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7 de fevereiro de 2011

O Turista (2010)

Um filme de Florian Henckel von Donnersmarck com Johnny Depp e Angelina Jolie.

Espero o filme sem qualquer ânimo, e minhas expectativas só se confirmaram. Gosto de Angelina Jolie como atriz e gosto de Johnny Depp como ator, assim como gostei do único outro filme de Florian von Donnersmarck, o menos hollywoodiano e mais original A Vida dos Outros, ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2007. Depois dessa sua renovação do cinema alemão, poderia chutar qualquer coisa como seu próximo projeto, mas nunca me passaria pela cabeça que ele se renderia a uma fórmula banal da indústria cinematográfica, que é uma ação policial altamente previsível, envolvendo várias entidades secretas de espionagem, um romance latente e o marketing gerado pelos protagonistas em si, que mescla sensualidade com uma comédia pastelão. O resultado nada mais é do que uma diversão passageira, nada que mereça mais do que uma vista.
Elise (Angelina Jolie) é uma mulher casada com Anthony Zimmer, um homem perseguido tanto pela polícia quanto por criminosos para poder pagar pelos seus crimes, que envolvem um roubo milionário de um capitão da máfia. Ao Zimmer sumir do mapa, Elise é tida como alvo por ambos, mas Zimmer não deixa ela sem proteção. Quando vê que a polícia anda atrás da mulher, o criminoso pede para ela entrar em um trem e escolher um homem para fingir que é ele. Ao embarcar para Veneza, ela escolhe Frank Taylor (Johnny Depp), um turista que trabalha como professor de matemática na América. Logo ele descobre que está em sério perigo, mas não consegue esquecer a bela Elise, por quem ele se apaixonou perdidamente.
Ao se colocar juntos astros mundialmente conhecidos, é de se esperar que o público vá conferir o que resultou a história de amor entre Johnny Depp e Angelina Jolie nos cinemas. E tudo no filme é propício para esse romance florescer. Se há algo que agrada na sessão são os efeitos visuais e o cenário da sempre necessária e romântica Veneza. Juntando uma história de amor com a cidade das gôndolas, os corações mais fracos se derretem, ainda mais com uma fotografia tão bonita e iluminada nas principais cenas. O que acontece é simples. A paisagem parece demais para uma história entre Depp e Jolie. O romance entre os dois me pareceu extremamente forçado no filme inteiro. Nada é aprofundado na história para desenvolver uma relação mais realista entre Frank e Elise, já que ambos se apaixonam depois de um beijo sem sentimento algum e de dormirem uma noite no mesmo quarto, mas em locais diferentes. Talvez, se houvessem mais cenas na história necessárias para uma relação amorosa entre os protagonistas e menos cenas variando entre sedução e comédia desnecessária, o filme poderia ser melhor do que foi.
A atuação sai bem mediana no filme. Com toda a certeza, não é o melhor trabalho nem de Jolie, nem de Depp, mas os dois conseguem segurar uma plateia com um roteiro cheio de furos em suas ações, então eles conseguiram fazer algo de certo. Certo? Os dois vivem em universos tão distantes com seus personagens que a coisa menos crível a se acreditar é num romance entre ambos. Jolie faz a típica femme fatale de todos os seus filmes, com um figurino que merece uma ressalva. Mas tudo em sua personagem pode ser uma reciclagem do que ela já vem fazendo, com uma personalidade cheia de suspense e de mistério. Johnny Depp já é o oposto, e é aí que falta uma ligação entre os dois. Ele é o único elo que liga a comédia com o filme - outra característica que ele poderia abrir mão para se sair um pouco melhor. Embora consiga fazer risos verdadeiros com seu personagem atrapalhado, ainda há movimentos desnecessários e atitudes que não mantém seu personagem verdadeiro no filme. Ainda há Paul Bettany, que não peca ao parecer a única pessoa dedicada dos personagens e, parecendo ser, o único verdadeiramente dedicado do filme inteiro. O resto do elenco de O Turista fez o filme para se divertir.
Jack Sparrow, com todos os seus trejeitos lentos e cômicos, encontra Salt, uma espiã fatal e deliciosa, cheia de segredos. Esse é um bom resumo da história que O Turista tenta contar, uma ação já vista anteriormente contada em Veneza, para tentar misturar os mais variados sentimentos ao longo da sessão. Mas não funciona tão bem assim. O filme é feito para se ver, se divertir com uma história descompromissada e cheia de furos em seu roteiro (motivo para não ser levado a sério em lugar algum, imagine um Globo de Ouro), e dois dos atores mais cobiçados de Hollywood atualmente. Isso pela promoção que eles levam. O filme é um apanhado de duas carinhas bonitas que se juntaram apenas no intuito de mostrar que ambos se conhecem e podem fazer um filme. Um filme que não é ruim. Mas também não chega a ser bom.
NOTA: 4

5 de fevereiro de 2011

Cisne Negro (2010)

Um filme de Darren Aronofsky com Natalie Portman, Vincent Cassel e Mila Kunis.

