Um filme de Patty Jenkins com Charlize Theron e Christina Ricci.
O incrível desse filme é o assombro que é Charlize Theron. Pode-se vê-la em trabalhos mais populares, como Aeon Flux, onde ela está linda, morena e extremamente falsa. Não que a atuação dela não seja boa, mas há muito mais verdade em Monster - Desejo Assassino do que em seu outro trabalho, tanto que lhe rendeu um Oscar merecidíssimo. Irreconhecível, se comparada a outros trabalhos. E bem mais verdadeira. Concordo que a interpretação de Charlize é o pique do filme inteiro, o que o faz não perder ritmo algum, e sua descaracterização é incrível. Além disso, a história sobre a primeira serial killer dos Estados Unidos é perigosa se não fosse interpretada de uma maneira correta, mas ficou agradável na forma de Charlize.
Aileen Wuornos (Charlize Theron) é uma adulta transtornada. Após criar um mundo em sua infância cheio de aspectos de contos de fadas e de mensagens positivas, ela recebe um choque quando se depara com a vida real através da prostituição logo cedo. No dia em que ela decide se matar, ela conhece Selby Wall (Christina Ricci), uma lésbica que vive num mundo homofóbico de sua família altamente religiosa e que só quer fugir dele por algum tempo. Porém, quando Aileen é torturada por um cliente, ela o mata e decide fugir com Selby, já que o homicídio lhe rendeu uma boa grana. Vendo que a polícia não tinha nem pista do assassino, ela inicia uma onda de assassinatos para conseguir sustentar as duas, se tornando a primeira serial killer da história norte-americana.
As possibilidades ficam bem presentes na história, ao ser comparada com aquilo que a mídia promove. Se olharmos através de jornais e reportagens que existem da época, Aileen Wuornos é um monstro que mata qualquer pessoa durante o ato sexual. O filme a torna algo bem mais simpática, alguém normal que tem de se virar devido as circunstâncias, alguém que ama, alguém que se decepciona, alguém que se fere, alguém que mata por amor e sobrevivência. A película esforça para tornar a assassina em uma humana. Nada que justifique a morte, mas ela se torna algo bem mais agradável e emocionante assim. O sarcasmo da protagonista também é algo que merece aclamações. A última frase é um soco na cara do público. "'A fé move montanhas'. 'O amor sempre vence no final'. É, eles têm que te falar alguma coisa".
A atuação é assustadora de tão boa. Charlize Theron é um show a parte, como já dito anteriormente. Ela incorporou de corpo e alma a serial killer com uma seriedade assombrosa. Deu para se esquecer completamente quem era Charlize Theron vendo o filme, eu tentei achar a mesma moça com traços perfeitos que fez Aeon Flux, mas só achei uma prostituta desengonçada, grande, com os cabelos desgrenhados e traços masculinos. E muita verdade. Christina Ricci é outra espetáculo fornecido na sessão, a moça interpreta com maestria sua Selby me causando os mais extremos sentimentos durante o filme.
Filmes com finais felizes são bons na mesma quantidade dos de finais infelizes. Desde que consigam me justificar o porquê acabaram assim, tudo está ótimo. E a infelicidade que aparece no filme se justifica o tempo inteiro, seja com o preconceito alheio onde o homossexualismo era um desvio completo da alma do caminho de deus ou com a dificuldade de se conseguir uma vida normal num mundo capitalista, as entrevistas de emprego que Charlize faz para conseguir se sustentar fora da prostituição são ótimas. E o desfecho dessa estória da procura de um sustento, com um estupro por um policial, é o fim que precisava. A prostituição é um caminho cruel cheio de preconceito, sem volta alguma se você não conseguir se sustentar fora dela. E nem a fé nem o amor podem ajudar nisso, não importa o quanto falem.
NOTA: 9
3 comentários:
realmente gabriel, o filme é incrível e charlize theron se mostrou uma excelente e grande atriz, a atuação dela neste filme é avassaladora, assim como o próprio filme.
abs
...
Teu texto mostra o quanto denso e interessante é este filme - um dos meus prediletos, sem dúvida. Theron mereceu MUITO o Oscar.
abraço
Filmaço ao pé da letra. Percebi que temos gosto para cinema muito semelhante. Estou seguindo seu blog. Abraços.
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