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25 de setembro de 2010

A Onda (2008)

Um filme de Dennis Gansel com Jürgen Vogel e Cristina Do Rego.

Filmes que mexem com o psicológico humano são bons na maioria das vezes. Quando o filme começa a retratar uma patologia extremamente exagerada, ele perde todo o efeito que poderia ganhar explorando a realidade do nosso pensamento. A Onda trabalha exatamente com o real. Após um dos maiores episódios de crueldade humana do nosso planeta, comandado pelo Führer na Segunda Guerra Mundial, quem seria o povo menos propício a desenvolver um novo nazismo? Os alemães, tão prejudicados com essa guerra, que rende preconceitos até hoje. E são eles as vítimas do fascismo pregrado através de uma lição de autocracia no filme. Ninguém está imune à manipulação de nossa mente fraca e influenciável.
Na Alemanha, em temo atuais, o professor Rainer Wenger (Jürgen Vogel) se vê numa situação de improviso: na semana de projetos de sua escola, após ele perder o tema sobre anarquia, ele tem de dar aulas sobre autocracia. No meio de uma aula, um aluno afirma que uma nova ditadura na Alemanha atual seria impossível,  já que todos estão bem mais avançados agora do que no século passado. Com isso, Rainer cria uma ideologia para tentar criar um projeto de união em sua sala, mas sua ideologia acaba se convertendo em uma vertente fascista. Mesmo com alguns alunos o alertando sobre o perigo desse trabalho, como Karo (Jennifer Ulrich), ele só vê o quão instável os estudantes se tornaram quando a situação já está praticamente irreversível.
É uma roteiro bacana, explora a condição de pior do ser humano e a fragilidade através das relações sociais. Vemos no filme que Tim, o menino sem amigos, é o mais obsessivo por toda a teoria d'A Onda pois a tem como uma referência para ser igual aos outros jovens, coisa que, na mente dele, nunca foi. O que A Onda retrata é a idolatria cega que era usada nos tempos de Hitler e foi usada em um projeto escolar. E a afirmação do início do filme se torna equívoca: não estamos ainda tão desenvolvidos mentalmente do que estávamos no século passado se as pessoas são tão frágeis para serem induzidas através de poucas ordens para criar e seguir uma teoria viciosa. Uma ditadura ainda pode ser estabelecida nos dias de hoje.
Ninguém no filme foi bom o suficiente para eu verter lágrimas de adoração ou procurar uma filmografia específica. Mas gostei de Jürgen Vogel em boa parte do filme, só que ele me deu a impressão de não ter muita expressão. Jennifer Ulrich estava ótima no começo, mas no fim ela teve uma regressão imensa. Se alguém se sobressaiu, foi Cristina do Rego, ao menos no fim. Em sua apresentação ela se mostrou de forma tão normal que não merece ressalva, mas no desfecho ela foi ótima. Gostei da fotografia e da trilha sonora.
É um filme capaz, ainda mais que foi baseado em fatos reais. De técnica, não se difere de muitos outros, mas o roteiro cria uma expectativa nessa pérola alemã que é correspondida a medida que os 106 minutos vão passando. Foi um belo fim, embora previsível. Mas como toda coisa previsível, foi verdadeiro o bastante para dar a credibilidade que o filme precisa. Para mim, A Onda é uma experiência fascinante e chocante do psicológico do homem, uma mistura interessante da essência de Ensaio Sobre A Cegueira com todo aquele jovianismo rebelde, inconsequente e perturbado, se manipulado da maneira correta, que foi mostrado em Tiros Em Columbine.
NOTA: 8

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