Um filme de Wolfgang Becker com Daniel Brühl e Katrin Sass.
O cinema alemão só vem me presenteando. Embora eu tenha visto pouco até agora, e só tenha visto os mais populares da cena contemporânea, sinto que não vou me decepcionar se me deparar com outra película alemã. Primeiramente, com Corra, Lola, Corra, que apresentou algo parecido com o que os Estados Unidos fizeram em Efeito Borboleta. Após isso, a vida conturbada de Christiane F. e dos adolescentes manipulados d'A Onda, todos beirando o drama profundo. E ainda temos A Vida Dos Outros, o drama típico entre os sistemas capitalista e socialista, numa batalha constante. Adeus, Lenin! quis utilizar dessa batalha através de uma crítica bem humorada e original, mas completamente imparcial.
Christine Kerner (Katrin Sass) é uma mulher batalhadora, completamente socialista, que escreve cartas de reclamação para acabar com os pequenos problemas de sua sociedade igualitária. Porém, ao ver o filho Alex Kerner (Daniel Brühl) numa passeata a favor do capitalismo, ela entra em coma, exatamente no momento em que houve a queda do muro de Berlim. 8 meses depois, ela desperta de seu profundo descanso numa Alemanha totalmente mudada. Como o médico diz que ela não deve sofrer fortes emoções, Alex decide esconder dela sobre a junção das Alemanhas e todo o mundo capitalista que o país se tornou, criando um próprio mundo socialista na casa enquanto ela está de cama.
O roteiro é brilhante, bem original e nos preenche com situações dramáticas e engraçadas durante o filme. Assim como o francês A Culpa É Do Fidel!, que aborda o comunismo aos olhos de uma garota de 9 anos, Adeus, Lenin! se cria através de uma mentira e ganha graça por ter sido feito aos olhos ingênuos de um socialismo com os dias contados, que ficou aprisionado num quarto minúsculo enquanto o capitalismo apenas ganha força pelo mundo. Com todos os seus jogos, o filme quase me convenceu que a Coca-Cola é uma bebida socialista. Além de todas essas alfinetadas sobre o sistema dominante e todas as mentiras para o sistema em extinção, há uma comoção bonita que faz o filme ser classificado como drama, que é o quão longe iria um filho por sua mãe, já que ela é toda a referência que ele teve durante sua vida. Toda a sua criação do mundo ideal é bonita se visar a reação.
A atuação é mediana para cima. Em nenhum momento ela caiu drasticamente, mas foram poucos os que eu me surpreendi. Daniel Brühl conseguiu levar o filme longe, mas sua atuação não chega a ser memorável, se eu me lembrar dessa película provavelmente é pelo roteiro. Katrin Sass é uma das melhores, sua face bondosa e toda a sua atitude cansada foram boas o bastante para arrancar minhas risadas à medida que os acontecimentos ocorriam. Chulpan Khamatova, que interpretou Lara, também merece uma ressalva. A trilha sonora, composta exclusivamente por Yann Tiersen, é magnífica.
Com um roteiro inovador e diferente do proposto atualmente pelas superproduções, Adeus, Lenin! consegue entreter durante toda a sua bela história sobre mentira, história essa que traz teias que a ligam com a corrupção e desigualdade do capitalismo, a tolice e as falhas de um socialismo puro e a essência de um laço familiar bem forte, forte o bastante para criar um mundo novo num mundo novo.
NOTA: 8
30 de setembro de 2010
28 de setembro de 2010
O Último Exorcismo (2010)
Um filme de Daniel Stamm com Patrick Fabian e Ashley Evelyn Bell.
O marketing é um troço bastante traiçoeiro. Eu me lembro de quando ia estreiar Se Beber, Não Case por estas bandas. Eu via a propaganda desse filme em todo o lugar e quando eu vi, me decepcionei. Talvez pelas minhas expectativas altas ou pela falta do meu senso de humor, o que a propaganda promovia era o filme mais engraçado da minha vida e eu não dei risada alguma durante a sessão. O Último Exorcismo é ainda pior. Se Beber, Não Case é divertidinho, tem uma estória coerente e é a fórmula da diversão e das boas risadas, coisa que o mundo fez ao contrário de mim. O Último Exorcismo chega a ser um dos piores filmes que eu já vi na vida, com todas as suas fórmulas batidas e marketing excessivo.
