Um filme de André Pellenz com Paulo Gustavo, Suely Franco, Mariana Xavier e Rodrigo Pandolfo.
Eu, como faço parte de uma minúscula parcela do teatro desse grande Brasil artista, não concordo de maneira nenhuma na transferência de algumas peças para a telona. Há, claro, várias exceções - a maioria provém de obras de Nelson Rodrigues, que se provaram ótimos filmes. Mas o que vemos atualmente é uma epidemia da transformação da comicidade em cinema, ao meu ver, de forma desnecessária, descentralizando o povo do teatro para as telonas. As últimas divulgações de filmes baseados em peças se mostram comédias fraquíssimas, algumas que ainda não passam nem de trailers não empolgam nem o espectador.
Não foi grande surpresa, porém, ver que o filme do ótimo Paulo Gustavo, Minha Mãe é uma Peça, baseado em sua peça homônima, é uma da também minúscula parcela de comédias que funcionam. Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma mãe como qualquer outra, a narração em off inicial frisa isso muito bem. A atarefada dona de casa tem três filhos: Garib (Bruno Bebbiano), o filho criado e casado; Marcelina (Mariana Xavier), a filha que mais dá trabalho; e Juliano (Rodrigo Pandolfo), o doce e meigo filho caçula. Quando Hermínia ouve uma conversa, ela não aguenta a pressão dos filhos e vai para a casa de sua tia Zélia (Suely Franco).
O roteiro é mais do que desnecessário. O filme inteiro é costurado, dividido em pequena esquetes de humor, o que não caracteriza um filme, caracteriza um grande stand-up baseado em memórias mais cômicas do que emotivas. Os flashes de memória só servem separadamente, já que qualquer ligação entre eles dói e não se encaixa. A desculpa dada pelo longa-metragem é a construção da história do cotidiano materno, o que até funciona como plano de fundo para algumas histórias de crescimento. Outras, como a relação com as vizinhas ou até a descoberta da morte familiar são completamente desnecessárias e causam um efeito destoante ou até mesmo ridículo.
O filme, inegavelmente, é de Paulo Gustavo. O brilho deve se deve a sua experiência nos palcos fazendo seu monólogo. A caracterização do ator como mulher é incrível, sem forçar a barra. Por mais que a caracterização do bóbis seja um tanto quanto exagerada, até mesmo sem eles Paulo Gustavo é verossímil. Muitos falam que ele é a única coisa engraçada do filme. Discordo com veemência. Ingrid Guimarães, Samantha Schmütz, Alexandra Richter, Rodrigo Pandolfo e Mariana Xavier têm um desempenho excelente e uma veia cômica que ajuda a levar as cenas sem o astro. Herson Capri e Suely Franco parece que são mecanizados, como se só servissem para apoio, e Bruno Bebbiano fica abaixo da linha do mediano. Vale apontar também atores como Mônica Martelli, mais do que má aproveitada pela fita. Vale ressaltar que a peça desta última (Os homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!) também está programada pra virar filme.
Paulo Gustavo é um ator ótimo, seu programa 220 Volts e as peças em seu currículo são provas disso. Minha Mãe é uma Peça é mais uma destas provas do talento do comediante. Por mais que a comédia nacional seja uma das que mais me fez rir neste ano de 2013, não posso retirar minha certeza inicial: é um filme que deveria continuar nos teatros.
Eu, como faço parte de uma minúscula parcela do teatro desse grande Brasil artista, não concordo de maneira nenhuma na transferência de algumas peças para a telona. Há, claro, várias exceções - a maioria provém de obras de Nelson Rodrigues, que se provaram ótimos filmes. Mas o que vemos atualmente é uma epidemia da transformação da comicidade em cinema, ao meu ver, de forma desnecessária, descentralizando o povo do teatro para as telonas. As últimas divulgações de filmes baseados em peças se mostram comédias fraquíssimas, algumas que ainda não passam nem de trailers não empolgam nem o espectador.
Não foi grande surpresa, porém, ver que o filme do ótimo Paulo Gustavo, Minha Mãe é uma Peça, baseado em sua peça homônima, é uma da também minúscula parcela de comédias que funcionam. Dona Hermínia (Paulo Gustavo) é uma mãe como qualquer outra, a narração em off inicial frisa isso muito bem. A atarefada dona de casa tem três filhos: Garib (Bruno Bebbiano), o filho criado e casado; Marcelina (Mariana Xavier), a filha que mais dá trabalho; e Juliano (Rodrigo Pandolfo), o doce e meigo filho caçula. Quando Hermínia ouve uma conversa, ela não aguenta a pressão dos filhos e vai para a casa de sua tia Zélia (Suely Franco).
O roteiro é mais do que desnecessário. O filme inteiro é costurado, dividido em pequena esquetes de humor, o que não caracteriza um filme, caracteriza um grande stand-up baseado em memórias mais cômicas do que emotivas. Os flashes de memória só servem separadamente, já que qualquer ligação entre eles dói e não se encaixa. A desculpa dada pelo longa-metragem é a construção da história do cotidiano materno, o que até funciona como plano de fundo para algumas histórias de crescimento. Outras, como a relação com as vizinhas ou até a descoberta da morte familiar são completamente desnecessárias e causam um efeito destoante ou até mesmo ridículo.
O filme, inegavelmente, é de Paulo Gustavo. O brilho deve se deve a sua experiência nos palcos fazendo seu monólogo. A caracterização do ator como mulher é incrível, sem forçar a barra. Por mais que a caracterização do bóbis seja um tanto quanto exagerada, até mesmo sem eles Paulo Gustavo é verossímil. Muitos falam que ele é a única coisa engraçada do filme. Discordo com veemência. Ingrid Guimarães, Samantha Schmütz, Alexandra Richter, Rodrigo Pandolfo e Mariana Xavier têm um desempenho excelente e uma veia cômica que ajuda a levar as cenas sem o astro. Herson Capri e Suely Franco parece que são mecanizados, como se só servissem para apoio, e Bruno Bebbiano fica abaixo da linha do mediano. Vale apontar também atores como Mônica Martelli, mais do que má aproveitada pela fita. Vale ressaltar que a peça desta última (Os homens são de Marte... E é pra lá que eu vou!) também está programada pra virar filme.
Paulo Gustavo é um ator ótimo, seu programa 220 Volts e as peças em seu currículo são provas disso. Minha Mãe é uma Peça é mais uma destas provas do talento do comediante. Por mais que a comédia nacional seja uma das que mais me fez rir neste ano de 2013, não posso retirar minha certeza inicial: é um filme que deveria continuar nos teatros.
NOTA: 6
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