Um filme de James Mangold com Winona Ryder, Angelina Jolie e Brittany Murphy.
O que é verdade, o que é mentira, o que é real, o que não é? É exatamente isso que Winona Ryder busca o tempo inteiro nesse filme e o que Angelina Jolie se mostra certa em conseguir diferenciar. E por mais que, nós, simples espectadores, já tenhamos todos os conceitos definidos e manipulados em nossa mente, a semente da dúvida se instala calmamente aqui, mesmo que essa dúvida seja colocada por uma sociopata que está internada num centro de reabilitação por 8 anos. Será que estamos vivendo mesmo o real e o verdadeiro ou tudo é uma mentira que pregaram em nós? Afinal, em Garota, Interrompida os loucos são os normais e os normais são os loucos.
Susanna Kaysen (Winona Ryder) é uma jovem cujo único plano é ser escritora, plano esse interrompido após ela tomar um vidro de aspirinas com 4 litros de vodca para se livrar de uma dor de cabeça. A partir daí, ela é diagnosticada com um distúrbio de personalidade e vai para um centro de reabilitação, cheio de garotas que a sociedade considera incapazes. Porém ela se vê fazendo amizades rapidamente e se juntando às problemáticas graças a uma relação bem profunda com Lisa Rowe (Angelina Jolie), uma sociopata manipuladora.
Não sei dizer de quem gostei mais neste filme. Interpretar personagens com essas personalidades sempre é uma alavanca para a carreira, além de mostrar a maior capacidade que o ator tem. Essa capacidade eu vi na carismática Angelina Jolie, com seus joguinhos de sedução para conseguir sempre ter o controle das situações; e na mentalmente perturbada Brittany Murphy, cujas cenas em que participou rechearam meus olhos com o que eu defino como loucura. Winona Ryder também é digna de ressalva, consegue levar o filme inteiro com sua história. Whoopi Goldberg, por menos que aparecesse na obra, também interpretou grandiosamente a enfermeira-chefe.
É um ótimo roteiro. Totalmente imprevisível, o rumo que os acontecimentos tomam são uma surpresa para o público. O fim não foi de todo agradável, mas foi o melhor para o filme para enfim resolver todo o bafafá que foi criado em relação à sociedade "capaz". Acho que preciso dizer o quanto gelei em certas cenas, como a parte da casa de Daisy ou quando o centro vai tomar sorvete. Gostei da trilha sonora e da fotografia.
Garota, Interrompida teve seu sucesso feito. Afinal, quem não gostaria de ver essa história? Uma garota considerada louca que vai parar numa clínica e lá sofre influências do mundo da loucura sobre o mundo normal e do mundo normal sobre o da loucura (algo que me lembra até partes de A Troca, que também tem Jolie). Agora eu realmente preciso que me digam: qual dos dois é o normal e qual dos dois é a loucura? Através de uma abordagem lógica e tradicional, o "normal" me convence que ele é o certo. Mas o mundo da loucura é tão sutil e carismático, assim como Angelina Jolie, que não consigo mais ter certeza.
NOTA: 9
29 de agosto de 2010
28 de agosto de 2010
2001: Uma Odisséia no Espaço (1968)
Um filme de Stanley Kubrick com Keir Dullea e Gary Lockwood.
Não é um filme para se ter certeza, sim pra se ter dúvida. 2001: Uma Odisséia no Espaço é um clássico, sem sombra de dúvida, e um clássico anos a frente do seu tempo. Um clássico que foi parodiado nesses últimos 42 anos, um clássico que teve uma trilha sonora marcante, um clássico que teve metade de seu filme no completo silêncio, um clássico sem falas, um clássico sobre uma excursão espacial que segue corretamente todas as leis da física, um clássico que tem explicações lógicas para tudo que acontece, um clássico que contem várias mensagens que eu pude identificar e várias outras que eu não identifiquei de primeira vez e talvez muitas outras que eu nunca irei identificar. Agora quem poderá me explicar porque esse filme, tão entediante com suas cores e poucos diálogos, que me fez divagar durante momentos de pura fotografia, é um clássico?
