Um filme de Jeremy Leven com Johnny Depp, Marlon Brandon e Faye Dunaway.
Não há jeito. As pessoas mudam de forma tão inconstante que não se pode mais prever sentimentos. Um romance não necessariamente surge de uma relação de longa data, mas talvez de apenas poucas conversas nos últimos 4 meses. O mundo anda tão bipolar que ele chega a ser inesperado atualmente. Se isso é ruim? Nem um pouco. O ruim é ver pessoas completamente destituídas de emoção ao longo de situações vividas pelos antepassados, ou até pela própria pessoa, que a condenam a uma máscara, não a permitindo revelar seus sentimentos. O romance se tornou segundo plano num mundo de realizações médicas, globalização e capitalismo. Pra quê sentimentos se se possui dinheiro? Não se dá para viver num mundo apenas de amor. E Don Juan DeMarco, filme de 16 anos atrás, permanece bem atual para mostrar que ainda há fagulhas de amor no mundo, e mostrar que quando essas fagulhas atingem certas pessoas, elas causam um belo incêndio.
Don Juan DeMarco (Johnny Depp) é o maior amante do mundo. Ele se encontra em Nova York, vivendo sua vida baseada num romantismo já esquecido em dias atuais. Porém, ele não se contenta em sua vida boêmia, já que, em seu mundo de mulheres, só há uma que lhe interessa, mas que ele não consegue alcançar. Com isso, Don Juan opta pelo suicídio. Mas, o psiquiatra Jack Mickler (Marlon Brando) o convence a mudar de ideia. Com a descoberta desse Don Juan do século XXI, o personagem é internado por 10 dias num hospício para os doutores descobrirem quem está escondido por trás da máscara. Entretanto, com o paciente convicto que é Don Juan DeMarco, ele começa a contagiar Jack e outras pessoas com sua vida e seu sex appeal.
O filme ganha pontos por mostrar aquilo que já cansou nas produções atuais: o amor. Mas não é uma história de amor baseada em fatos rápidos e inacreditáveis, é uma história de amor sobre o verdadeiro rei do amor. Desde criança, Don Juan DeMarco apresentava uma sensualidade e um carisma que lhe conferiram, posteriormente, o título de maior amante do mundo. Mas o amor aí é apenas um dos lados de um dos maiores conflitos da humanidade: seguir uma vida de razão ou de emoções? Enquanto a psicologia em geral classifica o protagonista como um homem esquizofrênico e bastante perturbado, ele próprio se considera a idealização de uma paixão ardente. As armas que cada um possuem? A ciência possui fatos baseados no empirismo, que já se torna mecânico. Don Juan é cativante e apaixonante, possui uma criatividade sem igual e uma vida bastante intensa, o que consegue amansar, aos poucos, os corações mais frios. Aos poucos a relação que já estava esfriada entre o dr. Mickler e sua mulher, interpretada por uma Faye Dunaway que consegue animar as poucas cenas em que participa, se torna cada vez mais viva, graças a uma pitada de romantismo colocada pelo estranho paciente. Don Juan começa a afetar cada vez mais as vidas das pessoas, fazendo-as pregarem mais pelos sentimentos e esquecerem por um momento a razão. Daí que se goza a vida. Os românticos não vivem pensando num ato, mas vivendo-o.
Não há idade para a paixão, então não há porque existir um nojo de um relacionamento entre os mais velhos, ou então uma data de validade para um casamento se tornar frio e forçado. O amor dura enquanto tiver que durar e, se as duas pessoas envolvidas num relacionamento aproveitarem o máximo de uma relação e se entregarem completamente, o amor pode durar para sempre. O mundo atual estraga os sentimentos, fazendo-os parecerem uma ideia primitiva. Um exemplo, explorado pelo filme, é a ideia da estética. As mulheres, cada vez mais preocupadas em parecerem bonitas de um modo artificial, se maqueiam, se vestem, se estragam. Don Juan, romântico incorrigível, não vê defeitos na naturalidade, ele ama uma mulher pelo que ela é e não pelo que ela aparente ser. E é esse o segredo do filme e do maior amante do mundo. Tratando a amada como ela merece ser tratada e vendo dentro da alma dela, atinge-se um prazer maior do que uma enxurrada de palavras bonitas, porém falsas, ou até uma relação sexual cujo objetivo é o prazer, mas que só foi obtida através de uma beleza artificial e não de uma beleza platônica.
