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21 de janeiro de 2011

A Mentira (2010)

Um filme de Will Gluck com Emma Stone, Stanley Tucci e Patricia Clarkson.

A comédia novamente nos surpreende ao se misturar com situações que já se julgavam perdidas. Com tantas produções que já existem mostrando uma adolescente que se desfaz de sua personalidade para subir na pirâmide social, não esperava que esse tema pudesse ser reaproveitado. A Mentira é uma ótima diversão tanto por sua temática quanto por sua protagonista, que descontrói todas as relações sociais, tornando-as cada vez mais banais e menos espontâneas e verdadeiras. E é nos olhos dessa menina que vemos o filme inteiro por seu lado, observamos o quão distante ela consegue ser, mas ao mesmo tempo observadora ao extremo ao caracterizar cada pessoa com um adjetivo próprio. Além do mais, suas narrações em off convencendo o espectador do lado verdadeiro de sua história mentirosa são pontos extras para o filme.
Olive Penderghast (Emma Stone) é uma garota invisível em seu colégio. Por mais que tenha um senso de humor e uma amizade com Rhiannon Abernathy (Aly Michalka), o resto do colégio parece não a notar por não ter um atrativo sequer. Para ela não ter de sair com os pais de Rhiannon num fim de semana, ela mente que tem um encontro com um garoto. Na segunda feira, sua amiga a interroga e ela acaba dizendo que transou com o menino para poder se livrar da conversa, mas tudo é escutado por Marianne Bryant (Amanda Bynes), uma religiosa conservadora e extremista, que espalha os boatos pelo colégio e logo a desconhecida Olive vira o centro das atenções. Com essa sua nova fama, ela se identifica com a personagem principal do romance A Letra Escarlate e acaba ajudando as pessoas mais apagadas da escola a serem mais vistas, fingindo que transou com elas por dinheiro. A partir daí, os boatos crescem e o que antes era uma suposição vira uma certeza: Olive é uma vadia.
O filme consegue não cair no clichê extremo usando um tema banal. Os méritos vão exatamente para isso e para o não exagero na construção dos personagens. Todos têm uma motivação bem clara. Rhiannon começa a ter inveja ao ver que sua amiga que, antes era invisível, agora é popular ao extremo. Marianne é movida por sua crença na religião, por mais que isso a torne insuportavelmente preconceituosa e intrometida. Olive é movida por algo que nunca experimentou antes. Uma garota que antes não poderia ser achada pelo Google Earth se estivesse vestida de prédio, como ela bem comenta no filme, agora é olhada por todas as pessoas do colégio? Ótimo, mas ela vai querer voltar a seu status de zero à esquerda? Por mais que sua mentira a incomode, ela prefere ser apelidada de puta a mentirosa. A partir daí, Olive aproveita da sua má reputação para ajudar os outros garotos da escola que não conseguem pegar nenhuma garota e acabam sofrendo bullying. E por mais que isso pare com as chacotas, a fama dela só cresce e, ao ver que a situação se torna incômoda, não há mais maneiras de acabar com sua mentira. A solidariedade da menina tem mesmo tanta razão? O altruísmo deve ser mais levado em conta do que a si próprio?
A sua nova personalidade toma conta de Olive para algo além do altruísmo, que é a vingança. Vingança de sua melhor amiga por não ter a apoiado nessa sua nova popularidade. Vingança do grupo hipócrita de crentes do colégio que começam a infernizar a vida dela. A protagonista não tem controle de suas ações ao se ver cheia desse ódio, tanto que encarna a protagonista adúltera do livro que está lendo em aula. A provocação apenas aumenta a vontade de continuar com esse personagem. E quando a mentira se torna perigosa e sua reputação desaba? Quando a despreparada conselheira da escola, interpretada por Lisa Kudrow, pede que Olive assuma sua DST, o filme chega no seu ápice. É uma pena que ele abaixe depois disso. No filme, vemos que Emma Stone, magnífica no papel de Olive, é a única com uma verdadeira carga dramática ao ter de viver no inferno que é a sua mentira. Consegue suportar toda a história do filme em suas facetas e em seu típico sarcasmo. Os outros personagens criados foram feitos apenas para uma comédia mais característica. Stanley Tucci e Patricia Clarkson estão como os pais de Olive para isso.
A Mentira é algo mais divertido do que se poder ver atualmente em comédias com alto nível de marketing e baixo nível de humor. O filme tenta trazer à tona um relato sobre o bullying nas escolas, a incompetência administrativa, a falta de interesse dos diretores para com os alunos e o homossexualismo e a forma primitiva como ainda é tratado por pessoas intolerantes. Mas isso fica em segundo plano, já que a história sobre a adolescente certinha que vira uma piranha é bem mais atraente e focada. Além de que, Emma Stone rouba qualquer outra atenção do filme com sua maravilhosa interpretação. É ótimo para se dar risadas e ver, nas telas, um relato dos relacionamentos adolescentes.
NOTA: 7

4 comentários:

Alan Raspante disse...

Gosto demais da Emma Stone, ela tem vem de demonstrando ser excelente atriz. E, bem, faz tempo que não vejo uma boa comédia adolescente. Qero bastante conferir este!!

[]s

ANTONIO NAHUD disse...

Ainda não vi este filme, mas está na lista, não perco nada com a Patricia Clarkson.
Parabéns pelo blog
Abraços

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

renatocinema disse...

Ouvi bons comentários sobre essa produção. Esta na enorme lista.kkk.

Sobre O Turista realmente é previsível. Uma pena Depp ser se sujeitado a um filme nota 4.

abraços

Película Criativa disse...

Também não perco nada com Patricia Clarckson.
Parece ser um bom filme pipoca.