Cotton Marcus (Patrick Fabian) é um padre que faz exorcismos. Mas quando ele vê uma criança morta graças a tentativa de exorcismo, ele decide provar como as técnicas exorcistas são falsas através de um documentário. Para isso, ele e sua equipe vão até a casa de Louis Sweetzer (Louis Herthum) para "exorcizarem" Nell Sweetzer (Ashley Evelyn Bell), sua filha. Eles, então, realizam uma sessão falsa de exorcismo e após verem Nell normal, acham que está tudo bem e que os demônios não passavam de fanatismos religiosos. Mas após alguns incidentes, o ceticismo deles é posto em jogo para mostrar o mal dentro de Nell.
O que eu vi no filme foi uma reciclagem de ideias que deram certo, e essa reciclagem deu muito errado, acho que por uma falta de originalidade e por algumas falhas durante a sessão. Tem toda aquela trama d'O Exorcista no ar, com uma ideia à Bruxa de Blair, com a essência de O Bebê De Rosemary e um suspense que já foi vivenciado em Atividade Paranormal. E aí vai o que deu errado: o ceticismo foi uma faca de dois gumes. Por um lado, estragou o fim do filme. De outro, conseguiu criar certa dúvida entre a possessão da menina até o desfecho. Ah, outra coisa: se você finge que vai fazer um documentário, músicas não surgem do nada. Nem quando está no clímax do clímax. Respirações ofegantes já fazem seu trabalho aí.
A atuação é bem mediana. Comecei gostando de Patrick Fabian no início, mas todo aquele ceticismo babaca criou certa descrença nele. E sua última cena foi péssima. No momento que era para e ter medo, eu ri. Ashley Evelyn Bell me pareceu mais uma criança especial do que uma menina normal e virgem. Mas gostei de suas cenas possuídas porque ela conseguiu fazer um suspense sem precisar de efeitos, apenas com contorcionismo e cuspe, já que aquilo que eu vi não pode ser considerado vômito. Raramente vejo fotografias boas em falsos documentários, em que a câmera treme mais que os assustados.
O Último Exorcismo não se parece nada com um falso documentário já que eles criavam cenas tão falsas e erros tão feios que só conseguiam um afastamento cada vez maior da plateia. Acho que só se parece com o amadorismo. Porém, a ideia é boa: quando um filme que não tenha mortes explícitas e nem efeitos exagerados me assustar, como ocorreu nessa película, pra este eu dou uma nota ótima. Já vou avisando, a cena que mais me assustou foi o pôster do cinema. Cheio de marketing, efeitos e ainda é gratuito.
NOTA: 2
O marketing é um troço bastante traiçoeiro. Eu me lembro de quando ia estreiar Se Beber, Não Case por estas bandas. Eu via a propaganda desse filme em todo o lugar e quando eu vi, me decepcionei. Talvez pelas minhas expectativas altas ou pela falta do meu senso de humor, o que a propaganda promovia era o filme mais engraçado da minha vida e eu não dei risada alguma durante a sessão. O Último Exorcismo é ainda pior. Se Beber, Não Case é divertidinho, tem uma estória coerente e é a fórmula da diversão e das boas risadas, coisa que o mundo fez ao contrário de mim. O Último Exorcismo chega a ser um dos piores filmes que eu já vi na vida, com todas as suas fórmulas batidas e marketing excessivo.
Cotton Marcus (Patrick Fabian) é um padre que faz exorcismos. Mas quando ele vê uma criança morta graças a tentativa de exorcismo, ele decide provar como as técnicas exorcistas são falsas através de um documentário. Para isso, ele e sua equipe vão até a casa de Louis Sweetzer (Louis Herthum) para "exorcizarem" Nell Sweetzer (Ashley Evelyn Bell), sua filha. Eles, então, realizam uma sessão falsa de exorcismo e após verem Nell normal, acham que está tudo bem e que os demônios não passavam de fanatismos religiosos. Mas após alguns incidentes, o ceticismo deles é posto em jogo para mostrar o mal dentro de Nell.
