Um filme de Julian Schnabel com Mathieu Amalric e Max Von Sydow.
O filme não é o primeiro nem o último a dar essa moral de viva a vida enquanto pode. Além de O Escafandro E A Borboleta, posso também citar Wall-E, Antes de Partir, As Férias Da Minha Vida, Click e muitos outros. Mas esse foi o único que eu vi que conseguiu me comover. Acho que parte pela história ser real, parte por cenas chocantes que nem todos acham chocantes, parte pelo modo de filmar, parte pelo livro, parte por ver que muitas pessoas também sofrem para aprender a viver, não como os gordinhos de Wall-E, mas sim como tetraplégicos com poucos dias de vida. E o melhor dessa filme é que ele não vira uma comédia no meio, sempre continua real, apenas fugindo pela imaginação.
O filme conta a história do editor-chefe da revista Elle, Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), após um derrame, que o faz ficar totalmente paralisado, apenas tendo como único movimento o olho esquerdo. Além disso, ele ainda consegue ver, ouvir e pensar. E desde aí ele começa a ver o quão ruim estava sua vida, embora ele tivesse tudo o que queria, ainda remoía os pequenos detalhes e não achava como se desculpar dos erros que tinha cometido no passado. Até que, apenas com seu olho e sua memória, ele cria um livro piscando, falando sobre o que vivera até o acidente e como ele se aprisionou no seu escafandro.
Me emocionei muito com algumas cenas, como ele sabendo que seu olho estava sendo costurado sem poder falar nada ou quando ele teve o derrame, o filho vendo o pai ter um ataque e não poder fazer nada. Bela cena. Toda vez que a fonoaudióloga começava com o E-S-A-R-I-N, eu começava a piscar. E aí vai outra coisa que eu gostaria de elogiar no filme: Ótima ideia ter feito um filme com o ponto de vista do personagem. Você sente a agonia dele de tentar virar a cabeça, sente ele piscando e falando consigo mesmo sobre o que acontecera. A trilha sonora é fabulosa, aquela música do Procurando Nemo (bem, eu a conheci em Procurando Nemo) cantada em francês no início e no fim do filme e as músicas infantis murmuradas por ele são as que mais marcaram.
A atuação não fica atrás. Mathieu Amalric ficou perfeito no papel, pelo menos na parte após o derrame. Max Von Sydow também ficou excelente no papel do pai, a cena do telefonema para o filho é ótima. Também para a ótima Emmanuelle Seigner, que acho que interpretou muito bem o seu papel. O filme é atual, então não preciso comentar a maquiagem e o figurino, embora o figurino de Jean-Dominique ficou ótimo. O chapéu de castor, o cobertor xadrez nas pernas e o esparadrapo no olho durante todo o filme. Excelente. Agora a fotografia me surpreendeu, ficou excelente, tão boa quanto tudo nesse excelente filme.
Saber que uma pessoa passou por tudo isso, que escreveu um livro best-seller apenas piscando, que teve de ver os filhos o olhando como um completo estranho enquanto queria abraçá-los, mas só podia ficar sentado, observar tudo que cometeu na vida e não poder consertar nada. Isso me emociona, realmente.
NOTA: 10
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