4 milhões de anos após um monolito negro aparecer misteriosamente na Lua uma equipe de astronautas experientes é enviada para Júpiter, de onde o monolito aparentemente surgiu. A equipe é composta dos experientes Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood), além de mais 3 pesquisadores, que se encontram em estado de hibernação, e do computador HAL 9000, que controla toda a espaçonave. Porém, no meio da viagem, HAL assume o controle e vai matando os tripulantes.
Que 2001: Uma Odisséia no Espaço é bem entediante em certas partes, não vou negar isso. Mas foi uma boa estratégia de Kubrick para conseguir mais explicações e mostrar suas visões sobre o universo que ele criou para o filme. Além do mais, o filme é um daqueles com várias interpretações sobre um único assunto. Tenho certeza que existem pessoas que entendem o filme do início ao fim, mas quem somos nós para julgar certas interpretações? De monolitos à ondas coloridas, tudo exala dúvida nessa película, dúvida que se agrava nos últimos momentos.
Atuação, fotografia, trilha sonora, Kubrick conseguiu fazê-los mover em torno da história. A atuação sem sal e sem emoções de Keir Dullea e Gary Lockwood, ao meu ver, foi um reflexo da sociedade em que eles viviam, uma sociedade em que um computador faz tudo. A fotografia e a trilha sonora exalaram perfeição. Que adorei o filme, adorei, ainda mais por não ter aqueles sons constantes no vácuo que eu observo em Star Wars.
Essa pérola supera qualquer filme desse gênero atualmente por ser verdadeiro, e espero que vocês me entendam quando eu digo verdadeiro. E, sinceramente, não vejo mais porque atribuir o título clássico em cima dele a não ser pelo simples motivo de que Stanley Kubrick é um visionário e com um filme que chega a ser maçante em algumas partes, que não tem atrativos para efeitos especiais e que não é compreendido por todos, conseguir todo o sucesso que 2001: Uma Odisséia no Espaço conseguiu ao longo desse anos.
NOTA: 8
Não é um filme para se ter certeza, sim pra se ter dúvida. 2001: Uma Odisséia no Espaço é um clássico, sem sombra de dúvida, e um clássico anos a frente do seu tempo. Um clássico que foi parodiado nesses últimos 42 anos, um clássico que teve uma trilha sonora marcante, um clássico que teve metade de seu filme no completo silêncio, um clássico sem falas, um clássico sobre uma excursão espacial que segue corretamente todas as leis da física, um clássico que tem explicações lógicas para tudo que acontece, um clássico que contem várias mensagens que eu pude identificar e várias outras que eu não identifiquei de primeira vez e talvez muitas outras que eu nunca irei identificar. Agora quem poderá me explicar porque esse filme, tão entediante com suas cores e poucos diálogos, que me fez divagar durante momentos de pura fotografia, é um clássico?
4 milhões de anos após um monolito negro aparecer misteriosamente na Lua uma equipe de astronautas experientes é enviada para Júpiter, de onde o monolito aparentemente surgiu. A equipe é composta dos experientes Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood), além de mais 3 pesquisadores, que se encontram em estado de hibernação, e do computador HAL 9000, que controla toda a espaçonave. Porém, no meio da viagem, HAL assume o controle e vai matando os tripulantes.
Que 2001: Uma Odisséia no Espaço é bem entediante em certas partes, não vou negar isso. Mas foi uma boa estratégia de Kubrick para conseguir mais explicações e mostrar suas visões sobre o universo que ele criou para o filme. Além do mais, o filme é um daqueles com várias interpretações sobre um único assunto. Tenho certeza que existem pessoas que entendem o filme do início ao fim, mas quem somos nós para julgar certas interpretações? De monolitos à ondas coloridas, tudo exala dúvida nessa película, dúvida que se agrava nos últimos momentos.
Atuação, fotografia, trilha sonora, Kubrick conseguiu fazê-los mover em torno da história. A atuação sem sal e sem emoções de Keir Dullea e Gary Lockwood, ao meu ver, foi um reflexo da sociedade em que eles viviam, uma sociedade em que um computador faz tudo. A fotografia e a trilha sonora exalaram perfeição. Que adorei o filme, adorei, ainda mais por não ter aqueles sons constantes no vácuo que eu observo em Star Wars.