O que eu vi no filme foi uma reciclagem de ideias que deram certo, e essa reciclagem deu muito errado, acho que por uma falta de originalidade e por algumas falhas durante a sessão. Tem toda aquela trama d'O Exorcista no ar, com uma ideia à Bruxa de Blair, com a essência de O Bebê De Rosemary e um suspense que já foi vivenciado em Atividade Paranormal. E aí vai o que deu errado: o ceticismo foi uma faca de dois gumes. Por um lado, estragou o fim do filme. De outro, conseguiu criar certa dúvida entre a possessão da menina até o desfecho. Ah, outra coisa: se você finge que vai fazer um documentário, músicas não surgem do nada. Nem quando está no clímax do clímax. Respirações ofegantes já fazem seu trabalho aí.
A atuação é bem mediana. Comecei gostando de Patrick Fabian no início, mas todo aquele ceticismo babaca criou certa descrença nele. E sua última cena foi péssima. No momento que era para e ter medo, eu ri. Ashley Evelyn Bell me pareceu mais uma criança especial do que uma menina normal e virgem. Mas gostei de suas cenas possuídas porque ela conseguiu fazer um suspense sem precisar de efeitos, apenas com contorcionismo e cuspe, já que aquilo que eu vi não pode ser considerado vômito. Raramente vejo fotografias boas em falsos documentários, em que a câmera treme mais que os assustados.
O Último Exorcismo não se parece nada com um falso documentário já que eles criavam cenas tão falsas e erros tão feios que só conseguiam um afastamento cada vez maior da plateia. Acho que só se parece com o amadorismo. Porém, a ideia é boa: quando um filme que não tenha mortes explícitas e nem efeitos exagerados me assustar, como ocorreu nessa película, pra este eu dou uma nota ótima. Já vou avisando, a cena que mais me assustou foi o pôster do cinema. Cheio de marketing, efeitos e ainda é gratuito.
NOTA: 2
26 de setembro de 2010
Tudo Sobre Minha Mãe (1999)
Um filme de Almodóvar com Cecilia Roth, Penélope Cruz e Marisa Paredes.
Adoro quando eu conheço as marcas de um diretor. Tarantino, por exemplo, gosta de usar suas referências a cultura pop e cores vivas em seus filmes. Stanley Kubrick gostava de um terror psicológico com um misto de confusão e dúvida em suas obras enigmáticas. E não há como negar que um filme é de Hitchcock quando você vê as maiores variações de um thriller que mexe com a mente. O estilo de Almodóvar é o meu favorito, porque foge de qualquer risca clichê que vemos atualmente. Ele não finaliza situações, não se empenha em criar cenas de estofo se forem desnecessárias, utiliza-se de uma fotografia espetacular e isso faz com que ele crie tantas cenas quanto possível em menos de duas horas, deixando o filme com um gostinho de "quero mais" e conseguindo caracterizar e trabalhar mais a essência dos personagens.
Manuela (Cecilia Roth) vive em Madrid com seu filho, um aspirante a escritor, e trabalha na doação de órgãos. Na noite do aniversário de 17 anos de seu filho, ela o leva para ver "Um Bonde Chamado Desejo", estrelada pela atriz Huma Rojo (Marisa Paredes). Após a peça, o filho tenta pegar um autógrafo da atriz, mas é atropelado e morre. Em profunda depressão e em luto por seu filho, Manuela decide que o pai dele deveria saber da morte e vai à Barcelona contar-lhe do acontecido. Mas no caminho, ao invés de encontrar com o pai, Lola (Toni Cantó), ela encontra o travesti Agrado (Antonia San Juan), um amigo de velhos tempos, além de conhecer a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.
Entrou na lista das melhores atuações que eu já vi. Para terem uma ideia, a mais insossa do filme é Penélope Cruz. Cecilia Roth está absolutamente fantástica, me senti no lugar dela durante todo o filme e o poder de comoção que ela tem é incrível. Marisa Paredes é outra que me chamou a atenção, esplêndida. Tenho que dizer o quanto gostei de Antonia San Juan por mais exagerada que fosse sua atuação, a explicação se dá por ser um travesti estabanado e exibido, além de dar todo o humor do filme. A fotografia é belíssima. Uma coisa que pensei em atribuir foi o fato do filme explorar o perfeccionismo no travestismo, a cena de Toni Cantó chorando é linda.
