difere dos outros. Talvez o nó que a trama dê nas cabeças durante o filme ou talvez pelo fato de não ser um brutamontes que saia matando todos, e sim uma espiã magricela. Ou quem sabe é o simples fato do filme ter Angelina Jolie. Mas como roteiro, o filme tem tudo que um filme de ação deve ter: explosões, cenas surreais e uma história boba que envolve a CIA.
Evelyn Salt (Angelina Jolie) é uma agente secreta da CIA, casada com um aracnólogo e que vai fazer bodas em breve. Porém, no dia, um desertor russo é levado para o interrogatório da CIA e revela que uma espiã chamada Evelyn Salt planeja matar o presidente russo. Sem nem mesmo dar chances para explicações, seus colegas de anos de trabalho a prendem, mas com suas habilidades ela consegue escapar. A partir daí, ela começa a procurar seu marido e fugir de seus antigos parceiros.
A história tenta se diferir das outras com a dúvida que ele causa durante o filme inteiro: "E então, Salt é ou não uma espiã russa?", e isso realmente fica o filme inteiro, não há nenhuma conclusão certeira no fim, fim esse que foi um dos piores que eu já vi. Deu uma brecha enorme para ter um provável Salt 2, mas foi péssimo. Como todo filme de ação, esse foi mentiroso, e bem mentiroso. Por mais que ela seja uma espiã super treinada e tal, como ela se joga de uma ponte dentro de um carro e não tem nenhum arranhão? Ainda estou tentando entender a parte do elevador. Filmes de ação não foram feitos para serem lógicos e sim para criar jogos de videogames ou passar o tempo de um fim de semana.
Não foram as atuações que eu esperava. Na verdade, nem sei o que esperava. Angelina Jolie, após ter me decepcionado em seu Tomb Raider, me decepcionou como Salt, prefiro ela fazendo um drama do que sendo uma atiradora. Liev Schreiber conseguiu me convencer durante o início e o meio do filme, quase que termina bem, mas o último diálogo dele com Salt foi tão brochante que eu desisti de procurar algo em que ele pudesse se salvar. A fotografia e a maquiagem ficaram boas, para não dizer que eu só falei mal do filme.
O filme é mentiroso, cercado por situações impossíveis e ilógicas, mas consegue deixar um gostinho de "o quê" na boca. Além disso Salt faz a exaltação norte americana, todos os maiores inimigos dos Estados Unidos são destruídos no filme, desde os russos até os alemães. Não há muito pra se falar já que é um filme igual a todos. Já viu Identidade Bourne? Então pronto.
NOTA: 4

4 de agosto de 2010

Entrando Numa Fria Maior Ainda (2004)

Um filme de Jay Roach com Ben Stiller, Robert DeNiro, Dustin Hoffman e Barbra Streisand.

A cada dia que passa eu acho que meu senso de humor se perdeu em algum filme passado que deve ter me chocada bastante, pois eu não consegui nem dar um risinho forçado nessa comédia forçada. Com um apelo sexual impressionante, personagens completamente estereotipados entre o 8 e o 80 e com falta de um sentido (OK, isso se deve a situações do primeiro filme. Além do mais eu nunca posso esperar sentido numa comédia ou numa ação), Entrando Numa Fria Maior Ainda vai levando através de situações engraçadas e cansativas a medida em que sua duração vai passando, e insiste tanto em bater na mesma tecla que isso atrapalha boa parte destinada à comédia do filme.
Após Greg Focker (Ben Stiller) conhecer os pais de sua noiva, Pam Byrnes (Teri Polo), está na hora dela conhecer os dele. Então ele, ela, Jack e Dina Byrnes (Robert DeNiro e Blythe Danner, respectivamente) viajam para a ilha Focker, lugar onde moram Bernie e Roz Focker (Dustin Hoffman e Barbra Streisand), os pais de Greg. Mas ao contrário dos Byrnes, que são cidadãos normais, os Focker são viciados em sexo, não tem papas na língua e vão criar situações inesquecíveis nessa família.
Não se pode falar mal da atuação. Embora todos tragam personagens tão imbecis, ao menos eu vejo que eles são fundamentais numa comédia, meio difícil criar um filme só com personagens que agem na beira da razão e fazer com que eles façam o público rir. Dustin Hoffman e Barbra Streisand, se utilizando do recurso do escrachado, deram a graça ao filme. Ben Stiller foi mais pelo "deixa a onda deles me levar", pois um filme dele sozinho não seria tão bom. DeNiro teve uma boa atuação, mas nenhuma graça quando ele aparecia na tela.
A história é bem boba, mas o filme foi feito para isso, não para ser um filme cabeça e passar uma moral no fim. Eu até tentei procurar algum sinal na história de que queriam passar algo, mas quando vi Ben Stiller fazer uma imitação desnecessária até para uma comédia na frente de um bebê, eu desisti de procurar. O problema do filme não é que não seja engraçado, a culpa aí já é minha, meu pai rolava de rir na sala. O problema é que todas as piadas dependem de outras para a graça chegar. Ao invés de renovarem, batem insistentemente na mesma tecla.
Como qualquer outro que eu ando vendo esses dias, Entrando Numa Fria Maior Ainda é filme de passar na Sessão da Tarde para divertir as pessoas com situações bobas do cotidiano de pessoas anormais. Recomendável para quem viu o primeiro filme e quer ver a continuação ou quem gosta de comédias. Infelizmente, nenhuma das alternativas é meu caso.
NOTA: 5