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21 de maio de 2011

Across The Universe (2007)

Um filme de Julie Taymor com Jim Strugees, Evan Rachel Wood e Joe Anderson.

Quem acreditou que naquele dia 8 de dezembro de 1980 os Beatles estariam acabados para sempre, estava certo. Na realidade, antes disso, já que a harmonia entre os integrantes já não era a mesma e John Lennon já estava balançado em sua carreira graças à ativista Yoko Ono. A morte de Lennon apenas concretizou o que já estava fadado. Mas se alguém achou que eles seriam apenas mais uma banda a ser esquecida com o peso do tempo, cometeu um erro gravíssimo. Os Beatles viraram o grupo musical mais aclamado do mundo, e até hoje isso aparece. É surpreendente que, após 40 anos do fim dos Beatles, ainda haja uma massa de tributos artísticos a eles, se renovando a cada dia e fazendo novas versões para cada canção antiga.
Jude (Jim Strugees) é um adolescente inglês que vive em Liverpool, mas nunca conheceu o pai, que abandonou a mãe enquanto ela estava grávida. Jude parte para os EUA para procurar o pai e, ao entrar numa universidade, acaba conhecendo Max (Joe Anderson), um estudante rebelde que ainda é ligado às amarras da família controladora. Além disso, Jude acaba se apaixonando por Lucy (Evan Rachel Wood), a irmã de Max, que começa a se interessar pelos movimentos da contra-cultura hippie e protestar contra a Guerra do Vietnã.
O que mais se destaca nas esferas de Across The Universe é a forma com que a notável trilha sonora é interpretada a cada momento, se adaptando a diversas situações. Primeiramente, o elenco de atores-cantores faz com que ela funcione com versões populares para músicas famosas da banda de Liverpool. Ver, ao mesmo tempo, o competente Jim Strugees cantando a música homônima ao filme e Dana Fuchs, interpretando a cantora Sadie, gritando com seu coração os versos de Helter Skelter ao som de guitarras fortíssimas é algo avassalador, ainda mais com as imagens que se juntam às canções. E o que dizer de Hey Jude? All You Need Is Love? All My Loving? Até Bono Vox aparece na sessão cantando uma versão de I Am The Walrus. Porém, por mais que trilha sonora seja aquilo que move toda a sessão, também é aquilo que torna o filme fraco. O roteiro, que deveria adaptar as canções para as situações mostradas na tela, faz o inverso. Ele se constrói em cima das diversas músicas dos Beatles. Em alguns momentos, é até permitido se esquecer que existe uma estória no fundo, pois parece que o objetivo não é criar uma comparação com a trajetória da banda de rock ou então mostrar seus ideais, mas sim colocar o máximo de músicas possíveis em 130 minutos.
A emoção é transposta em cima das músicas e, sendo você um beatlemaníaco ou não, você acaba por se emocionar, seja com os sons, seja com as imagens. Uma pena que o clímax, ou onde ele deveria estar, acaba sendo desconexo das outras partes e que muitas canções assumam um tom mais videoclipe do que filme. O roteiro faz uma ligação direta com a história dos Beatles e ela aparece de um modo ou de outro. Quem não viu o auge da psicodelia e do uso de drogas nos anos 70 na mistura de cores e sensações, na vida alternativa, na composição de imagens distorcidas e supersaturadas? Quem não se sentiu voltando ao tempo, quando viu o movimento hippie lutando por causas pacíficas na tela do cinema? Quem não viu os horrores da Guerra do Vietnã afetando, por mais que indiretamente, o padrão de vida americano, espalhando medo no mundo? Quem não viu um espírito de revolução surgindo de uma ideia? E havia uma maneira melhor de acabar com a obra do que com um show interrompido no telhado, remetendo à última apresentação dos Beatles? Jim Strugees e Evan Rachel Wood tem uma química deliciosa de se ver e o resto do elenco se segura nas atuações, por mais que alguns caiam.
Sinceramente? Talvez Across The Universe seja um filme desnecessário em sua maioria, ao tentar adaptar uma história inteira de amor para colocar a carreira dos Beatles nela. Mas funciona em algumas cenas, que conseguem mesmo demonstrar um sentimento escondido atrás de tanta revolta e de tanto precípite. E, além de tudo, ainda serve como uma homenagem extremamente bem feita sonoramente. O tamanho do filme também dificulta, prender a atenção do público por mais de duas horas sem clareza na filmagem e com um bombardeio de ideia é difícil. Entretanto, os Beatles merecem essa homenagem, assim como muitas outras que certamente virão para essa banda que se tornou mais popular do que Jesus Cristo.
NOTA: 7

