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20 de setembro de 2011

Amor A Toda Prova (2011)

Um filme de Glenn Ficarra e John Requa com Steve Carell, Julianne Moore, Ryan Gosling e Emma Stone.

É possível amar e é possível amar. Uma pessoa não ama do mesmo modo da outra, assim como não sente qualquer coisa do outro modo da outra. A comparação entre sentimentos é algo impossível pelo nível de importância que cada um tem numa moral formada por padrões mutáveis. Nessa batalha entre sentimentos homônimos, entram valores como o casamento, o namoro, o sexo. Sinceramente, parece clichê? E é. É uma guerra dos sexos, focando em relacionamentos desgastados, novos ou enterrados, mas que favorecem ao público a visão romântica da esperança que nunca acaba. Amor a Toda Prova é isso, e incrivelmente não soa como um déjà vu para a plateia.

"Em 3 vamos dizer juntos o que queremos, OK? 1, 2, 3: Crème Brûlée!" "Divórcio!". Cal Weaver (Steve Carell) é um quarentão que só manteve um relacionamento a sua vida inteira. É casado com a mulher que ama, tem ótimos filhos e um bom emprego. Mas, numa noite, ele acaba descobrindo que sua esposa, Emily Weaver (Julianne Moore) quer a dissolução do casamento e que o traiu. Desiludido, ele percebe que Emily era a mulher de sua vida e entra numa crise ao ver todos os seus anos se encerrando. Paralelamente acompanhamos a história de Jacob Palmer (Ryan Gosling), um jovem com estilo que consegue uma mulher diferente a cada noite. Quando Cal está em sua crise, Jacob decide ajudá-lo a seguir em frente com a arte de paquerar mulheres.

O principal do longa-metragem é a delineação realista que ele faz dos personagens. Primeiramente há o conflito principal que acaba gerando os secundários no longa: o divórcio de Emily e Cal. Cal ainda é o bobo apaixonado que vive no seu mundo pré-adolescente. Confortável na sua fantasia de amor ilusório, numa zona de conforto da paixão, ele não viu que seu casamento estava estagnado num nível de amor satisfatório para o marido, mas insatisfatório para a esposa. E aí entra a visão do homem de "onde foi que eu errei?". Vivendo as paixões que deixou paralisadas durante todos esses anos de fidelidade monogâmica, ele descobre que sua felicidade não está contida em levar uma mulher para casa toda noite e depois dispensá-la. A idade já passou, sua noção de felicidade foi-se embora junto com Emily, seus tênis surrados e sua carteira de velcro. Steve Carell faz um personagem parecido com qualquer outra coisa que já tenha feito em outras comédias, mas que mantém uma graça momentânea. De um modo ou de outro, ele completa as cenas em que aparece misturando realidade e comédia, rindo do próprio esteriótipo. Julianne Moore é uma atriz versátil, fica bem em qualquer personagem e aqui não foge à regra. Por menos que apareça, para dar vazão ao romantismo masculino, ela ainda é uma presença gratificante no elenco, que não sai do personagem em momento algum e se adapta à todas as situações da mulher indecisa.

Jacob Palmer é o outro lado da moeda. É um homem que nunca precisou se preocupar com um relacionamento estável e que vive a vida que Cal nunca teve. Se ele gosta dessa vida? Impossível dizer que não. Jacob respira sua arte pessoal de conquistar garotas, o que não é pra menos. Ele usa cada medida de seu charme por meio de roupas bonitas, um corpo malhado, um sorriso galanteador e uma promessa de uma noite inesquecível que qualquer mulher num raio de 2 quilômetros tem de sentir como é passar uma noite com ele. Mas ainda há aquela esperança do fundo: uma mulher fixa. Enquanto ele vive sua vida ininterrupta de alternância de companheiras, há um dilema em sua vida. Onde está a mulher dos seus sonhos, que acabará com o fogo do galã? Entra em cena Hannah, personagem de Emma Stone, a única mulher que parece não sofrer a influência de Jacob, que sonha com uma vida monogâmica com o namorado. Sem traições ou noites de aventura. O encontro de duas personalidades tão distintas estabelece um novo objetivo para Jacob que acaba entrando em conflito: quem vai ter de mudar para agradar o outro numa possível vida amorosa? Considero tanto Ryan Gosling quanto Emma Stone dois atores promissores. Ele já conseguiu me emocionar mais de uma vez em filmes como A Garota Ideal, Namorados Para Sempre ou Diário de uma Paixão. Ela me faz rir de uma maneira verdadeira e mostra um carisma e beleza tão grandes que sua presença é deliciosa.

Para completar os casais, temos uma paixão adolescente protagonizada por Robbie, interpretado pelo divertido Jonah Bobo, o filho de Emily e Cal. É uma criança de 13 anos que se vê amando sua babá de 17, a desengonçada Jessica Riley (Analeigh Tipton). E o que realmente leva a plateia aos risos é a força de persuasão e a insistência que o menino tem para conquistar aquela que ele diz ser sua alma gêmea. Como se diz a uma criança que ela não sabe o que é o amor se ela ainda não viveu o bastante para compará-lo com um sentimento de um adulto? Tudo é amor em Amor a Toda Prova. O amor para uma criança pode ser menos intenso do que para um adulto, mas não se nega que é amor. Que se negue outras coisas, mas não a beleza da afirmação de uma relação de entrega. Completando o elenco, temos Kevin Bacon fazendo um personagem que se apaga em cenas e fica escondido atrás de nomes como Moore ou até mesmo Carell. E há também Marisa Tomei, fazendo uma personagem tão caricata que, se não levasse o público às lágrimas de riso devido aos seus jargões, poderia comprometer o realismo do filme.

