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12 de novembro de 2010

O Sorriso de Mona Lisa (2003)

Um filme de Mike Newell com Julia Roberts, Kirsten Dunst e Maggie Gyllenhaal.

Uma Sociedade dos Poetas Mortos mais atual e na sua versão feminina. E com uma atuação bem superior à de Robin Williams. O problema é que esse primeiro mostra sua mensagem de pensar por si próprio de uma forma bem mais clara e crua, enquanto O Sorriso de Mona Lisa é uma crítica ao machismo e à submissão feminina, com uma mensagem bem irônica e inesperada. A semelhança é o clichê em mostrar uma mensagem muito boa e a diferença é o ponto chave. Enquanto Sociedade dos Poetas Mortos tem foco no pensamento, O Sorriso de Mona Lisa é um filme em favor da emancipação das mulheres, o pensamento fica em segundo plano.
Katherine Watson (Julia Roberts) é uma professora de história da arte que consegue um emprego no colégio Wellesley. Sua atitude muito moderna para a década de 50, uma década onde as mulheres não são valorizadas pelo seu intelectual, cria certo preconceito das alunas em relação à novata, que não se casou e nem espera isso. Além do mais, suas aulas fogem do padrão proposto do livro-base o que deixa as alunas cada vez mais confusas. Mas a verdadeira missão de Katherine na nova escola é tentar criar uma mentalidade em suas alunas, como Elisabeth Warren (Kirsten Dunst), uma aluna cujo único sonho é casar e ter a vida que qualquer menina quer; e Joan Brandwyn (Julia Stiles), uma dedicada aluna cujo sonho é fazer direito, mas é oprimida graças ao padrão de vida feminino.
Bela atuação, o ponto realmente alto do filme. Enquanto esperamos uma atuação boa de Julia Roberts, a veterana que faz filmes premiados como Uma Linda Mulher e Erin Brockovich, a boa interpretação vem de outro lado. Julia Roberts é simplesmente a pior do filme inteiro, já que sua atuação me parece qualquer outra coisa que ela já fez de um modo bem forçado. Agora as alunas de Julia Roberts é que deveriam ensinar a mestra. Kirsten Dunst faz uma atuação sem falhas, a adolescente infeliz que tem de se virar numa situação do inverso de seus sonhos. Tenho que admirar Julia Stiles, não conhecia o trabalho dela e me surpreendi com tamanha interpretação. Maggie Gyllenhaal é outro atrativo do filme com uma atuação impecável. A fotografia do filme é muito bonita.
Agora vamos cair um pouco. O roteiro seria brilhante caso Sociedade dos Poetas Mortos fosse lançado alguns anos depois. Como não foi, tudo me pareceu apenas uma cópia para defender o feminismo. Há uma sensação muito incômoda de déjà vu à medida que o filme termina. Eu estava esperando alguém subir nas carteiras da sala de aula para gritar Oh captain! My captain! ou então que Julia Roberts terminasse o filme com um Carpe Diem. Fora essa falta de originalidade do roteiro, tenho que dizer que o filme explorou muito bom a sociedade da época. Uma das cenas de que mais gostei foi ver Julia Stiles confrontando Julia Roberts ao mostrar que as mulheres podem tanto se casar quanto pensar ao mesmo tempo, e a cara de brochante da professora foi algo tão impagável que o filme vale por essa cena.
É muito difícil escrever algo sobre O Sorriso de Mona Lisa sem ao menos citar Sociedade dos Poetas Mortos, já que os dois tem o mesmo estilo, o mesmo roteiro disfarçado, a mesma lição maquiada. O filme vale a pena pelos créditos, que mostram a verdadeira função da mulher na década de 50: sorrir, cozinhar, passar, esperar o marido chegar cansado do trabalho para ser uma esposa troféu. E ainda vale a pena pelas atuações das alunas, Julia Stiles está realmente ótima. Mas se for por Julia Roberts, nem recomendo.
NOTA: 7

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Você pegou pesado, Julia Roberts não estava assim tão ruim, rs.

Este filme se assemelha mesmo ao clássico Sociedade dos poetas mortos, mas ele é muito bom!

E acho os diálogos bastante reflexivos.

abs