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1 de julho de 2013

Don Jon (2012)

Um filme de Joseph Gordon-Levitt com Joseph Gordon-Levitt, Scarlett Johansson e Julianne Moore.

Filme visto no 2º Festival Internacional de Cinema de Brasília, Mostra Competitiva.


Há uma hora em que os gêneros saturam. Inovação é necessária, mas repetição é cansativo. Comédias já tinham dado hora pras comédias românticas, que ultimamente deram mais espaço para comédias independentes como Pequena Miss Sunshine, Juno, (500) Dias Com Ela e 50/50. Experiente nesse quesito, até mesmo por ter protagonizado dois dos filmes exemplificados, o sempre bem-vindo Joseph Gordon-Levitt resolve dar as caras em sua estreia na direção para nos dar mais uma comédia alternativa, que foge um pouco do ritmo comercial. Mas... já não acabamos de ver isso na sessão anterior?

Johnny Martello (Joseph Gordon-Levitt) é um americano vindo de família tradicional. Mora sozinho, trabalha como bartender, vai à missa aos domingos, se confessa, almoça com a família, sai com os amigos, transa com muitas mulheres... e é um verdadeiro viciado em pornografia. Tão viciado que só o barulho do computador ligando já consegue deixar o protagonista de pau duro. Sua satisfação com o pornô gera insatisfação na vida real, pois o sexo neste não atinge as expectativas do que é visto online. Quando ele conhece Barbara Sugarman (Scarlett Johansson), uma mulher nota 10, ele começa a se perguntar: seria ela minha cura?

O foco do filme é a discussão mais do que já utilizada de qualidade contra aparência. Nem tudo que é belo é satisfatório o suficiente. O exemplo disso é literal, a sempre bela (e nem sempre boa) Scarlett Johansson. Numa atuação boa, por mais que um tanto exagerada (seu sotaque é imperdível, eu precisava encaixar isso no texto), ela é o verdadeiro exemplo de personagem fetiche, mas que não contribui para manter o nível do filme, já que ela beira a ficção numa comédia que possui como base o naturalismo e a veracidade. A falta de personalidade não auxilia na primeira impressão.

Julianne Moore, por outro lado, faz um trabalho excelente e, ao invés de criar situações antagônicas, é um grande suporte para a comicidade da fita. Alguns traços de sua Esther assemelham-se muito com o que a atriz fez em Minhas Mães e Meu Pai, mas enquanto conhecemos cada vez mais a experiência que molda a personagem, mais diferenças vão surgindo.

O que faz a fita ganhar o espectador é a veracidade que ninguém naquela sala quer admitir: todo mundo vê pornô. Não adianta, espectador, um dia você já abriu o Xvideos, nem que por curiosidade. E o vício traz não a assimilação, mas o humor da identificação em alguma situação. Seja a família, - que cria o ambiente mais sufocante da sessão - sejam os relacionamentos. Chega um ponto que ver Joseph Gordon-Levitt pegando um lenço de papel ou ouvir o barulho do computador ligando chega a ser cômico por si próprio.

E, óbvio, não posso deixar de citar o ator/diretor/protagonista/parceiro do Batman (opa!). Um debut acima da média para qualquer um que comece. O tom jocoso ganha o espectador nas cenas cotidianas ou nas mais irreverentes, como as múltiplas confissões. E sim, Gordon-Levitt tem um carisma que preenche o vazio existencial de um vicio ou o vazio de uma sala de cinema silenciosa.

Don Jon ganha o público por ser pequeno, um episódio não especial no cotidiano de alguém. E ainda consegue trazer um desfecho inesperado, mas muito satisfatório. O roteiro não chega a ser muito pensado, mas é tão bem amarrado que não posso criticá-lo apenas por não crescer para outros horizontes. O que posso criticar é que Don Jon não possui personalidade. De resto, vale muito a pena sentar na cadeira do cinema, relaxar e gozar.

NOTA: 7

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