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19 de janeiro de 2011

As Viagens de Gulliver (2010)

Um filme de Rob Letterman com Jack Black e Emily Blunt.

O real problema do filme é a inovação que segue descontrolada. Mas parece que o diretor nem percebe esse fator ao criar uma nova lição para o clássico As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift. Ao construir a cidade e personagens completamente baseados na trama de 1726 sem dar crédito algum para o escritor da obra, o diretor inova num clássico para colocar símbolos da cultura pop, que variam desde o sucesso que foi Avatar até o jogo Guitar Hero e o seriado Glee. O problema é que não há nada de inovador na mensagem que o filme tentou passar através de suas dancinhas e histórias já vistas milhares de vezes em outras obras. Se bem que, o livro do século XVIII passa uma lição bem melhor do que o filme dessa nova década ao ironizar uma sociedade e não servir como uma lição para o crescimento interior como uma boa pessoa.
Gulliver (Jack Black) trabalha no setor de correspondência de um jornal de Nova York. Ao tentar chamar Darcy Silverman (Amanda Peet), a chefe da seção de viagens, para um encontro, ele acaba como um escritor e sendo mandado para fazer uma matéria no Triângulo das Bermudas. Ao chegar no local, ele enfrenta uma imensa tempestade e um redemoinho invertido, que o suga para uma ilha estranha, onde todos os habitantes medem centímetros e o condenam por ser um completo estranho nesse mundo novo. Mas ao salvar a princesa e o rei de Lilliput (Emily Blunt e Billy Connolly, respectivamente), ele ganha a admiração do povo e começa a ser tratado como herói, parte por seu "ato de bravura", parte por suas mentiras.
Sinceramente, não gosto de Jack Black, talvez por que ele faça em sua maioria filmes de comédia, que eu geralmente não suporto. Mas é inegável o fato de que ele dá o tom para a toda a trama se sustentar. O filme inteiro é baseado apenas em facetas e expressões de Jack Black para se dar a graça na sessão, criando até certa simpatia e sorrisos a contragosto de tão patético, caricato e infantil que é o protagonista. E, graças a essa sua oportunidade de fazer bonito e criar a comédia do filme inteiro, os outros atores não se sobressaem. Ele praticamente rouba a cena. Por mais que Amanda Peet esteja junto dele para criar certo romance, é pra ele que a câmera se dirije. O resto não fica muito feliz em seus papéis. Emily Blunt parece forçada na ingênua e sonsa princesa, e seus diálogos constantes de vítima só a tornam mais chata e passiva, por mais que ela tome atitudes durante o filme.
De resto, o filme fica em sua suposta inovação ao parodiar cenas comuns de nosso dia-a-dia, como propagandas, séries, filmes. Isso sem falar no Times Square que Gulliver cria no meio de uma cidade, as falas com personagens fictícios no meio e uma cantada feita apenas por uma música do Prince. Se isso funciona para roubar risadas da plateia? Com toda a certeza, e ainda risadas bastante verdadeiras. Mas eu só quero ver até quando. O 3D, assim como todo filme ultimamente, não é bem utilizado, só sendo aproveitado em 5 minutos da trama inteira. Apenas serve para uma família gastar muito com um ingresso de cinema para colocar óculos que cansam a vista. De resto, nada sai perfeito. As intenções da história de Swift se perdem totalmente nessa inovação, que se transforma de uma crítica à sociedade inglesa da época para uma fábula feita para ninar crianças.
Imagine uma sociedade que desconhece tudo o que você é, faz ou sabe. Você os ensinaria ou tiraria proveito de sua ingenuidade? O clássico virou uma comédia meio forçada em sua construção e os ensinamentos ficam em último plano para dar ao público o que eles mais gostam hoje em dia: beijos no fim do filme, risadas provindas de situações nada usuais, um antagonista bem característico e um protagonista que se perde em meio a suas trapalhadas, mas se supera no fim. Um filme bem previsível, vamos falar. Recomendo para se dar risadas, mas o objetivo verdadeiro fica tão minúsculo quanto um lilliputiano em meio à comédia.
NOTA: 3

3 comentários:

Alan Raspante disse...

Gabriel, te parabenizo. Não tenho coragem de encarar um treco desse, tenho pavor! hihihi Não gosto do Black e dos seus filmes, então, bem nem tinha vontade de ver. Depois de ver algumas críticas, nem preciso falar nada, né?

Cara, assista 'paris, texas' acho que irá gostar!
Bem, baixei Cisne Negro já que não aguentava mais de ansiedade e vontade. Bem, não me arrependi apenas me deixou com mais vontade de conferi-lo em tela grande [mas tbm não sei, se vou fazer tal ação já que estou vendo sempre, desesperadamente!] Enfim, espero que consiga aguentar, rs Uma coisa é certa: O FILME É FODA!!!

[]s

Ju B. disse...

Fui convidada a assistir esse filme amanhã, mas estou num tremendo impasse, viu. Pelo que eu vi no trailer, imaginei que fosse exatamente o que você contou. Confesso que estou curiosa para ver as referências a cultura pop, geralmente eu curto esse tipo de humor se for bem empregado, porém eu detesto Jack Black e comédias pastelão. Enfim, mas cedo ou mais tarde vou acabar assitindo, haha!
Ótimo texto, e obrigada pela visita lá no Moviewalk! ^^

Flávia Hardt Schreiner disse...

Confesso que dei boas risadas, mas o filme é uma bagunça geral. Realmente, quando se fala nas Aventuras de Gulliver, espera-se, no mínimo, uma comédia de conteúdo. Caso contrário, então que não ridicularize esse grande clássico!