9 comentários:

Alan Raspante disse...

"Across the universe" é um filme viciante, rs Acho incrível o fato do roteiro ser costurado conforma as músicas dos Beatles. Porém, não vejo como desculpa para um roteiro que poderia ter sido melhor trabalhado, principalmente o romance entre os protagonistas... Enfim, é um musical que tenho muito apreço e vejo sempre que posso.

Abs.

Adecio Moreira Jr. disse...

Eu sou daqueles fãs de Beatles que tem discografia completa, por isso poderia torcer no nariz para um filme que tem Evan Rachel Wood cantando as músicas deles.

Mas eu amo!!!

Depois de ver o lirismo de uma teamleader cantar "I Wanna Hold Your Hand" pra outra e Tio Sam cantando "I Want You/I Want You so Bad...", só me resta amar mesmo.

^^

Kamila disse...

"Across the Universe" é um belo filme, apesar da irregularidade em certos momentos, como aquele que introduz a política dentro da jornada do personagem principal. Mas, acho um filme lindo do ponto de vista estético e da seleção que faz das músicas do Beatles.

cleber eldridge disse...

È um filme que possui lindos, lindos momentos, cenas deliciosas e sem contar as músicas encantadores, junto de performaces ótimas. É um todo, um excelente filme.

Rodrigo disse...

O problema desse filme é que ele muda bruscamente de estilo. Se no começo eles queriam colocar todas as músicas, com apenas uma historinha bobninha, tudo bem. Mas no segundo ato, as músicas perdem a força e a história fica mais complexa do que deveria ser. Porém, é aí que ocorre as melhores cenas (em particular as dos morangos) e as piores (toda a parte do circo). No final, acaba sendo um filme irregular que demorou para decidir o que realmente queria tratar. Abraços.

Natalia Xavier disse...

Tenho mta curiosidade pra ver esse filme, e unca reservo tempo.

Assisti o Garoto de Liverpool sobre Lennon, mas ele deixa a desejar em alguns aspectos... Falar de Beatles e homenagea-los nao deve ser tarefa mto facil ne?

Deixei um selo pra ti la no blog, espero que goste!

Bjs

Cristiano Contreiras disse...

Discordo muito de seu texto, acho que o filme funciona bem, tem uma boa narrativa que alia-se de músicas dos Beatles pra contornar uma história de juventude, amor, paixões, política, etc etc...sei que a trama, nem mesmo o filme em si, é uma obra-prima de construção, mas é eficiente e melhor que muitos musicais valorizados por aí.

A bela química de Jim com Evan segura MUITO o filme, dá até um charme, rs.

Gosto muito!

E, ah, até concordo, a tal parte do 'circo' é o ponto fraco do filme, é meio chatinha, no mais eu adoro!

abraço

renatocinema disse...

Alguns amigos amam o filme, outros odeiam.

Mas, apesar de seu texto não gostar tanto do filme, esse é uma produção que preciso assistir.



Abraços

Andinhu S. de Souza disse...

Sou um dos poucos que acharam esse filme o mais puro tédio. Mas na época eu não conhecia os Beatles, talvez numa revisada eu goste mais.