Chocolate (2000)

Um filme de Lasse Hallstrom com Johnny Depp, Juliette Binoche e Judi Dench.

Um filme que começou bom e terminou ruim. Algo bem clichê hoje em dia, não sei porque ao invés deles fugirem da tranquilidade e do normal, assim como fizeram no começo do filme, não terminou do mesmo jeito. Não que eu odeie finais felizes, mas esse foi bem imprevisível e tinha tudo para ter um final brilhante. Que pena, eu realmente gostei do que o filme falou.
Começa numa pequena cidade, onde todas as casas são iguais, tijolos brancos, telhas cinzas. As mulheres usam vestidos longos e sapatos pretos. Os homens usam sempre uma boina e sua casaca do dia-a-dia. E isso é um dia normal numa cidade onde fofocas são ignoradas, os problemas pessoais são escondidos e nada de interessante acontece. Até que o vento da mudança chega na forma de chocolate. E, claro, como ninguém quer sair da sua vida de "tranquillité" para experimentar o desconhecido. E então começa uma briga intensa entre a vida pacata e sem sal da cidadezinha contra o delicioso e diabólico chocolate.
O roteiro, como já disse, me decepcionou muito no fim, após o conde pegar a faca e ir até a chocolateria. Desde então o filme ficou super previsível. Mas enquanto o filme não toma o rumo do desastre, ele é nada menos que brilhante. Tem frases naquele filme que merecem ficar em lugares melhores do que perfis de orkut. E a história de cada um dos habitantes é fabulosa por si própria. Sobre fotografia, o filme consegue ser delicioso, assim como o tema principal. A claridade e a diferença da tonalidade entre a mudança do chocolate, representado por cores vivas e os costumes da cidade, representado por cores mortas, ficou excelente. Isso cabe exatamente no mesmo lugar do figurino, percebe-se a diferença entre o preto e o cinza do vermelho claríssimo. Até o chocolate brilhava mais do que a roupa de qualquer um ali.
Agora atuação. Tenho de dizer que Johnny Depp foi Johnny Depp, do jeito que qualquer um que vê Piratas do Caribe repetidas vezes imagina Johnny Depp. Juliette Binoche também uma excelente atriz, mas não me surpreendeu tanto quanto Victoire Thivisol, que fez a pequena Anouk, e Alfred Molina, que fez o político-cristão estereotipado perfeito. Lena Olin me surpreendeu bastante em algumas partes interpretando Josephine. Mas tenho de dizer que o brilho desse filme vai para Judi Dench. Tão boa, tão boa, tão boa, não achei falhas na atuação dela, as frases dela, a personagem dela. Além da atuação, a trilha sonora também ficou impecável, com instrumentais variados entre aqueles violinos de chocolate ou a festa com os violões piratas.
Chocolate não é um filme perfeito, mas também não procura por isso. Procura por denunciar uma vida baseada simplesmente em crenças e costumes, uma vida completamente caída num nível de clichê insuportável, que não consegue se dar bem com qualquer sinal de mudança em volta. Bem, enquanto o roteiro está bom, devo dizer que as críticas feitas a segurança das pessoas numa vida chata e ao medo do desconhecido ficaram ótimas. E palmas novamente para Judi Dench.
NOTA: 7