O que é a perfeição? Afinal, ela é relativa? A perfeição pode vir numa forma limitada, num espaço entre as regras e a liberdade? Ou a perfeição é um dos extremos, afinal, ou as regras, ou a liberdade? Cisne Negro cria um relato assombroso de uma perfeição sem limites. Quais os valores para se ser perfeito? Vemos, durante toda a sessão, uma Natalie Portman altamente bipolar, hora insegura controlando seu corpo, hora exalando uma sensualidade sem igual se deixando levar pelos movimentos. Vemos uma direção sem limites de Darren Aronofsky, que cria uma atmosfera simples com uma fotografia escura para mostrar o irreal de forma a parecer verdadeiro. Temos os coadjuvantes, maestralmente interpretados pela belíssima Mila Kunis, o grandioso Vincent Cassel e a assustadora Barbara Hershey. Temos uma trilha sonora clássica que acentua o suspense dessa obra prima. E tudo isso, em busca da perfeição, unido, transforma Cisne Negro numa experiência única.
Nina Sayers (Natalie Portman) é uma bailarina que vive em Nova York. Ela, completamente insegura e submissa à mãe controladora, Erica Sayers (Barbara Hershey), é uma dançarina que se esforça em ser perfeita, seguindo todas as regras e não deixando revelar seus instintos. Essa sua busca por perfeição a faz roubar objetos de seu ídolo, a bailarina Beth McIntyre (Winona Ryder) que já está em seu fim de carreira. Nina, ao ver uma chance de reconhecimento e de atingir seu objetivo no papel principal do ballet "O Lago dos Cisnes", tenta convencer o diretor Thomas Leroy (Vincent Cassel) de que pode interpretar a Rainha dos Cisnes. O diretor vê que ela atinge um nível elevado ao interpretar o personagem Cisne Branco, mas não consegue ser natural fazendo o Cisne Negro. Com isso, surge uma rivalidade entre Nina e Lily (Mila Kunis), uma dançarina que consegue se movimentar sem parecer falsa. Mas essa rivalidade apenas aumenta a insanidade de Nina para que a obsessão dela se torne uma loucura.
Nunca vi uma atuação tão densa quanto a de Natalie Portman nesse filme. Falo e ainda repito. Não me importa que Edith Piaf tenha descido em Marion Cotillard em seu Piaf - Um Hino Ao Amor, mas Portman é o exemplo mais próximo de perfeição que posso estabelecer na minha mente. Sua personagem, extremamente bem trabalhada, é uma verdadeira faca de dois gumes. O filme gira em torno de Nina, uma dançarina louca. O que há em seu psicológico que a faz tão insana? Um desejo. O desejo pode atormentar as mentes até ele se concretizar. Alguns nunca se concretizam. Outros chegam perto do nunca para acontecerem. Mas quando um desejo se torna incompleto com o passar do tempo, a vontade de completá-lo sempre fica maior. Nina tem um desejo há tempos: ser perfeita. E Nina faz de tudo para isso. Mente, rouba, se utiliza de artefatos alheios, com uma vontade de se tornar outra pessoa, uma pessoa, a seu ver, completa. A perfeição está nos olhos de quem vê. Nina não conseguia se achar perfeita, e sua prova maior para a obtenção de seu objetivo era seu papel principal no Lago dos Cisnes. Para seu desejo se realizar, ela segue todas as regras possíveis. Dança com firmeza, contém seus instintos, pensa o tempo inteiro em suas ações. E isso a levaria a perfeição. Mas quando essa visão da perfeição e outra completamente diferente se chocam, o que sobra da personalidade dessa menina? Qual a verdadeira perfeição?
