Um filme de David Fincher com Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter.
"Jack" (Edward Norton) é um investigador de seguros extremamente desanimado com sua vida. Ele pode comprar o que quiser nas revistas de decoração que ele lê, mas ainda não se sente cheio, graças a sua terrível insônia. Um médico, não querendo lhe dar comprimidos, o manda ir para o grupo de apoio de câncer de testículos para ele saber o que é dor de verdade. No grupo, ele acha seu verdadeiro remédio, que é fingir ser um doente para poder consolar quem realmente precisa. Com esse seu plano, ele sai por todos os grupos de apoio de sua cidade, consolando os necessitados, até que ele acha outra pessoa igual a ele: Marla Singer (Helena Bonham Carter), uma mulher que vai a todos os grupos de apoio que ele também vai. Após uma discussão com Marla, ele tem de viajar, e na volta descobre que seu apartamento explodiu. Como não tem nenhum lugar para ficar, ele liga para Tyler Durden (Brad Pitt), um vendedor de sabonetes que ele conheceu num vôo. Após uma noite bebendo cerveja, Tyler pede para que "Jack" o soque com toda a sua força. Com isso, os dois começam a brigar toda a noite até que novas pessoas veem a briga e resolvem participar. Através disso se forma o Clube da Luta.
A atuação é esplêndida. Edward Norton é super convincente em seu papel desanimador e brochante, um perfeito escravo do consumismo. Helena Bonham Carter está incrível como Marla Singer, assim como qualquer outro papel que ela faz, de um modo bastante excêntrico e tão desanimadora quanto Edward Norton. Brad Pitt tem as mesmas caras e bocas, e a mesma animação de qualquer outro filme que você veja dele, por exemplo Queime Depois de Ler, mas ainda assim é uma boa atuação. Clube da Luta é um filme interessantíssimo para se ver. Vi-o com 10 anos e precisava revê-lo urgentemente, pois pouco me lembrava. É divertida a narração de Edward Norton e é ótimo como tudo se interliga no fim. O filme esbanja anarquia e é uma crítica ao capitalismo em que vivemos. Mas não é só uma crítica feita através de um filme como é visto em Adeus, Lenin!, A Culpa É Do Fidel! ou V de Vingança. O filme literalmente coloca o dedo na cara do espectador e fala: "É, merda, estou falando contigo, seu capitalista babaca. Que existência de merda que você tem, já pensou no quanto que você é infeliz?". Além disso, consegui identificar algo com A Onda, filme alemão de 2008, os dois tem uma ideologia parecida, embora o sucesso de 1999 seja bem superior.
Clube da Luta é, sem trocadilho algum, um soco na cara e na mente. Alguém com uma boa auto-estima sai dali com baixa auto-estima, e alguém com baixa auto-estima se mata após a sessão. Filmaço, recomendado para todos. Agora me desculpem por tentar reduzir o texto, sabe como é, a primeira regra do Clube da Luta é que não se fala do Clube da Luta.
NOTA: 10
3 de novembro de 2010
2 de novembro de 2010
Monster - Desejo Assassino (2003)
Um filme de Patty Jenkins com Charlize Theron e Christina Ricci.
O incrível desse filme é o assombro que é Charlize Theron. Pode-se vê-la em trabalhos mais populares, como Aeon Flux, onde ela está linda, morena e extremamente falsa. Não que a atuação dela não seja boa, mas há muito mais verdade em Monster - Desejo Assassino do que em seu outro trabalho, tanto que lhe rendeu um Oscar merecidíssimo. Irreconhecível, se comparada a outros trabalhos. E bem mais verdadeira. Concordo que a interpretação de Charlize é o pique do filme inteiro, o que o faz não perder ritmo algum, e sua descaracterização é incrível. Além disso, a história sobre a primeira serial killer dos Estados Unidos é perigosa se não fosse interpretada de uma maneira correta, mas ficou agradável na forma de Charlize.
Aileen Wuornos (Charlize Theron) é uma adulta transtornada. Após criar um mundo em sua infância cheio de aspectos de contos de fadas e de mensagens positivas, ela recebe um choque quando se depara com a vida real através da prostituição logo cedo. No dia em que ela decide se matar, ela conhece Selby Wall (Christina Ricci), uma lésbica que vive num mundo homofóbico de sua família altamente religiosa e que só quer fugir dele por algum tempo. Porém, quando Aileen é torturada por um cliente, ela o mata e decide fugir com Selby, já que o homicídio lhe rendeu uma boa grana. Vendo que a polícia não tinha nem pista do assassino, ela inicia uma onda de assassinatos para conseguir sustentar as duas, se tornando a primeira serial killer da história norte-americana.