A aura sedutora que envolve o belo Don Juan DeMarco, numa atuação deliciosa de Johnny Depp, é como um desejo realizado. Ele é como se a personificação do auge do romantismo estivesse presente no século atual. Imagine, atualmente, o jovem Werther se suicidando por uma bela Charlotte. É um Don Juan nos dias de hoje, sendo incompreendido por intelectuais por não se interessar em conhecimento, e sim em amar. A vontade da ciência de saber quem é o psicótico Don Juan é mais alta do que dar-lhe o verdadeiro diagnóstico: amor. O dr. Jack Mickler, interpretado pelo excelente Marlon Brando numa atuação que cria a comédia e um romance renascido da obra, é o único a saber disso e um dos primeiros a sentir na pele a força atrativa de Don Juan DeMarco. Ele aprende a tirar sua própria máscara de seriedade para revelar o caráter emocional escondido em sua figura. O resto da comédia do filme fica no fato de misturar um personagem de dois séculos atrás num contexto atual e ver como ele se sobressai com os ideais diferentes. O mistério de Don Juan não é desvendado até o fim do filme, mas o público é que decide quem Johnny Depp estava interpretando. Ou Don Juan, para os mais românticos, ou um jovem doente, para os mais realistas. Os cenários paradisíacos, recheados de uma fotografia clara e vermelha, caracterizando a paixão e a luxúria, e de uma trilha sonora tão sedutora quanto o personagem principal, maximizam o tom amoroso da trama.
Freud acertou ao definir o homem como libido. A vontade de ser dominado, o sexual e o sedutor do ser humano é forte. Porém, mais forte do que esse apelo sexual é a vontade de ser amado. O homem contemporâneo sente e ama. Por mais que preguem mais por fatos e por um racionalismo indubitável, ainda sobram sentimentais no mundo, e é graças a eles que há a vivacidade presente em todas as cenas com Johnny Depp no filme Don Juan DeMarco. Bom ver que num mundo onde as pessoas têm vergonha de declarar um amor, outros ainda tem um orgulho digno das emoções. Impossível não se apaixonar.
NOTA: 8
4 de março de 2011
1 de março de 2011
Namorados Para Sempre (2010)
Um filme de Derek Cianfrance com Ryan Gosling e Michelle Williams.
O mundo muda, e com ele as pessoas. Essa mudança, que também afeta as personalidades humanas, acarretou atualmente num público difícil de ser entretido. Cada vez mais os diretores filmam suas cenas com menos pudor para colocar de verdade um sentimento conhecido nas telas. Não se pode esperar que todo mundo seja sentimental o bastante para acreditar numa história de amor cuspida com fórmulas prontas. Nos filmes atuais, há cenas de estupro explícito, de incesto com aprovação parental, de abortos resultantes de uma frieza desumana, de ultra violência, de sexo sem compromisso, de contínuas tomadas de sadomasoquismo e da exploração das mais variadas patologias, para um drama criar repulsa, nojo, indignação, tudo num espectador que vê a vida crua na tela. Daqui há um tempo, a revolta se tornará banal. Mas há algo que começaram a explorar, e explorar bem. Qual a verdadeira fórmula de uma relação amorosa?
O filme é retratado em dois momentos principais. Primeiramente, quando Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) já são casados e tem uma filha. Mas, ao morarem juntos e selarem o matrimônio, as primeiras discussões começam a aparecer entre o pintor e a enfermeira. Depois, o filme mostra o passado, quando ambos eram mais jovens e se conheceram - ela estudando medicina e ele trabalhando para uma empresa de mudanças. Entre os dois momentos vemos, além de brigas entre o casal, uma paixão que é explorada de todos os ângulos possíveis.
O amor aqui é retratado verdadeiramente. O sentimento é explorado através das personalidades fortes dos personagens principais. Cindy é uma jovem e seu caráter só prova isso mais ainda. Ela não se entrega a um amor, ela se entrega a uma paixão, e não consegue aceitar as consequências futuras de seus atos inconsequentes. Ela acredita que o amor já está esgotado, isso ao viver o lado maçante de sua vida. Trabalhando num ambiente hospitalar, ela se torna fria. Dean já leva as coisas com mais seriedade. Ele quer continuar sua paixão com a companheira pois a ama. Ele faz coisas por Cindy com uma força de vontade que eu dificilmente veria em namorados tão fiéis. Ele não acha uma paixão, ele encontra um amor. E seu maior objetivo é reacender esse amor. Há aquele ditado, se um não quer, dois não brigam. Mas isso realmente existe? Depois de viver algo tão forte e achar o significado de uma vida, o objetivo de certa pessoa é manter sua situação, vivendo a cada dia com o que ama. O filme, que conta com uma edição deliciosa, criando planos-sequência baseados em diálogos fortes, e uma fotografia azulada, intensificando tanto os momentos felizes quanto os mais pesados, é forte e envolvente no cenário em que foi criado. Quando quer emocionar, ele realmente emociona.