Nina é dura. Nina é frígida. Nina é contida. Nina é perfeita para ser um Cisne Branco, um personagem fechado, amoroso e altamente emocional. Mas e quanto ao Cisne Negro? Nina é altamente artificial em suas danças, segue à risca todos os passos possíveis que ela aprendeu para poder emocionar e surpreender seus espectadores. Mas quando tem de dançar verdadeiramente, ela vê que não é capaz. O Cisne Negro é um personagem sedutor, livre, aberto. E isso não é uma característica de Nina, é de Lily. Surge então uma inveja ou uma amizade entre as duas? Para um objetivo se tornar realidade, as pessoas são capazes de superar seus obstáculos, mesmo que esses obstáculos sejam outras pessoas? Nina não tinha mais um objetivo, nem um desejo. Tudo se tornou uma louca obsessão, que a movia e a fazia acreditar em instintos guardados em seu psicológico, que aparecem para o cumprimento de sua doença. A insanidade começa a controlar a vida da personagem de Natalie Portman, fazia ela ouvir e ver o que sua loucura lhe dizia. Lily, interpretada por Mila Kunis que está numa atuação digna de um Oscar de atriz coadjuvante, se torna alvo de sua rival. Na verdade, Lily é tão sedutora que atormenta os pensamentos, as excitações e os orgasmos de Nina.
Nada para Nina depois que sua paixão ensandecida toma conta de sua mente. Muito menos uma figura tida como protetora. Uma maravilhosa Barbara Hershey cria essa figura para tomar conta de sua filha. Mas até onde vai essa conta? Os laços familiares realmente protegem de tudo? Erica protegia sua filha lhe mostrando limites. "Sabia que você não aguentaria o papel". "Não saia hoje à noite". Isso é uma limitação resultante de uma proteção materna? Não. Erica também estava louca, louca de inveja de sua filha. A filha, culpada do fim de sua carreira como bailarina, do fim de seu sucesso, também não merecia sucesso. Não merecia o que tinha lhe tirado. Agora o que ganha essa batalha épica: Uma maternidade falsa e controladora, movida por uma inveja da filha, ou uma patologia em busca de ser perfeita, sem limites? A perfeição de Nina só tem um fim possível, que é a auto-destruição. Sua obsessão em ser o Cisne Negro acaba lhe afetando em seus relacionamentos, em suas ações, em sua personalidade, em suas características, em sua forma de ver as coisas.
A obra, repleta de boas atuações, ainda tem Vincent Cassel representando o diretor da peça. Ou o príncipe sedutor da Rainha dos Cisnes? A vida de Nina se torna o balé em pouco tempo, do mesmo modo que ela literalmente se transforma na personagem. O diretor Leroy serve como um ponto para atiçar o desejo de Nina por sua perfeição, já que ele é o maior cobrador dela no mundo em que Nina prefere viver. Nina respira o balé o dia inteiro, e a perfeição só vai ser obtida por intermédio deste. O longa consegue se segurar não só com a força de seus personagens e das atuações impecáveis, mas também com todos os efeitos técnicos. A fotografia escura e caótica, mesclando tons avermelhados, dá mais densidade ao filme, criando uma aparência assombrosa ao mundo do balé. A maquiagem é excelente e junto com o figurino eles fazem um show único. A apresentação de Cisne Negro é terrivelmente perfeita, e esses dois fatores só contribuíram para isso. A direção de Darren Aronofsky é eficaz ao extremo, criando cenas aparentemente simples para desenvolver efeitos resultantes de distúrbios psicológicos, confundindo o espectador continuamente entre a realidade e a insanidade da protagonista. A trilha sonora de Clint Mansell aumenta a tensão do filme, sempre presente enfatizando o clímax do filme e o roteiro não deixa nem um pouco a desejar.
A nova obra de Darren Aronofsky é uma obra prima. Duvido que alguém consiga criar um thriller psicológico tão forte com um filme recheado de silêncio feito todo no universo da dança. Se tem um filme que merece ganhar o Oscar, esse é Cisne Negro. Bem pontuado, bem dirigido, bem escrito, bem editado, bem montado, bem feito. É um filme para se guardar, para se pensar, para se conferir sempre que possível, pois um trabalho desses é de se admirar. Por mais que o filme busque a perfeição em seus personagens complexos e só a alcance através de um fim extremamente dramático e tenso, o único adjetivo que pode descrever perfeitamente Cisne Negro é esse: perfeito.
NOTA: 10

