Um filme de Marc Foster com Brad Pitt, Mireille Enos e Daniella Kertesz.
O mundo é o verdadeiro limite para o fim. Ninguém realmente se importa com o que está acontecendo em Marte, desde que não influencie em nada no planeta Terra. É por isso que se um filme como Marte Ataca! fosse ambientado em Marte, seria chato. É por isso que a franquia Star Trek sempre tem um conflito para resolver que coloca a vida no planeta Terra em risco. E bem, talvez seja por isso que o público está certamente saturado de filmes de aniquilação mundial, por mais que eles consigam inovar em algum aspecto.
Então num mundo que já foi invadido por zumbis em Resident Evil, Todo Mundo Quase Morto, Madrugada dos Mortos Vivos, Vírus, Meu Namorado é um Zumbi e muitos, muitos, muitos outros, é muito, muito, muito clichê uma abordagem com o mesmo tema e sem inovar em nada muito novo. Guerra Mundial Z é assim: um caótico filme que, no fim da sessão, não consegue nada além de ser caótico, tanto para o público quanto para os próprios personagens que, até no fim da fita, parecem não saber aonde estão.
Gerry Lane (Brad Pitt) é um ex-agente da ONU que desistiu de arriscar a vida trabalhando como investigador e agora vive cozinhando panquecas para a família. Num dia, quando ele vai levar suas filhas à escola, o trânsito está caótico. Pessoas estão desesperadas e em pouco tempo a morte chega para assombrar. Se vendo num verdadeiro cenário de guerra, Gerry, sua mulher Karin (Mireille Enos) e suas filhas Constance e Rachel (Sterling Jerins e Abigail Hargrove), têm de usar o instinto de sobrevivência até conseguirem entender o porquê de algumas pessoas estarem mordendo as outras.
O filme possui erros de roteiro que chegam a ser grotescos. Os exemplos variam desde um filho que não consegue se comover com a morte dos pais e já corre para a ajuda de desconhecidos até uma bombinha de asma. Assim como no último filme da franquia Resident Evil, Guerra Mundial Z parece um imenso videogame, onde as fases são lugares ao redor do mundo até, finalmente, chegarmos no clímax (que, comparado ao resto do longa, passa muito rápido). O 3D, por outro lado, é bem utilizado, e as cenas de ação são realmente eletrizantes. Mas não podemos nos alvoroçar tanto com cenas assim sendo que elas provém de uma granada e uma arma de fogo em um avião que foi incapaz de matar todos.
O filme é de Brad Pitt, e seu personagem deixa isso claro. O cansaço característico de sua voz fica até o final, e isso dá sugestões ao seu personagem muito boa, que extrapolam a imagem de início. Mireille Enos é tal mal-aproveitada que creio que não vale a pena falar sobre ela. A atriz é um simples estepe de Brad Pitt, que some quando o clímax para de se relacionar inteiramente com o protagonista. Há de se falar a mesma coisa de todos os outros atores no longa-metragem. Danielle Kertesz é a única que parece não depender completamente do ator principal, a atriz consegue estabelecer uma identidade própria desvinculada do protagonista.
O desfecho do filme parece ser incompleto, como se fosse jogado do nada em cima de toda aquela atmosfera de ação e suspense. O caso se desenvolve bem, tirando os erros graves, mas perdoáveis, cometidos para aumentar a adrenalina do espectador com as cenas na tela. O ápice, realmente, é quando chegamos ao país de Gales e, mesmo sem tanta ação quanto comparada nas cenas em Israel ou Coreia do Sul, o clima chega ao máximo de tensão - tudo bem orquestrado pela trilha sonora final de Marco Beltrami. O desfecho, porém, não só sugere uma continuação (que já foi confirmada mesmo antes do lançamento) quanto joga todo o ritmo no lixo para uma narração em off estranha.
Guerra Mundial Z consegue inovar em um único aspecto: sua solução para o caso, mais do que diferente e muito mais interessante do que uma cura para zumbis ou o extermínio de todos os mortos-vivos. Além disso, é um entretenimento válido, tem seus bons momentos de susto e tensão e nos dá mais ou menos duas horas de diversão. Mais do que isso é exagero. Ele subestima o espectador com erros e flashbacks, nos dá um 3D que não chega perto de ser perfeito e, de bandeja, dá ao grande público algo como se fosse a mistura de The Walking Dead com 2012.
NOTA: 5