As possibilidades ficam bem presentes na história, ao ser comparada com aquilo que a mídia promove. Se olharmos através de jornais e reportagens que existem da época, Aileen Wuornos é um monstro que mata qualquer pessoa durante o ato sexual. O filme a torna algo bem mais simpática, alguém normal que tem de se virar devido as circunstâncias, alguém que ama, alguém que se decepciona, alguém que se fere, alguém que mata por amor e sobrevivência. A película esforça para tornar a assassina em uma humana. Nada que justifique a morte, mas ela se torna algo bem mais agradável e emocionante assim. O sarcasmo da protagonista também é algo que merece aclamações. A última frase é um soco na cara do público. "'A fé move montanhas'. 'O amor sempre vence no final'. É, eles têm que te falar alguma coisa".
A atuação é assustadora de tão boa. Charlize Theron é um show a parte, como já dito anteriormente. Ela incorporou de corpo e alma a serial killer com uma seriedade assombrosa. Deu para se esquecer completamente quem era Charlize Theron vendo o filme, eu tentei achar a mesma moça com traços perfeitos que fez Aeon Flux, mas só achei uma prostituta desengonçada, grande, com os cabelos desgrenhados e traços masculinos. E muita verdade. Christina Ricci é outra espetáculo fornecido na sessão, a moça interpreta com maestria sua Selby me causando os mais extremos sentimentos durante o filme.
Filmes com finais felizes são bons na mesma quantidade dos de finais infelizes. Desde que consigam me justificar o porquê acabaram assim, tudo está ótimo. E a infelicidade que aparece no filme se justifica o tempo inteiro, seja com o preconceito alheio onde o homossexualismo era um desvio completo da alma do caminho de deus ou com a dificuldade de se conseguir uma vida normal num mundo capitalista, as entrevistas de emprego que Charlize faz para conseguir se sustentar fora da prostituição são ótimas. E o desfecho dessa estória da procura de um sustento, com um estupro por um policial, é o fim que precisava. A prostituição é um caminho cruel cheio de preconceito, sem volta alguma se você não conseguir se sustentar fora dela. E nem a fé nem o amor podem ajudar nisso, não importa o quanto falem.
NOTA: 9
O incrível desse filme é o assombro que é Charlize Theron. Pode-se vê-la em trabalhos mais populares, como Aeon Flux, onde ela está linda, morena e extremamente falsa. Não que a atuação dela não seja boa, mas há muito mais verdade em Monster - Desejo Assassino do que em seu outro trabalho, tanto que lhe rendeu um Oscar merecidíssimo. Irreconhecível, se comparada a outros trabalhos. E bem mais verdadeira. Concordo que a interpretação de Charlize é o pique do filme inteiro, o que o faz não perder ritmo algum, e sua descaracterização é incrível. Além disso, a história sobre a primeira serial killer dos Estados Unidos é perigosa se não fosse interpretada de uma maneira correta, mas ficou agradável na forma de Charlize.
Aileen Wuornos (Charlize Theron) é uma adulta transtornada. Após criar um mundo em sua infância cheio de aspectos de contos de fadas e de mensagens positivas, ela recebe um choque quando se depara com a vida real através da prostituição logo cedo. No dia em que ela decide se matar, ela conhece Selby Wall (Christina Ricci), uma lésbica que vive num mundo homofóbico de sua família altamente religiosa e que só quer fugir dele por algum tempo. Porém, quando Aileen é torturada por um cliente, ela o mata e decide fugir com Selby, já que o homicídio lhe rendeu uma boa grana. Vendo que a polícia não tinha nem pista do assassino, ela inicia uma onda de assassinatos para conseguir sustentar as duas, se tornando a primeira serial killer da história norte-americana.
As possibilidades ficam bem presentes na história, ao ser comparada com aquilo que a mídia promove. Se olharmos através de jornais e reportagens que existem da época, Aileen Wuornos é um monstro que mata qualquer pessoa durante o ato sexual. O filme a torna algo bem mais simpática, alguém normal que tem de se virar devido as circunstâncias, alguém que ama, alguém que se decepciona, alguém que se fere, alguém que mata por amor e sobrevivência. A película esforça para tornar a assassina em uma humana. Nada que justifique a morte, mas ela se torna algo bem mais agradável e emocionante assim. O sarcasmo da protagonista também é algo que merece aclamações. A última frase é um soco na cara do público. "'A fé move montanhas'. 'O amor sempre vence no final'. É, eles têm que te falar alguma coisa".
