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2 de fevereiro de 2011

Amor E Outras Drogas (2010)

Um filme de Edward Zwick com Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway.

Os romances andam se desgastando com o tempo ao se misturar com comédias e trazer histórias bem clichês, com beijos forjados e uma relação pra lá de forçada entre o casal protagonista. Mas ainda há um modo de salvá-los, que é pregar pelo verdadeiro romance. Não é preciso uma situação cômica para se começar um, já que eles surgem do inesperado até o mais simples possível. O que é preciso é que haja sentimento, e não várias cenas e situações que tragam uma visão vaga e banal do amor. E Amor E Outras Drogas prega exatamente pelo sentimento. Culpa do casal principal, que tem uma química invejável em cena? Culpa de personagens que mesclam a comédia do segundo plano para criar um romance, e dessa vez verdadeiro? Culpa de Edward Zwick, ao dirigir algo com bom-humor e veracidade? Seja lá o que for, o longa é inegavelmente um filme delicioso em todos os aspectos.
1996. Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um vendedor charmoso de uma loja de eletrônicos. Todo esse seu charme o leva à demissão, o que faz ele arranjar um emprego como representante da indústria farmacêutica Pfizer, vendendo o antidepressivo Zoloft e o antibiótico Zithromax. Embora ele consiga vender o antibiótico bem, o Zoloft é um fracasso devido a forte concorrência com o Prozac. Ao tentar usar sua sedução para convencer os médicos a receitarem o Zoloft, ele acaba conhecendo Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem com a síndrome de Parkinson que não se interessa em sérios relacionamentos. Aos poucos, ambos começam a se interessar um pelo outro, até que, após tantas noites de sexo sem compromisso, eles acabam se apaixonando inevitavelmente.
O que acontece para o filme conseguir se segurar na paixão verdadeira dos dois? Química. Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway formam um dos casais mais reais que já vi no cinema. Os dois separados no filme são bons, mas os dois juntos se completam nas cenas, variando entre o sexo até que o amor aparece. Outro fator que agrada são as excessivas cenas de nudez e sexo, que se tornam constantes no filme. E isso tudo sem nenhum pudor, o filme consegue ficar mais real do que nunca. Uma pena que o fim tenha se rendido a um daqueles desfechos previsíveis, tentando levar o espectador às lágrimas, mas o resto do filme se sustenta muitíssimo bem com uma relação impressionante dos protagonistas, que vai evoluindo aos poucos até se tornar bastante tangível.
Um dos problemas do filme é a comédia, que vai perdendo o lugar para o drama e não se freia num momento certo. A fórmula do riso fica por conta do irmão de Jamie, interpretado pelo mais caricato possível Josh Gad, que aparece muito nos momentos errados, trazendo comicidade para o que deveria ser um momento triste ou reflexivo. O resto da comédia do filme está em Jamie Randall e sua vida vendendo fármacos numa sociedade nem um pouco ética. O filme atinge o auge de sua graça quando a Pfizer faz sua droga mais conhecida, o Viagra. Os médicos trocam a ética pelo prazer de um modo bem rápido. O jovem representante que tinha de subornar secretárias para trocar medicamentos agora se torna o favorito dos médicos que já não conseguem satisfazer a parceira por muito tempo. Logo depois, há o ápice do drama. O casal principal não consegue coisas ao enfrentar o nervosismo. Jamie não conseguia uma ereção no momento em que se declarava apaixonado por Maggie, daí surge o Viagra e seu lugar na história. Mas ao mesmo tempo que a droga atinge a popularidade máxima, começam as decaídas da parceira. Maggie começa a tremer mais ainda ao se ver numa situação desconfortável, e aí começa uma busca por uma cura do mal de Parkinson. O que move a busca por essa cura? O verdadeiro amor que ele declamava ou uma paixão superficial baseada em sexo bom, que não duraria muito tempo se o Parkinson atingisse uma fase avançada?
Nenhum buscava um amor na relação apenas carnal do sexo sem compromisso, mas ambos acabam encontrando o que não queriam. Jamie é um garoto sem expectativas, que largou a faculdade de medicina para viver uma vida que todos sonhavam. Todos, exceto ele. Por mais que ele aproveite sua farra transando com a maioria das personagens femininas do filme, ainda há um ressentimento por não ter conseguido se formar. E ele esconde essa mágoa no sexo banal, sem ter de ficar com uma mulher por mais de uma noite. O verdadeiro amor o obriga a encarar de frente esse seu arrependimento. Maggie não se ama. Embora seja incrivelmente sexy, ela atribui o Parkinson como o terror da sua vida, e por isso evita contato com quem quer que seja para evitar o amor. Ao se deparar apenas uma vez com um relacionamento que acabou após a descoberta de sua doença, ela para de acreditar e perseguir o amor verdadeiro, convivendo com sua patologia como se fosse uma maldição que a impedisse de ter sentimentos. O amor se apresenta no filme como a droga que pode curar a mágoa dos dois. A paixão que ambos nutriam é suficiente para Jamie voltar a faculdade e ter mais confiança em si mesmo na cama com uma parceira fixa e suficiente para Maggie arranjar sua dependência do Parkinson no parceiro. Em certa cena, ao Maggie fazer um boquete para Jamie, ele diz que ela é a pílula azul dele. O amor realmente substituí o Viagra, no fim das contas.
Um filme incrivelmente bom. Realmente, não abre mão de certos jargões da comédia-romântica, nem se esforça para resolver a história sem pieguice. Mas a obra insiste em colocar mais do que piadas em sua duração, ao construir passo a passo as várias etapas de um amor verdadeiro. E Amor E Outras Drogas ainda une o bom ao agradável ao criar personagens com um sex appeal real, já que ambos não precisam de fórmulas de virilidade para se satisfazerem. Há atores que agradam mais e são tão sensuais hoje em dia quanto Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway? Se houver, aposto que não tem a ligação dos dois, que é a chave que move o filme.
NOTA: 8

4 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Ah, seu texto é tão agradável de ler quanto esse filme. Nossa, também gostei bastante. Você analisou bem o senso sexual e romântico que o filme eleva, concordo que a parte de humor é um pouco desmedida, mas não acho que atrapalha não - ri demais com o irmão de Jamie, rs.

De fato, a perfeita química em cena de Gyllenhaal com Hathaway é intensa, um prazer ver os dois juntos, não?

Parabéns pelo texto!
E que bom que gostou do filme, eu te avisei, hehe!

abs

Alan Raspante disse...

Eu preciso desesperadamente conferir este! hahaha

Natalia Xavier disse...

Puxa, sem duvida este foi o melhor texto que li sobre o filme! Não tenho nem um fator para discordar dos pontos que vc citou, positivos ou não.

E realmente, não me lembro de ver dois atores com quimica tao forte quanto Hathaway e Gylenhaal. O casal sem duvida é um dos pontos mais diferenciais de qualquer Comedia Romantica.

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Abs!

Natalia

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