O sufoco criado entre uma tensão já conhecida em namoros infesta a atmosfera do filme ao envolver diferentes níveis de relacionamento entre uma Michelle Williams, que se deixa levar pelo coração antes de pensar em sua própria vida e a de outra pessoa, e um Ryan Gosling, que encontra o que quer e não admite que, agora que consegue uma finalidade, sua obsessão vá embora depois de tudo o que houve na química dos dois. A força do filme, inteiramente simples, sem precisar de uma trama bem costurada e bem elaborada, fica completamente nos dois. E eles desempenham belíssimamente os 4 papéis. 4 papéis simplesmente porque eles não são os mesmos personagens nos dois momentos retratados no filme. Há uma Cindy de antes e depois, há um Dean de antes e depois e, por mais que ambos conservem características do passado, o presente grita ainda mais forte e os molda de forma que eles consigam o que querem. Mas há uma forma pacífica de ambos conseguirem o que querem mutuamente, sendo esses desejos antagônicos?
Derek Cianfrance é competente a administrar dois atores com tamanha força e interpretação. Ambos poderiam causar um desastre caso a personalidade forte de cada um se chocasse. O diretor, nessa sua estreia no cenário independente, cria uma química. Não uma química feita baseada necessariamente num casal colhendo os frutos de um amor verdadeiro, cria a química de um casal que se apaixonou e viveu intensamente, fazendo de tudo para a emoção não se esgotar. Mas ambos acabam devastados por não conseguirem segurar a situação por mais tempo. O filme inteiro mistura lembranças de forma a criarem um elo com a situação de amor passado e a situação da paixão instável presente. As extremidades do filme, retratadas entre a tolice de dois namorados ingênuos se deparando com sentimentos à flor da pele e a frieza de um casal que já vive junto há 6 anos e tenta reinventar motivos e reencontrar amores, o torna ainda mais tangível e facilmente relacionável com vários relacionamentos atuais baseados na superficialidade do não saber o que se sente.
O que Namorados Para Sempre - a triste tradução de Blue Valentine - faz é mostrar o que vem depois de um felizes para sempre. Não é um conto de fadas, como muitas histórias insistem em ser, é apenas um retrato real do amor atual, é tudo isso feito com primor por um Derek Cianfrance que sabe aproveitar o espaço e os planos de sua filmagem para captar a simplicidade na essência da obra. Como a simplicidade não basta para completar tudo, temos ainda a equipe Williams e Gosling, que completam uma paixão que se revela uma faca de dois gumes à medida que o tempo passa. O amor de namorados pode até durar para sempre, mas quando ele evolui para um compromisso, quem pode prever o futuro dele? Afinal, como confiar nos sentimentos se eles simplesmente desaparecem?
NOTA: 9
O mundo muda, e com ele as pessoas. Essa mudança, que também afeta as personalidades humanas, acarretou atualmente num público difícil de ser entretido. Cada vez mais os diretores filmam suas cenas com menos pudor para colocar de verdade um sentimento conhecido nas telas. Não se pode esperar que todo mundo seja sentimental o bastante para acreditar numa história de amor cuspida com fórmulas prontas. Nos filmes atuais, há cenas de estupro explícito, de incesto com aprovação parental, de abortos resultantes de uma frieza desumana, de ultra violência, de sexo sem compromisso, de contínuas tomadas de sadomasoquismo e da exploração das mais variadas patologias, para um drama criar repulsa, nojo, indignação, tudo num espectador que vê a vida crua na tela. Daqui há um tempo, a revolta se tornará banal. Mas há algo que começaram a explorar, e explorar bem. Qual a verdadeira fórmula de uma relação amorosa?
O filme é retratado em dois momentos principais. Primeiramente, quando Dean (Ryan Gosling) e Cindy (Michelle Williams) já são casados e tem uma filha. Mas, ao morarem juntos e selarem o matrimônio, as primeiras discussões começam a aparecer entre o pintor e a enfermeira. Depois, o filme mostra o passado, quando ambos eram mais jovens e se conheceram - ela estudando medicina e ele trabalhando para uma empresa de mudanças. Entre os dois momentos vemos, além de brigas entre o casal, uma paixão que é explorada de todos os ângulos possíveis.
