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12 de janeiro de 2011

O Albergue (2005)

Um filme de Eli Roth com Jay Hernandez e Derek Richardson.

Um filme de sádicos para sádicos, elegido como muitos como o mais assustador filme de todos os tempos. Não sou da mesma opinião desses, mas é inegável que O Albergue é chocante e merece ser visto. Com a constante mudança e inovação do gênero do terror, o que antes era aterrorizador, hoje é patético. Veja Psicose do mestre do terror, Hitchcock. O ápice do horror no filme é uma cena de uma mulher sendo esfaqueada no banheiro, com sangue escorrendo no ralo. Nada de violência explícita ou algo assim. Quem se assustaria hoje em dia? Por mais bem-sucedido que tenha sido a inovação apresentada em A Bruxa de Blair com os falsos documentários, pode-se dizer que a ideia já está gasta ao tentar mostrar um horror rápido, que câmeras de mão não conseguem acompanhar, criando muita tensão quando bem utilizada. A onda do terror agora é o explícito, a tortura, o sangue, as náuseas, o subversivo. Tudo que eles puderem fazer para você se sentir mal, o terror faz. E essa pérola de Eli Roth cumpre bem esse papel.
Paxton (Jay Hernandez) e Josh (Derek Richardson) são dois mochileiros americanos, saindo pela Europa em busca da diversão de sempre, sexo, drogas e tudo mais o que puderem ter. No meio da jornada, ambos se juntam a um mochileiro islandês, Oli (Eythor Gudjonsson), para vivenciar a farra de suas vidas. Juntos eles, por intermédio de um "amigo", vão parar na Eslováquia, onde lhes foi dito que iriam achar as melhores mulheres da Europa. Ao chegar no albergue recomendado, os três conhecem Natalya e Svetlana (Barbara Nadelyakova e Jana Kaderabkova, respectivamente), duas belas moças que se apresentam dispostas para qualquer fantasia que tenham. Mas, no ápice dessa viagem, Oli desaparece. Quando os amigos tentam ir embora, eles se veem numa terrível armadilha mortal para estrangeiros.
A sacada genial do filme é oferecer o humano como um produto. O Albergue foi inspirado num site em que as pessoas pagavam U$ 10.000,00 para atirar em outras. Até onde vai a sangria do ser humano, e até que ponto o sadismo é uma excitação a mais? Afinal, o sadismo é realmente algo a ser levado a sério como excitação? É mesmo assim tão correto machucar outras pessoas, mesmo que por dinheiro? Eli Roth ironiza isso ao extremo. Enquanto os mochileiros partem numa viagem inesquecível, onde pretendem gastar o dinheiro com drogas e mulheres, - mais uma vez, transformando o humano em produto - a história termina invertida. Quando o albergue mostra suas caras, é tarde demais. Os dois protagonistas bonzinhos se transformam numa diversão horripilante. Os eslovacos fazem fila para ter o prazer de torturar alguém, e pagam muitíssimo bem por isso. Vemos no filme policiais, médicos, advogados pagando o que seja para ver alguém sofrer de uma maneira bem lenta. Um curto diálogo quase no fim do filme mostra isso bem.
Ao mesmo tempo que Eli Roth transforma o comércio humano num terror desolador, tudo tem seus lados negativos. É um bom filme, mas não chega a ser o terror do século. Os filmes de gore estão cada vez mais se tornando o novo terror com a banalização e olhos caindo, miolos nas paredes e litros de sangue já estão presentes nos filmes atuais. A violência explícita aparece agora não só no terror, mas em outros gêneros com o intuito de inová-los pelo choque. Embora todo esse terror tenha se tornado normal, O Albergue surgiu na era certa, modificando a visão de alguns espectadores, transformando esse filme na separação do novo e do velho horror. O resto do filme se torna uma balança entre o bom e o ruim. Por mais que o cenário do filme seja excelente, uma perfeita locação para um filme de terror tão tenso, as atuações encobrem esse aperitivo em seus raros bons momentos. E por mais que a temática seja até interessante em explorar a crueldade humana, O Albergue ainda deixa suas marcas, fazendo com a Eslováquia o mesmo que Turistas fez com o Brasil.
O ritmo do filme segue tão lento que nos primeiros trinta minutos não se podia dizer que era um horror. Mas a película vai se revelando aos poucos com um humor negro indiscritível, uma trilha sonora impactante e cenas nojentas, repletas de tortura e sadismo, movidos pelo dinheiro e, no fim, pela vingança. O que Eli Roth quis trazer em O Albergue não foi um horror para o espectador, e sim um prazer pelas suas cenas cruas. Sou tão humano quanto esses sádicos? O filme é uma banalização da humanidade junto com uma banalização da pior forma de terror. Mas efeitos desnecessários combinados com situações descartáveis não fazem jus ao que o filme veio mostrar.
NOTA: 6

2 comentários:

Cristiano Contreiras disse...

Acho esse filme bem tenso, realmente: não é um filme perfeito, mas convence e o ritmo vai tornando-se denso, à medida que o tom grotesco e suspense vai tendo forma e contorno.

A continuação é ridicula!

abraço

Alan Raspante disse...

Fala gabriel! Beleza, fera?! Estou de volta, rs
Enfim, na época até gostei do filme, mas agora pra mim,soa apenas como algo rídicul e idiota e em muitos momentos mal feito. Ainda prefiro 'Psicose' como você bem citou no início de seu texto...

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