Essa pérola supera qualquer filme desse gênero atualmente por ser verdadeiro, e espero que vocês me entendam quando eu digo verdadeiro. E, sinceramente, não vejo mais porque atribuir o título clássico em cima dele a não ser pelo simples motivo de que Stanley Kubrick é um visionário e com um filme que chega a ser maçante em algumas partes, que não tem atrativos para efeitos especiais e que não é compreendido por todos, conseguir todo o sucesso que 2001: Uma Odisséia no Espaço conseguiu ao longo desse anos.
NOTA: 8
27 de agosto de 2010
Shortbus (2006)
Um filme de John Cameron Mitchell com Sook-Yin Lee e Paul Dawson.
Utilizar o sexo num filme é algo perigosíssimo. Se utilizado da maneira errada, ele vira apelativo e passa de uma comédia para um pornô facilmente. Nota-se que eu não coloquei que excesso de sexo num filme o torna indecente e livre de qualquer tentativa de apelo moral. E é isso que eu admirei em Shortbus: todas as cenas tem alto teor sexual. A moral que eles quiseram passar no final pode ser facilmente comparada com orgasmos, o que não a torna menos interessante que outras.
Na Nova York, após o 11 de Setembro, vemos diversos personagens interagirem em suas diversas vidas: temos Sophia Lin (Sook-Yin Lee), uma terapeuta sexual que é pré-orgástica, ou seja, não consegue atingir o orgasmo; temos James e Jamie (Paul Dawson e PJ DeBoy, respectivamente), um casal gay que quer abrir o relacionamento para um patamar poligâmico; e Severin (Lindsay Beamish), uma dominatrix que gosta de tirar fotos inconvenientes. O que todos eles têm em comum? Todos frequentam o Shortbus, um clube onde as pessoas consideradas estranhas pela sociedade vão, se encontram e acham um modo de se divertir, seja fazendo sexo ou conversando, desde que ajude a relaxar após o caos que foi a queda do World Trade Center.
O que gosto na história é porque essa não se rendeu ao clichê. Normalmente histórias com muito sexo se tornam apelativas. Essa se tornou inteligente e divertida. Normalmente histórias com personagens tão fortes quanto um casal gay ou uma dominatrix tratam do preconceito. Essa tratou da liberdade, sem qualquer preconceito implícito ou explícito. Enquanto o manual do "box office" atual prega que histórias boas e interessantes giram em torno de uma trama religiosa, ou cheia de conspirações, ou ainda com milhares de efeitos, esse filme consegue nos encantar com a história de uma mulher que não tem orgasmos, com um depressivo que gosta de se filmar pagando um auto boquete, de uma mulher que poderia ser a próxima Lady GaGa no estilo dominatrix e uma maquete da cidade de Nova York. Sem efeitos algum, pelo contrário, a cena que mais me passa algo é o apagão.
Ótima trilha sonora, com direito aos grandes Yo La Tengo, Animal Collective e Azure Ray. Eu gostei da atuação. Por mais que os atores parecessem amadores, cansados e chateados, tudo teve um aspecto que você não encontra numa superprodução Hollywoodiana com atores super produzidos: naturalidade. Eu vi isso em todos os momentos do filme, exceto talvez, pela parte em que PJ DeBoy canta o hino dos Estados Unidos no cu de Jay Brannan (o que eu achei perfeito como um pontapé nos americanos, seja essa ou não a intenção). Gostei da fotografia e do figurino, principalmente do que Lindsay Beamish usava em suas cenas.
Shortbus é um filmaço. Conseguiu ligar todos os pontos de sua história e criar um fim se utilizando de definições sexuais. Conseguiu promover a agitação e a sociedade nova iorquina após o ataque terrorista de 11 de Setembro. Conseguiu criar histórias que de tão falsas e tão estereotipadas, parecessem casos verdadeiros. E conseguiu criar tudo isso com 75% do filme contendo apenas sexo. Não é pra qualquer um.
NOTA: 8
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