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13 de outubro de 2010

Amnésia (2001)

Um filme de Christopher Nolan com Guy Pearce e Carrie-Anne Moss.

O típico filme feito para se ver duas vezes, o típico filme que não perde a linha e não para com seu enredo rápido em nenhum momento. É preciso muita atenção para conseguir acompanhar a estranha ordem de Amnésia: o roteiro segue como lampejos de memória do protagonista, indo de trás para frente, diferenciando cenas do passado e do futuro através de imagens em preto e branco. E eu duvido que o filme tivesse o sucesso que tem com sua cronologia seguida religiosamente, seria apenas mais um perdido no meio atual. O filme inteiro é um quebra-cabeças que dá a impressão de ter uma peça faltando, sendo visto de frente para trás ou de trás para frente.
Após ter sua esposa assassinada e estuprada, Leonard Shelby (Guy Pearce) sofre uma pancada pelos assassinos e começa a se esquecer de tudo o que acontece após o acidente, poucos minutos após acontecer. Para ele poder se lembrar do que acontece ele tem que se tatuar e tirar fotos polaroid de tudo, fazendo anotações para não se esquecer do que lhe interessa. Mesmo nesse estado de amnésia a curto prazo ele decide uma vingança ao assassino de sua esposa.
O roteiro é incrível, genial. Tudo criado para Leonard poder fazer uma investigação sem se lembrar de fatos recentes, muito bom. Um cena ótima foi ver como tiram vantagem de sua sequela, criando uma dúvida em quem é mal e quem finge ser bom para se aproveitar da pouca memória dele. Mas os aplausos do roteiro são por não retirar o ritmo um segundo sequer do filme, a atenção do espectador é essencial para qualquer entendimento já que você tem que fazer uma associação entre as cenas cortadas apresentadas na película. Ah, e a ótima narrativa também deve ser levada em conta para o desempenho de Amnésia já que trás um aspecto interativo, você vê a memória do personagem funcionando na telona através de lampejos confusos e paralelos, podendo demorar um dia inteiro ou poucos minutos para Guy Pearce perder sua memória, causando até uma certa comicidade nas cenas. Algo que achei interessante é que as cenas coloridas vem de trás para frente enquanto a preto-e-branco segue a linearidade normal. E quando as duas se chocam, vemos a primeira e a última cena se repetindo.
Boa atuação de Guy Pearce, ele conseguiu trazer a tona o melhor e o pior de seu personagem na hora certa, mistura que criou um bom resultado. Carrie-Anne Moss está ótima, sua Natalie ora aproveitadora ora carente é algo único para ser ver. Tenho que falar que Joe Pantoliano está o cúmulo da falsidade no filme, mas no bom sentido. Sua interpretação do misterioso Teddy - afinal ele é um traficante perigoso ou um policial que quer ajudar Leonard? - está magnífica. A direção fica por conta do grande Christopher Nolan - responsável pelo famoso Batman: O Cavaleiro Das Trevas e por A Origem, o melhor filme de 2010 até agora - que criou essa obra-prima com maestria.
Misterioso. Envolvente. E, por pior que seja o trocadilho, inesquecível. Isso é Amnésia, a obra-prima de Christopher Nolan que te envolve por duas horas como se sua mente funcionasse por lacunas e como se essas lacunas fossem se fechando a medida que uma nova surgisse. É criar um quebra-cabeça e ter de resolver com as poucas informações, é guardar o que você quer na sua mente criando estereotipos diferentes para uma mesma pessoa através de primeiras impressões, através de uma lógica incompleta, através de uma vingança cega que consumiu o personagem de Guy Pearce de modo que ele insistisse em continuar caçando e caçando qualquer um que se encaixe na sua visão de assassino. Um filmaço.
NOTA: 9

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