2 de fevereiro de 2011

Amor E Outras Drogas (2010)

Um filme de Edward Zwick com Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway.

Os romances andam se desgastando com o tempo ao se misturar com comédias e trazer histórias bem clichês, com beijos forjados e uma relação pra lá de forçada entre o casal protagonista. Mas ainda há um modo de salvá-los, que é pregar pelo verdadeiro romance. Não é preciso uma situação cômica para se começar um, já que eles surgem do inesperado até o mais simples possível. O que é preciso é que haja sentimento, e não várias cenas e situações que tragam uma visão vaga e banal do amor. E Amor E Outras Drogas prega exatamente pelo sentimento. Culpa do casal principal, que tem uma química invejável em cena? Culpa de personagens que mesclam a comédia do segundo plano para criar um romance, e dessa vez verdadeiro? Culpa de Edward Zwick, ao dirigir algo com bom-humor e veracidade? Seja lá o que for, o longa é inegavelmente um filme delicioso em todos os aspectos.
1996. Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) é um vendedor charmoso de uma loja de eletrônicos. Todo esse seu charme o leva à demissão, o que faz ele arranjar um emprego como representante da indústria farmacêutica Pfizer, vendendo o antidepressivo Zoloft e o antibiótico Zithromax. Embora ele consiga vender o antibiótico bem, o Zoloft é um fracasso devido a forte concorrência com o Prozac. Ao tentar usar sua sedução para convencer os médicos a receitarem o Zoloft, ele acaba conhecendo Maggie Murdock (Anne Hathaway), uma jovem com a síndrome de Parkinson que não se interessa em sérios relacionamentos. Aos poucos, ambos começam a se interessar um pelo outro, até que, após tantas noites de sexo sem compromisso, eles acabam se apaixonando inevitavelmente.
O que acontece para o filme conseguir se segurar na paixão verdadeira dos dois? Química. Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway formam um dos casais mais reais que já vi no cinema. Os dois separados no filme são bons, mas os dois juntos se completam nas cenas, variando entre o sexo até que o amor aparece. Outro fator que agrada são as excessivas cenas de nudez e sexo, que se tornam constantes no filme. E isso tudo sem nenhum pudor, o filme consegue ficar mais real do que nunca. Uma pena que o fim tenha se rendido a um daqueles desfechos previsíveis, tentando levar o espectador às lágrimas, mas o resto do filme se sustenta muitíssimo bem com uma relação impressionante dos protagonistas, que vai evoluindo aos poucos até se tornar bastante tangível.
Um dos problemas do filme é a comédia, que vai perdendo o lugar para o drama e não se freia num momento certo. A fórmula do riso fica por conta do irmão de Jamie, interpretado pelo mais caricato possível Josh Gad, que aparece muito nos momentos errados, trazendo comicidade para o que deveria ser um momento triste ou reflexivo. O resto da comédia do filme está em Jamie Randall e sua vida vendendo fármacos numa sociedade nem um pouco ética. O filme atinge o auge de sua graça quando a Pfizer faz sua droga mais conhecida, o Viagra. Os médicos trocam a ética pelo prazer de um modo bem rápido. O jovem representante que tinha de subornar secretárias para trocar medicamentos agora se torna o favorito dos médicos que já não conseguem satisfazer a parceira por muito tempo. Logo depois, há o ápice do drama. O casal principal não consegue coisas ao enfrentar o nervosismo. Jamie não conseguia uma ereção no momento em que se declarava apaixonado por Maggie, daí surge o Viagra e seu lugar na história. Mas ao mesmo tempo que a droga atinge a popularidade máxima, começam as decaídas da parceira. Maggie começa a tremer mais ainda ao se ver numa situação desconfortável, e aí começa uma busca por uma cura do mal de Parkinson. O que move a busca por essa cura? O verdadeiro amor que ele declamava ou uma paixão superficial baseada em sexo bom, que não duraria muito tempo se o Parkinson atingisse uma fase avançada?
Nenhum buscava um amor na relação apenas carnal do sexo sem compromisso, mas ambos acabam encontrando o que não queriam. Jamie é um garoto sem expectativas, que largou a faculdade de medicina para viver uma vida que todos sonhavam. Todos, exceto ele. Por mais que ele aproveite sua farra transando com a maioria das personagens femininas do filme, ainda há um ressentimento por não ter conseguido se formar. E ele esconde essa mágoa no sexo banal, sem ter de ficar com uma mulher por mais de uma noite. O verdadeiro amor o obriga a encarar de frente esse seu arrependimento. Maggie não se ama. Embora seja incrivelmente sexy, ela atribui o Parkinson como o terror da sua vida, e por isso evita contato com quem quer que seja para evitar o amor. Ao se deparar apenas uma vez com um relacionamento que acabou após a descoberta de sua doença, ela para de acreditar e perseguir o amor verdadeiro, convivendo com sua patologia como se fosse uma maldição que a impedisse de ter sentimentos. O amor se apresenta no filme como a droga que pode curar a mágoa dos dois. A paixão que ambos nutriam é suficiente para Jamie voltar a faculdade e ter mais confiança em si mesmo na cama com uma parceira fixa e suficiente para Maggie arranjar sua dependência do Parkinson no parceiro. Em certa cena, ao Maggie fazer um boquete para Jamie, ele diz que ela é a pílula azul dele. O amor realmente substituí o Viagra, no fim das contas.
Um filme incrivelmente bom. Realmente, não abre mão de certos jargões da comédia-romântica, nem se esforça para resolver a história sem pieguice. Mas a obra insiste em colocar mais do que piadas em sua duração, ao construir passo a passo as várias etapas de um amor verdadeiro. E Amor E Outras Drogas ainda une o bom ao agradável ao criar personagens com um sex appeal real, já que ambos não precisam de fórmulas de virilidade para se satisfazerem. Há atores que agradam mais e são tão sensuais hoje em dia quanto Jake Gyllenhaal e Anne Hathaway? Se houver, aposto que não tem a ligação dos dois, que é a chave que move o filme.
NOTA: 8