A atuação é assustadora de tão boa. Charlize Theron é um show a parte, como já dito anteriormente. Ela incorporou de corpo e alma a serial killer com uma seriedade assombrosa. Deu para se esquecer completamente quem era Charlize Theron vendo o filme, eu tentei achar a mesma moça com traços perfeitos que fez Aeon Flux, mas só achei uma prostituta desengonçada, grande, com os cabelos desgrenhados e traços masculinos. E muita verdade. Christina Ricci é outra espetáculo fornecido na sessão, a moça interpreta com maestria sua Selby me causando os mais extremos sentimentos durante o filme.
Filmes com finais felizes são bons na mesma quantidade dos de finais infelizes. Desde que consigam me justificar o porquê acabaram assim, tudo está ótimo. E a infelicidade que aparece no filme se justifica o tempo inteiro, seja com o preconceito alheio onde o homossexualismo era um desvio completo da alma do caminho de deus ou com a dificuldade de se conseguir uma vida normal num mundo capitalista, as entrevistas de emprego que Charlize faz para conseguir se sustentar fora da prostituição são ótimas. E o desfecho dessa estória da procura de um sustento, com um estupro por um policial, é o fim que precisava. A prostituição é um caminho cruel cheio de preconceito, sem volta alguma se você não conseguir se sustentar fora dela. E nem a fé nem o amor podem ajudar nisso, não importa o quanto falem.
NOTA: 9
1 de novembro de 2010
Má Educação (2004)
Um filme de Almodóvar com Gael García Bernal e Fele Martínez.
Acho que eu nunca fiquei com tanta vontade de ver um filme por tanto tempo. Em 2004, na época em que eu ia ao cinema ver comédias por livre e espontânea vontade e minha lista de atores se resumia a Brad Pitt e Adam Sandler, eu li uma sinopse de Má Educação e juro que devo ter espumado para tentar ver o mais recente filme do gênio que era Almodóvar. Só após 6 anos de vontade é que fui ver algo que considerava ser o filme mais esperado da minha vida e, como qualquer coisa que se espera por bastante tempo, me decepcionei em partes. Mas mesmo se eu tivesse passado anos e anos remoendo expectativas sobre Réquiem Para Um Sonho ou Menina de Ouro, aposto que eles não teriam o mesmo impacto que tiveram sobre mim da primeira vez que eu assisti. Mas só digo isso: com ou sem expectativa, valeu a pena esperar esses anos, assim como vale a pena assistir essa obra.
Em Madrid, Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que está tendo um bloqueio criativo e não consegue achar inspirações para um filme. Até que num dia, um jovem chamado Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal) bate em sua porta, apresentando-lhe uma história chamada "A Visita". Tudo correria bem se Ignacio não fosse um amigo de infância de Enrique, e, ainda mais, seu primeiro amor. Quando Enrique começa a ler o roteiro, ele vê que boa parte é baseada na estória de amor que os dois viveram na juventude e de como essa paixão foi interrompida pelo professor de literatura dos dois, o padre Manolo (Daniel Giménez Cacho), que molestava Ignacio. Enrique, então, decide usar o roteiro de Ignacio, mas descobre que uma parte dele ainda tem os mesmos sentimentos de sua adolescência.
Nada mais esperado do que uma atuação esplêndida. Sou fã de Gael García Bernal e ele ficou perfeito sendo um ator interpretando um ator que queria interpretar um travesti. Aliás, nada mais esperado de um filme almodóvoriano do que o travestismo. Voltando a Bernal, ele praticamente rouba a maioria da cena da obra, mas tenho que admitir que gostei do trabalho de Daniel Giménez, que fez um padre tão obcecado que me parecia real a denúncia que Almodóvar construiu de uma forma tão aberta e louca. A fotografia é excelente.
A trama é algo que merece uma ressalva a mais. Almodóvar simplesmente não quer falar de um modo clichê e cheio de lições sobre o homossexualismo, a pedofilia e a religião, e sim do modo que ele acha mais adequado. É como se ele estivesse apenas colocando mais lenha na fogueira ao fazer um filme que mostra um filme onde um padre mata um travesti. E o padre que assiste essa calúnia contra a Igreja só quer saber do garoto que ele molestava quando criança. Ele força o extremo a ser considerado normal na sociedade de hoje. Além de tudo, ele ainda traz uma mistura entre realidade e fantasia. Dá para criar um esquema interessante entre a história de Ignacio, Juan e Enrique, de como um queria ser o outro através de uma história, e de como a mente humana é algo complicado e complexo ao ponto de renegar uma paixão, de aumentar uma impossível e de fazer tudo para que uma dê certo.
