Um filme de José Padilha com Wagner Moura e Milhem Cortaz.
Sabendo das estreias nacionais deste ano, não sabia de qual esperar mais. Chico Xavier me parecia uma história bem legal. Nosso Lar criou um universo inteiro e mostrou que o Brasil tem efeitos especiais. Por mais que tenha um cunho político, eu gostei de Lula, O Filho do Brasil. Temos ainda o divertidíssimo O Bem Amado e todas aquelas comédias que o cinema nacional insiste em fazer. Ainda tenho mais na minha lista, Os Famosos e os Duendes da Morte, As Melhores Coisas do Mundo, Histórias de Amor Duram Apenas 90 Minutos ainda entram na minha watchlist até o fim do ano. Resumindo, esperava muito do Brasil esse ano, menos de Tropa de Elite 2. O primeiro foi, em minha humilde opinião, uma manifestação de violência que agredia mais que acrescentava, embora fosse um retrato certo das situações caóticas do Rio de Janeiro. Com esse começo, não esperava nada da continuação. Me enganei feíssimo, Tropa de Elite 2 chega a ser um dos melhores do ano com A Origem, e o Brasil só mostra que esse sucesso só vai subir.
Após o Capitão Nascimento (Wagner Moura) bater de frente com a violência que assola o Rio de Janeiro através de uma missão bem-sucedida que causou polêmica, ele sai de seu cargo de Capitão para ser promovido, enquanto André (André Ramiro) é rebaixado por ter liderado a missão. Em seu novo cargo, Nascimento começa a ver que os traficantes não são o verdadeiro problema das favelas do Rio e sim a milícia, que coleta tributos e coloca os governantes que tem o mesmo interesse no poder com a ajuda do povo que começa a obedecer a polícia criminosa. Nascimento então tem que equilibrar sua nova posição com a busca de nomes da milícia, junto com a responsabilidade de ter seu filho adolescente que começa a ser envolvido no trabalho do pai.
Wagner Moura está ótimo, novamente, como Capitão Nascimento. Embora no primeiro filme a atuação dele tenha me parecido meio forçada, talvez pelo primeiro ter sido uma exibição de violência, no segundo ele trouxe a mesma fórmula, mas houve uma combinação bem melhor que a o primeiro episódio da trama. E ainda traz toda a sua tensão e aflição no filme com todos os ângulos da câmera balançante, que até criaram uma angústia em relação aos momentos do ápice. E ao mesmo tempo, o filme não tinha um ápice. A cada morte que acontecia, era de uma atmosfera tão natural que chegava a assustar, tanto os coadjuvantes quanto os principais. Outra atuação que merece palmas é a do major Rocha, feita por Sandro Moura, convincente até o fim. Nenhuma atuação fica abaixo da média, todas boas.
O filme tem vários pontos altos, e o maior deles é o roteiro, cheio de críticas explícitas e implícitas. O filme já começa com uma ironia digna de dar risada, com a frase: "Esse filme é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade é coincidência". O filme faz exatamente o que Wagner Moura faz em sua cena final: denuncia uma realidade não tão distante que decidimos ignorar completamente, mas que se aproxima cada vez mais forte de nossa própria. Misturar a violência com a política mostrando ao Brasil inteiro o trabalho da milícia e de nossos governantes é um tapa na cara que já devia ser dado a muito tempo, e foi bem dado agora em época de eleições. Uma pena que não tenha chegado a tempo do primeiro turno. Não posso falar do filme sem falar dos diálogos. Em meio a tantos "porras" e "filhas da puta", nessa obra eu vi mais densidade nas falas filosóficas do protagonista do que no primeiro filme, criando pensamentos e explicações fáceis para os acontecimentos. E, de vez em quando, ainda surgiam algumas pérolas como "quer me foder, me beija", "aqui é fifty fifty, é a taxa do não sei" ou "tá de pombagirisse comigo?" que tiravam a tensão temporariamente para criar certo humor, que chegava a ser irônico.
A história é essa: fui na estreia de Tropa de Elite 2. Cheguei lá as 19:00 para todas as sessões, incluindo a de 00:15, estarem esgotadas. Tentei no outra sexta, e tudo esgotado novamente. Quando consegui ver no domingo, não me arrependi de maneira nenhuma. Se desse eu iria mais 5 vezes, pois esse tipo de filme que merece estar na boca do povo, não pela violência em excesso (que está em segundo plano nesta obra) e sim pelas futuras discussões que podem ser geradas desde polícia a violência, ainda com todas as críticas criadas pela película. Finalmente veio um filme que me deu uma esperança no cinema e, melhor ainda, veio de nossa indústria cinematográfica. Quando o Brasil quer criar um filmaço, ele cria fácil fácil.
NOTA: 10
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