Um filme de Wagner de Assis com Renato Prieto.
Nunca mais dou pontos para filmes nacionais por piedade, agora que já vi o que eles são capazes de fazer. De um modo como Nosso Lar foi filmado, dava para se criar o novo Harry Potter em terras brasileiras. Nosso Lar é simplesmente um show do efeitos, que foram bem utilizados, aleluia. O problema é que eu não estou acostumado a ver efeitos assim em filmes nacionais, por isso me pareceu que era um filme dublado que eu estava vendo. É melhor eu me acostumar logo, pois após uma pérola como essa, a indústria cinematográfica brasileira promete.
Depois de sua morte, André Luíz (Renato Prieto) vai parar em outra dimensão chamada Umbral, uma espécie de purgatório. No ápice de sua dor espiritual, ele pede a Deus para que Ele lhe dê uma chance. Nisso, quando ele acorda, ele para em Nosso Lar, uma espécie de cidade dos espíritos que flutua sobre a dimensão terrena. Embora tudo em Nosso Lar seja bonito, pacífico e funcione perfeitamente, André Luiz não desiste de uma tarefa que ele não quer deixar para depois: reencontrar a família para avisar sobre sua vida após a morte.
É um ótimo roteiro. Conseguiu passar a lição que queria, sobre o mundo seguindo uma doutrina espírita. É uma lição bem clichê para os dias de hoje, realmente, mas ainda consegue emocionar. Toda aquela paz de espírito promovida pelo filme foi perfeitamente colocada em prática, ainda mais quando as cenas alternavam entre André Luiz aprendendo a ser uma pessoa melhor e o lago de Nosso Lar que tinha uma orquestra tocando a cada dia. É bonito e é maçante ao mesmo tempo. Uma coisa que gostei no filme foi o fato de conseguirem divulgar as respostas do espiritismo para todas as perguntas já citadas, sobre o que acreditam sobre a vida após a morte. Isso cria dúvidas, já que eles conseguem estabelecer tantos pontos que outras religiões mal levantam. Bem, só não é recomendado para aqueles ateus convictos que não conseguem aceitar alguma outra opinião.
A atuação, para mim, foi uma coisa morta. E, bem, eu já vi vários atores bons no Brasil, então a péssima atuação não é um ponto a se desculpar. Todos eles estavam tão sérios o tempo inteiro, com aquela expressão estereotipada de "sou mais zen e superior que você", ah, me dava sono o tempo inteiro. Mas mesmo com a atuação danificada, Nosso Lar ainda é uma diversão emocionante. E ainda conseguiram passar toda a mensagem através de, não só atuação, mas de gestos e locais. Uma ótima fotografia, acho que uma das melhores dos filmes brasileiros.
Após tantos filmes brasileiros medianos, parece que nosso cinema dá realmente certo, embora tenha uma febre religiosa aparecendo nos últimos anos. Parece que os filmes nacionais com maior estreia nesses anos foram Nosso Lar e Chico Xavier, ambos de 2010, ambos espíritas. Mas não reclamo de nada, é bem melhor vendo o cinema crescer com assuntos duvidosos e que não agradam a toda a população do que ver aqueles filmes com um visual independente que falam sobre um assunto que agrada a maioria com comédias. É só uma questão de tempo para termos superproduções dramáticas brasileiras, se a indústria souber aproveitar todo o seu potencial. E Nosso Lar foi um bom começo para esse longo caminho.
NOTA: 6
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