É um filme extremamente passional, e eu fui querendo ver uma crítica à religião e homofobia. Há realmente uma grande investida de Almodóvar nesses pontos, ainda mais contra o tradicionalismo e os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja, mas tudo no filme é movido por paixão. O bom de Má Educação é que ele não retrata a paixão tradicional, e sim uma paixão triplamente proibida. O resto fica por conta do excelente Gael García Bernal e de todo o roteiro de Almodóvar. E merece ser conferido imediatamente.
NOTA: 8
Acho que eu nunca fiquei com tanta vontade de ver um filme por tanto tempo. Em 2004, na época em que eu ia ao cinema ver comédias por livre e espontânea vontade e minha lista de atores se resumia a Brad Pitt e Adam Sandler, eu li uma sinopse de Má Educação e juro que devo ter espumado para tentar ver o mais recente filme do gênio que era Almodóvar. Só após 6 anos de vontade é que fui ver algo que considerava ser o filme mais esperado da minha vida e, como qualquer coisa que se espera por bastante tempo, me decepcionei em partes. Mas mesmo se eu tivesse passado anos e anos remoendo expectativas sobre Réquiem Para Um Sonho ou Menina de Ouro, aposto que eles não teriam o mesmo impacto que tiveram sobre mim da primeira vez que eu assisti. Mas só digo isso: com ou sem expectativa, valeu a pena esperar esses anos, assim como vale a pena assistir essa obra.
Em Madrid, Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que está tendo um bloqueio criativo e não consegue achar inspirações para um filme. Até que num dia, um jovem chamado Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal) bate em sua porta, apresentando-lhe uma história chamada "A Visita". Tudo correria bem se Ignacio não fosse um amigo de infância de Enrique, e, ainda mais, seu primeiro amor. Quando Enrique começa a ler o roteiro, ele vê que boa parte é baseada na estória de amor que os dois viveram na juventude e de como essa paixão foi interrompida pelo professor de literatura dos dois, o padre Manolo (Daniel Giménez Cacho), que molestava Ignacio. Enrique, então, decide usar o roteiro de Ignacio, mas descobre que uma parte dele ainda tem os mesmos sentimentos de sua adolescência.
Nada mais esperado do que uma atuação esplêndida. Sou fã de Gael García Bernal e ele ficou perfeito sendo um ator interpretando um ator que queria interpretar um travesti. Aliás, nada mais esperado de um filme almodóvoriano do que o travestismo. Voltando a Bernal, ele praticamente rouba a maioria da cena da obra, mas tenho que admitir que gostei do trabalho de Daniel Giménez, que fez um padre tão obcecado que me parecia real a denúncia que Almodóvar construiu de uma forma tão aberta e louca. A fotografia é excelente.
A trama é algo que merece uma ressalva a mais. Almodóvar simplesmente não quer falar de um modo clichê e cheio de lições sobre o homossexualismo, a pedofilia e a religião, e sim do modo que ele acha mais adequado. É como se ele estivesse apenas colocando mais lenha na fogueira ao fazer um filme que mostra um filme onde um padre mata um travesti. E o padre que assiste essa calúnia contra a Igreja só quer saber do garoto que ele molestava quando criança. Ele força o extremo a ser considerado normal na sociedade de hoje. Além de tudo, ele ainda traz uma mistura entre realidade e fantasia. Dá para criar um esquema interessante entre a história de Ignacio, Juan e Enrique, de como um queria ser o outro através de uma história, e de como a mente humana é algo complicado e complexo ao ponto de renegar uma paixão, de aumentar uma impossível e de fazer tudo para que uma dê certo.
É um filme extremamente passional, e eu fui querendo ver uma crítica à religião e homofobia. Há realmente uma grande investida de Almodóvar nesses pontos, ainda mais contra o tradicionalismo e os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja, mas tudo no filme é movido por paixão. O bom de Má Educação é que ele não retrata a paixão tradicional, e sim uma paixão triplamente proibida. O resto fica por conta do excelente Gael García Bernal e de todo o roteiro de Almodóvar. E merece ser conferido imediatamente.
NOTA: 8
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