É um ótimo roteiro. Uma situação nova é explorada em cada cena que se passa, só aumentando a dor de Manuela e a tensão do público. E todo o relato da vida infeliz e interligada dos personagens é viciante, por menos simpatizantes que sejam. Almodóvar criou personagens únicos em seus defeitos e qualidades que cativam o público facilmente com seus jargões. Ainda mais: além de ser uma história triste, Antonia San Juan promove um show de humor tal que barra qualquer comédia escrachada atual.
Tudo Sobre Minha Mãe é divertido, com uma história surreal e instigante. Consegue emocionar e fazer rir sem perder o seu caráter. Consegue criar estereotipos sem se utilizar de clichês. Consegue ter aquele visual de filme independente e agradar a todos, além de ter uma fotografia que nem uma câmera amadora estragaria. E tudo, o modo que a história é contada, seus protagonistas e coadjuvantes, tudo, tudo, tudo, é pra se olhar e dizer: esse aí é um Almodóvar. E um dos melhores de Almodóvar.
NOTA: 9
Adoro quando eu conheço as marcas de um diretor. Tarantino, por exemplo, gosta de usar suas referências a cultura pop e cores vivas em seus filmes. Stanley Kubrick gostava de um terror psicológico com um misto de confusão e dúvida em suas obras enigmáticas. E não há como negar que um filme é de Hitchcock quando você vê as maiores variações de um thriller que mexe com a mente. O estilo de Almodóvar é o meu favorito, porque foge de qualquer risca clichê que vemos atualmente. Ele não finaliza situações, não se empenha em criar cenas de estofo se forem desnecessárias, utiliza-se de uma fotografia espetacular e isso faz com que ele crie tantas cenas quanto possível em menos de duas horas, deixando o filme com um gostinho de "quero mais" e conseguindo caracterizar e trabalhar mais a essência dos personagens.
Manuela (Cecilia Roth) vive em Madrid com seu filho, um aspirante a escritor, e trabalha na doação de órgãos. Na noite do aniversário de 17 anos de seu filho, ela o leva para ver "Um Bonde Chamado Desejo", estrelada pela atriz Huma Rojo (Marisa Paredes). Após a peça, o filho tenta pegar um autógrafo da atriz, mas é atropelado e morre. Em profunda depressão e em luto por seu filho, Manuela decide que o pai dele deveria saber da morte e vai à Barcelona contar-lhe do acontecido. Mas no caminho, ao invés de encontrar com o pai, Lola (Toni Cantó), ela encontra o travesti Agrado (Antonia San Juan), um amigo de velhos tempos, além de conhecer a freira Rosa (Penélope Cruz) e a própria Huma Rojo.
Entrou na lista das melhores atuações que eu já vi. Para terem uma ideia, a mais insossa do filme é Penélope Cruz. Cecilia Roth está absolutamente fantástica, me senti no lugar dela durante todo o filme e o poder de comoção que ela tem é incrível. Marisa Paredes é outra que me chamou a atenção, esplêndida. Tenho que dizer o quanto gostei de Antonia San Juan por mais exagerada que fosse sua atuação, a explicação se dá por ser um travesti estabanado e exibido, além de dar todo o humor do filme. A fotografia é belíssima. Uma coisa que pensei em atribuir foi o fato do filme explorar o perfeccionismo no travestismo, a cena de Toni Cantó chorando é linda.
É um ótimo roteiro. Uma situação nova é explorada em cada cena que se passa, só aumentando a dor de Manuela e a tensão do público. E todo o relato da vida infeliz e interligada dos personagens é viciante, por menos simpatizantes que sejam. Almodóvar criou personagens únicos em seus defeitos e qualidades que cativam o público facilmente com seus jargões. Ainda mais: além de ser uma história triste, Antonia San Juan promove um show de humor tal que barra qualquer comédia escrachada atual.
Tudo Sobre Minha Mãe é divertido, com uma história surreal e instigante. Consegue emocionar e fazer rir sem perder o seu caráter. Consegue criar estereotipos sem se utilizar de clichês. Consegue ter aquele visual de filme independente e agradar a todos, além de ter uma fotografia que nem uma câmera amadora estragaria. E tudo, o modo que a história é contada, seus protagonistas e coadjuvantes, tudo, tudo, tudo, é pra se olhar e dizer: esse aí é um Almodóvar. E um dos melhores de Almodóvar.
NOTA: 9
Assinar:
Postagens (Atom)