O amor aqui é retratado verdadeiramente. O sentimento é explorado através das personalidades fortes dos personagens principais. Cindy é uma jovem e seu caráter só prova isso mais ainda. Ela não se entrega a um amor, ela se entrega a uma paixão, e não consegue aceitar as consequências futuras de seus atos inconsequentes. Ela acredita que o amor já está esgotado, isso ao viver o lado maçante de sua vida. Trabalhando num ambiente hospitalar, ela se torna fria. Dean já leva as coisas com mais seriedade. Ele quer continuar sua paixão com a companheira pois a ama. Ele faz coisas por Cindy com uma força de vontade que eu dificilmente veria em namorados tão fiéis. Ele não acha uma paixão, ele encontra um amor. E seu maior objetivo é reacender esse amor. Há aquele ditado, se um não quer, dois não brigam. Mas isso realmente existe? Depois de viver algo tão forte e achar o significado de uma vida, o objetivo de certa pessoa é manter sua situação, vivendo a cada dia com o que ama. O filme, que conta com uma edição deliciosa, criando planos-sequência baseados em diálogos fortes, e uma fotografia azulada, intensificando tanto os momentos felizes quanto os mais pesados, é forte e envolvente no cenário em que foi criado. Quando quer emocionar, ele realmente emociona.
O sufoco criado entre uma tensão já conhecida em namoros infesta a atmosfera do filme ao envolver diferentes níveis de relacionamento entre uma Michelle Williams, que se deixa levar pelo coração antes de pensar em sua própria vida e a de outra pessoa, e um Ryan Gosling, que encontra o que quer e não admite que, agora que consegue uma finalidade, sua obsessão vá embora depois de tudo o que houve na química dos dois. A força do filme, inteiramente simples, sem precisar de uma trama bem costurada e bem elaborada, fica completamente nos dois. E eles desempenham belíssimamente os 4 papéis. 4 papéis simplesmente porque eles não são os mesmos personagens nos dois momentos retratados no filme. Há uma Cindy de antes e depois, há um Dean de antes e depois e, por mais que ambos conservem características do passado, o presente grita ainda mais forte e os molda de forma que eles consigam o que querem. Mas há uma forma pacífica de ambos conseguirem o que querem mutuamente, sendo esses desejos antagônicos?
Derek Cianfrance é competente a administrar dois atores com tamanha força e interpretação. Ambos poderiam causar um desastre caso a personalidade forte de cada um se chocasse. O diretor, nessa sua estreia no cenário independente, cria uma química. Não uma química feita baseada necessariamente num casal colhendo os frutos de um amor verdadeiro, cria a química de um casal que se apaixonou e viveu intensamente, fazendo de tudo para a emoção não se esgotar. Mas ambos acabam devastados por não conseguirem segurar a situação por mais tempo. O filme inteiro mistura lembranças de forma a criarem um elo com a situação de amor passado e a situação da paixão instável presente. As extremidades do filme, retratadas entre a tolice de dois namorados ingênuos se deparando com sentimentos à flor da pele e a frieza de um casal que já vive junto há 6 anos e tenta reinventar motivos e reencontrar amores, o torna ainda mais tangível e facilmente relacionável com vários relacionamentos atuais baseados na superficialidade do não saber o que se sente.
O que Namorados Para Sempre - a triste tradução de Blue Valentine - faz é mostrar o que vem depois de um felizes para sempre. Não é um conto de fadas, como muitas histórias insistem em ser, é apenas um retrato real do amor atual, é tudo isso feito com primor por um Derek Cianfrance que sabe aproveitar o espaço e os planos de sua filmagem para captar a simplicidade na essência da obra. Como a simplicidade não basta para completar tudo, temos ainda a equipe Williams e Gosling, que completam uma paixão que se revela uma faca de dois gumes à medida que o tempo passa. O amor de namorados pode até durar para sempre, mas quando ele evolui para um compromisso, quem pode prever o futuro dele? Afinal, como confiar nos sentimentos se eles simplesmente desaparecem?
NOTA: 9
Oscar 2011
O Oscar ocorreu domingo, 27 de Fevereiro de 2010. E o Oscar continua o que vem sendo há algum tempo: um desfile de moda, já que a premiação se torna mais importante no tapete vermelho, enquanto a entrega dos prêmios é previsível graças ao terrível conservadorismo da Academia. O Oscar é a mais importante premiação de cinema, mas não a mais confiável, e não falo isso apenas porque não gostei do resultado da noite.
