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10 de abril de 2010

Chico Xavier (2010)

Um filme de Daniel Filho com Giovanna Antonelli, Tony Ramos e Christiane Torloni.

Muitos falam que a indústria de filmes do Brasil é um lixo. E eu até concordo com a maioria dessas pessoas. Agora, generalizar é um pecado. Sempre. Filmes como Grilo Feliz, Se Eu Fosse Você, Xuxa, Didi, A Mulher Invisível, em geral os filmes brasileiros que mais recebem propaganda são bem ruins, embora engraçados em algumas partes. Outros, como Divã, tem sua história bem ruim, mas a atuação salva. Agora para os filmes brasileiros incríveis. Acho que poucos filmes internacionais conseguem superar Cidade De Deus, que foi reconhecido pela IMDb o terceiro melhor filme da década. Além do que, Central do Brasil foi o filme que mais me fez chorar. Chico Xavier, embora não tão clássico como esses dois e mais alguns, é um bom filme, que prova que a indústria cinematográfica brasileira não é um lixo.
O filme conta a história do médium fundador do espiritismo no Brasil, Chico Xavier, que psicografou através de sua mediunidade com os espíritos dos que já foram e consolou milhões de pessoas desamparadas por perdas, pessoas essas que viraram alguns dos milhares de espíritas espalhados pelo mundo. Chico Xavier psicografou mais de 400 livros em toda a sua vida, e morreu no final de 2002. A história do filme se desenrola enquanto ele faz um programa de televisão, que ocorreu na vida real, e nessa entrevista esquetes da sua infância vão passando e explicando sua mediunidade.
O filme peca assim como muitos filmes brasileiros: enquanto eles se mergulham profundamente no drama, a comédia tenta fazer eles emergirem sem sucesso. OK, sei que a parte do avião realmente ocorreu, segundo o próprio Chico Xavier na entrevista verídica. Mas em muitas outras partes o filme pende para a comédia ao invés do drama. A atuação desse filme teve seus altos e baixos. Dos personagens de Chico Xavier, o único que me convenceu foi o garoto. De resto, devo parabenizar a ótima Letícia Sabatella, que embora com uma participação minúscula teve uma das melhores atuações do filme. Também entram na lista o grande Tony Ramos e a magnífica Christiane Torloni, atores que já tem bastante experiência, o que não fez uma grande surpresa.
A história é verídica, porém acho que puxaram muito para a crença espírita. Eu não sou espírita, mas é a religião com que eu mais simpatizo. Mas Chico Xavier puxa demais para o lado da religião, dos espíritos andaram, escreverem e falarem com médiuns. Toda vez que o médium era acusado de farsa, um espírito vinha e o ajudava. OK, e se os espíritos não existirem e Chico Xavier for um grande charlatão? O filme só deixa uma alternativa, quem não cair nela que pode pensar nessa outra. A fotografia foi excelente, nunca vi um filme brasileiro com uma fotografia tão bonita. Minto, já vi. Mas fica entre o top 10. O figurino também, ótimo. Desde as anáguas de Letícia Sabatella até a peruca de Nelson Xavier. Os diálogos são, igual ao filme, bem puxados para o lado da religião.
Tudo pode estragar um filme. Seja a comédia puxada de um filme dramático, seja a religião puxada de um filme de reflexão, seja o filme cuspir algo na cara do espectador e não dar nada mais para ele acreditar. Chico Xavier foi um dos maiores brasileiros de todos os tempos, e merece ser ovacionado de pé. Pena que seu filme não honre sua memória com a mesma glória que ele merece.
NOTA: 6

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