Pages

19 de novembro de 2010

O Assassino em Mim (2010)

Um filme de Michael Winterbottom com Casey Affleck, Jessica Alba e Kate Hudson.

O que difere este de outros filme de psicopatia, de uma película com sadismo incontrolável? A mesma coisa utilizada no ótimo Laranja Mecânica de Stanley Kubrick e Violência Gratuita de Michael Haneke. Nesse caso, nós não somos uma Jodie Foster boazinha, que tem que resolver crimes do dr. Hannibal em segundo plano. Nesse caso nós somos Casey Affleck, um psicopata que mata sem qualquer razão aparente, que tenta convencer o espectador a todo custo que ele é o injustiçado de toda essa história. E vemos de pouco em pouco sua mente doentia fazendo o jogo virar a cada minuto, seja em suas ações, seja em suas conversas com o público, sendo o amigo compreensivo que mata sem motivo.
Lou Ford (Casey Affleck) é um policial de uma pequena e pacata cidade no Texas na década de 50. A cultura não favorece muito sua cidade, lá os homens são cavaleiros e as mulheres são damas recatadas. Não se pergunta com quem você está saindo e um palavrão é um desvio imenso. Nesse cenário, Lou recebe um chamado reclamando da garota de programa Joyce (Jessica Alba) e vai averiguar o que se passa. No momento que chega na casa da prostituta, ele se sente atraída e a toma como amante. Ao mesmo tempo, ele namora com a bela Amy (Kate Hudson), uma garota apaixonada completamente por ele. A partir dessa situação, vemos de pouco em pouco Lou mostrar seu lado mais doentio, o que o compromete com os mais observadores.
O bom do filme é a narração e o envolvimento do personagem na história. A partir do começo dá para se confundir com apenas mais um caso de adultério numa sociedade intolerante e que eu ia dormir na metade. Quando eu realmente penso em fechar os olhos, aí é que começa a parte boa, que mal me deixa piscar. O filme trata a violência com tanta indiferença que não temos a sensação de ver um clássico de Hitchcock, com a trilha sonora acentuada nos momentos de suspense extremo, e sim um romance doce. Não podemos confiar no filme, está aí. Ele nos mostra que consegue chocar sem qualquer previsão de uma surra ou de um enforcamento, apenas com a realidade mais maçante que se pode ter. Além do mais, Casey Affleck relata o tempo inteiro a história de sua mente perturbada. O problema fica no ar: como compreendemos um filme tão ruim se nosso ponto de referência não tem noção do que realmente faz?
A trilha sonora é ótima. Misturada com músicas doces e um piano a cada fim de dia há toda a violência gratuita e explícita na película, que trás uma surpresa nata, ao mesmo tempo de um tédio insuportável. Casey Affleck poderia estar bem melhor, mas consegue convencer boa parte do filme como o perturbado que ele é. É difícil eleger a melhor atuação do filme, nenhuma me chamou a atenção em especial. Casey Affleck poderia ter tido um melhor aproveitamento do personagem, que tem várias manias não aproveitadas no longa. Jessica Alba é uma candidata, me convence durante seus poucos minutos de filme, minutos esses que são aproveitados numa cama com o psicopata. Não posso dizer muito de Kate Hudson, já que ela teve quase a mesma carga que Jessica Alba, mas estava bem. A fotografia é muito bonita, ainda mais levando em conta o lugar das filmagens, que a torna ainda melhor.
O Assassino em Mim não é o melhor filme de 2010, não vejo porque foi tão comentado no Sundance, não é o melhor filme sobre a violência, nem é muito bem explorado. Mas é interessante ver na película os delírios do personagem de Casey Affleck que é um Hannibal em suas ações humanas, mas não chega perto do canibal ao mostrar seu lado violento. Há certa parte do filme em que ele começa a descrever as pessoas a partir do seu ponto de vista, sendo um o vilão, outro o capanga. É um filme invertido em seus valores morais, não é o melhor de 2010 mas merece ser visto.
NOTA: 7

5 comentários:

Sebo disse...

Um filme que hpa muito tempo estou curioso!

abs,
sebosaukerl.blogspot.com

renatocinema disse...

Fiquei instigado para assistir. Belo texto.

Cristiano Contreiras disse...

Vou vê-lo!

Matheus Lara disse...

Acabei de assistir. E gostei DEMAIS.
Winterbottom tá encarando o que o David Fincher encarou em 99 quando lançou o então "horrível" Clube da Luta, explorando ultraviolência e questões psicológicas.

Anônimo disse...

NA VERDADE TÓ SATURADO DESTA VIOLENCIA SEM FIM ,ACHO UM ABSURDO A COMPARAÇÃO COM LARANJA MECANICA NA VERDADE O CINEMA VIVE UMA CERTA CARENCIA DE CONTEUDO VIOLENCIA POR VIOLENCIA DOS NOTICIARIOS DIARIOS JÁ SÃO A PROPRIA PRODUÇÃO DO COTIDIANO . AFFFE TROCANDO EM MIUDOS NÃO RECOMENDO.