Primeiramente, vou falar não do que aconteceu na premiação, e sim do que não aconteceu. Bravura Indômita, um ótimo filme para ser adicionado na ótima filmografia de Joel e Ethan Coen, não levou um prêmio sequer, nem por fotografia, nem por atriz coadjuvante, que merecia acima de tudo. Depois, houve 127 Horas. Não sei se sou o único que acha que o filme deveria ter ganhado o melhor edição, já que adorei a montagem do longa de Danny Boyle, mas eu estava ao menos crente de que iria ganhar em melhor canção original. Deveria ter lembrado que ele concorre com um filme de animação. Da Disney. Não há como ganhar. Depois, há o que não foi premiado. Ilha do Medo é um filme que eu colocaria fácil na lista de melhores de 2010. Christopher Nolan é um diretor que entraria rapidamente na lista dos melhores. Leonardo DiCaprio poderia ter sido indicado duas vezes, já que tanto em Ilha do Medo quanto em A Origem ele apresenta um ótimo desempenho. Andrew Garfield também poderia figurar entre os coadjuvantes, tanto pelo muitíssimo falado A Rede Social quanto pelo muitíssimo esquecido Não Me Abandone Jamais.
Alguns dos maiores prêmios da noite (totalizando 4 por melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor roteiro original) foram adquiridos pelo tradicional O Discurso do Rei, um filme que não tem nada de mais, mas que é um prato cheio para o Oscar por ser bem feito em sua realização estética e ser agradável de se ver. Não me surpreende que ele tenha esquecido os não-convencionais Cisne Negro, 127 Horas, Bravura Indômita e A Origem. Estava claro como água que o maior prêmio da noite seria faturado por O Discurso do Rei ou por A Rede Social, mas não esperava que o melhor diretor fosse Tom Hooper. Ao menos David Fincher. Gostei que A Origem ganhou alguma coisa, por mais que somente prêmios técnicos.
Ator, Atriz, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante foi super previsível. Ainda não vi O Vencedor, não tenho embasamento para falar dessas duas últimas categorias. Mas senti pena dos atores e atrizes desse ano. Nicole Kidman tem um ótimo desempenho em Reencontrando a Felicidade. Javier Bardem tem uma atuação cruel em Biutiful. Michelle Williams me emocionou e me convenceu em Namorados Para Sempre. James Franco exala tensão em 127 Horas. Anette Bening é uma das chaves da trama bem-humorada de Minhas Mães e Meu Pai. Jeff Bridges, por mais canastrão que seja, faz um ótimo papel em Bravura Indômita. Como a atuação é a chave de Inverno da Alma, Jennifer Lawrence é uma concorrente de peso. E Jesse Eisenberg faz um dos seres mais irritantes e mostra que nem toda a formação de empresas é feita de forma justa em amigável em A Rede Social. Não desmereço os ganhadores, afinal, os melhores e com um trabalho muitíssimo bem feito para as categorias, mas ainda sinto pena dos outros. Se estivessem concorrendo em outros Oscar, poderiam ter ganhado facilmente. Além do mais, não é fácil concorrer com um rei gago e uma bailarina psicologicamente perturbada, interpretados com maestria por Colin Firth e Natalie Portman.
Por fim, nossa parcela nacional no Oscar não ganhou. E me surpreendeu. Esperava, se não um prêmio para Lixo Extraordinário, algo para o tão falado Exit Through The Gift Shop. Ambos são o contrário um do outro. Enquanto o brasileiro reinventa a arte através da reciclagem e reutilização no maior depósito de lixo do mundo, o inglês, ironicamente, critica a arte que vem sendo comercializada. Mas não foi um ano da arte e sim da economia.
MELHOR FILME: O Discurso do Rei
MELHOR DIRETOR: Tom Hooper, por O Discurso do Rei
MELHOR ATOR: Colin Firth, por O Discurso do Rei
MELHOR ATRIZ: Natalie Portman, por Cisne Negro
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Christian Bale, por O Vencedor
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Melissa Leo, por O Vencedor
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: O Discurso do Rei
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: A Rede Social
MELHOR ANIMAÇÃO: Toy Story 3
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Em Um Mundo Melhor
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Inside Job
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Alice No País das Maravilhas
MELHOR EDIÇÃO: A Rede Social
MELHOR EDIÇÃO DE SOM: A Origem
MELHOR MIXAGEM DE SOM: A Origem
MELHOR MAQUIAGEM: O Lobisomem
MELHOR FIGURINO: Alice No País das Maravilhas
MELHOR FOTOGRAFIA: A Origem
MELHOR ANIMAÇÃO (CURTA): The Lost Thing
MELHOR DOCUMENTÁRIO (CURTA): Strangers No More
MELHORES EFEITOS VISUAIS: A Origem
MELHOR CURTA-METRAGEM: God Of Love
MELHOR TRILHA SONORA: Trent Reznor e Atticus Ross, por A Rede Social
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: "We Belong Together", Toy Story 3
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