Se em terra de cego, quem tem um olho é rei, quem tem dois olhos é um escravo. E Juliane Moore está aí para provar isso. O filme tem um que de deprimente, que acho que mostrou realmente o que o livro queria passar. Como sempre, o filme é baseado num livro, e o livro é bem melhor que o filme. Mas dessa vez o interessante foi esse: O livro é um livro inteligente de um autor inteligente. Então o filme só poderia ser inteligente, porém sem imaginação.
Quando um homem fica cego no meio do trânsito, sua cegueira se espalha por toda a cidade até infectar todos, que começam a enxergar tudo como um branco leitoso. Todos, exceto a mulher de um oftamologista, que, ao que parece, é a única pessoa que ainda consegue enxergar. E para parar com o contágio, o estado decide deixar todos os cegos em quarentena em um prédio devastado. O problema apenas surge quando a cegueira começa a espalhar o caos e a desordem, e todos começam a perder seus valores morais em busca da sobrevivência em uma selva branca.
Primeiro, eu gostaria de escrever um pequena Bíblia sobre a história, depois eu falo sobre os aspectos do filme. Só pela história eu já daria os 5 pontos de cara. É uma bela história que prova que o pior ser que habita o planeta é o homem, pois sua capacidade pensante também tem seu lado maligno. No desespero, tudo vale. E como a cegueira traz o desespero a tona logo na sua primeira hora, tudo realmente vale. E as críticas não param por aí. Além de deixar o homem no seu pior, José Saramago também faz uma crítica ao capitalismo, que só precisa de uma iniciativa para se tornar concreto. E a sua principal regra: enquanto um enriquece, outro empobrece. E assim que é a ordem, enquanto um tenta tirar a sua vantagem, o outro abaixa a cabeça, principalmente quando o primeiro tem uma arma. Outra, também há uma crítica à religião logo no fim do filme, quando todos os santos estão encobertos com uma venda. Quando eu falo a religião, me refiro a líderes religiosos, não ao poder divino e blá, blá, blá. A história para chocar, sempre me dá um arrepio depois que o rei da ala 3 diz que não quer mais joias, e sim mulheres. Chocante.
Fotografia, o filme é muito bom nesse aspecto. Quando o mundo dos cegos se espreme ao redor de um rádio AM, aparecem fotografias tão boas que já valem pelo filme inteiro. Tem cenas também que fizeram meu dia valer a penas durante o filme. Quando Juliane Moore sai para pegar a pá, ou quando Gael Garcia Bernal começa a cantar "I Just Called To Say I Love You" (acho que uma crítica à cegueira, já que a música é de Stevie Wonder), eu fico encantado. Acho que alguém já deve ter percebido, mas não há nomes de personagens nesse filme. Outro aspecto que eu achei muito bom.
Agora para os ruins. A atuação foi algo bem mediano para um filme que merecia do melhor. Quando algumas pessoas conseguiam atingir um ponto alto da atuação, outra vinham e me faziam voltar a realidade. Uns bons, outros medianos. Devo dar parabéns a Danny Glover, que conseguiu me prender na maior parte do filme. Juliane Moore também teve seus picos, que devo agradecer, pois durou também uma boa parte do filme. Alice Braga foi muito bem no início, começou a decair no meio, mas no fim voltou. O filme também teve algumas falhas, algumas no roteiro, outras na expressão, mas nada tão grave que merecessem colocar o dedo fundo.
Embora tudo tenha sido extremamente perfeito, as partes ruins ficam martelando na minha cabeça me impedindo de dar o 10. Infelizmente, muitas pessoas viram o filme como algo deprimente e ruim, embora tenha só mostrado a realidade quando o homem chega no ponto de ficar cego com o caos. Felizmente os aspectos ruins só ocorrem no filme, eu recomendo mesmo o livro de José Saramago pra antes de ver o filme, para finalmente poder imaginar. E o livro chega ainda a ser mais chocante que o filme.
NOTA: 9
Um comentário:
Na minha humilde opinião, eu achei o filme muito chato, mas teve uma cena que fez valer o dinheiro do aluguel e o tempo que eu perdi, a cena em que a chinesa está tremendo e o rei da ala 3 diz "tá tremendo, não, a gente só tá aqui pra amar vocês, e o resto da cena, onde ele obriga a Julianne Moore a fazer sexo oral, e principalmente, a famosa cena "se mexe pra min".
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