A dupla de diretores, que já tinha feito O Golpista do Ano, acerta no tom romântico, cômico e dramático colocado no peso de Amor a Toda Prova. Não é um filme necessariamente feliz o tempo inteiro, é um filme que prega por mostrar as relações como elas são, assim como muitas outras pérolas espalhadas atualmente. Mas talvez o elemento secreto do longa-metragem seja um elenco de peso, com interpretações dignas, um roteiro divertido e que não cai e que abusa dos clichês do gênero até se dizer chega. É uma interpretação diferente de comédia romântica para comédia romântica, do mesmo modo que o amor de um muda para o amor de outro. É um filme bom e divertido à seu modo.

NOTA: 8

14 de setembro de 2011

Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007)

Um filme de Tim Burton com Johnny Depp, Helena Bonham Carter e Alan Rickman.

É clichê social tirar vantagem do próximo num momento de extremismo emocional. Está na essência humana, mascarada depois de vários e vários anos de moral externa e domesticadora. Depois dos instintos humanos terem sido condenados pela justiça cristã, eles ficaram enrustidos numa casca de pseudo bondade. E, nessa visão social de um homem amargurado que já sofreu a injustiça da moral e procura uma vingança dela, temos esse musical sombrio que se tornou uma grande surpresa. Não é mistério a parceria favorita de Tim Burton ser seu grande amigo Johnny Depp e sua esposa Helena Bonham Carter. E, nessa combinação do trio numa Londres fria e nada romântica junto à adaptação feita por Stephen Sondheim, temos nas mãos o tenso Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.

Havia um barbeiro e sua esposa, e ela era linda... Um barbeiro tolo e sua esposa, ela era a razão de sua vida e ela era linda... Após o barbeiro Benjamin Barker (Johnny Depp) perder sua esposa e sua filha por meio do juiz Turpin (Alan Rickman), que a desejava e usou da justiça para tê-la, ele volta à Londres após 15 anos em exílio. Daí, a única coisa que ele procura é vingança contra aqueles que impediram sua felicidade e o transformaram num homem amargurado. Para completar seu plano de vingança, ele assume a personalidade de Sweeney Todd e pretende voltar a trabalhar na mesma barbearia que tinha antes de ser culpado por um crime que não tinha cometido. Mas o tempo passou, ele ouve boatos que a esposa morreu e que a filha está sob a guarda do juiz. Para o seu plano vingativo funcionar perfeitamente ele conta com a ajuda da sra. Lovett (Helena Bonham Carter), a dona do estabelecimento de tortas que fica debaixo da loja de Sweeney.

É um mundo cruel, onde as ruas gritam por piedade da natureza humana que consome a tudo e à todos. É uma justiça feita para poucos com base na injustiça que cai sobre muitos. O único modo de não ser pego é não ser visto, ficar quieto em casa sem ser notado. Aos poucos nos acostumamos com a ideia de uma Inglaterra vitoriana do século XIX, com navios zarpando, carruagens nas ruas, feiras em esquinas e uma ideia parca de moral e ética para os caminhos legais. Aos poucos nos acostumamos com a ideia de que os seres humanos não prestavam - e, assim, ainda chegamos à conclusão que nada mudou. A vingança despertou toda a podridão instintiva de um ser, que acaba desenvolvendo uma reação em cadeia e chacinando uma cidade inteira para poder cumprir seu dever. O superego já não acusa o homem de estar fazendo o errado, ele apenas retribui o que lhe foi dado com o mesmo rancor que lhe infligiram. E com uma paciência de Jó temos o roteiro de Sweeney Todd em mãos: um vingador que recebe ajuda, mas no fundo é um solitário e não sabe o peso de sua ira. Este musical podia muito bem ir parar nas mãos de Chan-Wook Park para um episódio da Trilogia da Vingança (Mr. Vingança; Oldboy; Lady Vingança), porque o barbeiro só conseguiu enxergar o tamanho de seu sentimento depois que o fogo tinha apagado. E de quem é a culpa de tamanha vingança? Culpe a sociedade cega.

Obviamente que a direção de arte não poderia ficar fora dessa ambientação primorosa. Burton primeiramente pensou em colocar os atores contracenando em frente a uma tela verde, mas viu que isso dificultaria a interação de atores para um gênero tão espontâneo quanto um musical. E quem diria que o cenário daria tão certo? As ruas cinzentas de Londres, combinando com toda a ambientação dos subúrbios da rua Fleet e a ralé do mundo que habita lá, como Johnny Depp canta com toda a frieza de seu personagem nos momentos iniciais do filme. Não há lugar como Londres. Ao mesmo tempo que a direção de arte de Dante Ferretti, que ganhou o Oscar da categoria em 2007 por este musical, usa do fetiche de Burton pelos cantos escuros das ruas sem nenhuma visão romântica, a fotografia encanta. Os tons cinzentos e negros de Dariusz Wolski combinam e contrastam com o fogo amarelo de uma fornalha ou com o sangue vermelho jorrando de cortes. Isso sem contar com a maquiagem pálida de personagens indiferentes, uma beleza para deixar o suspense no ar de uma vez por todas. Uma beleza que merece ser vista.

O filme inteiro cheira à Tim Burton. Com o estilo de seus personagens esquisitos e um roteiro não convencional como em outros de seus grandes filmes, ele constrói uma versão ainda mais densa do musical adaptado de Stephen Sondheim. Stephen Sondheim, aliás, é o responsável pela trilha sonora deliciosa de Sweeney Todd. Obviamente, quem já conhece a história até agora sabe que ela é contornada por tristeza e melancolia e que números excitantes como os que apareceram em Chicago ou em Moulin Rouge não são o enfoque desse conto de horror. Isso não muda o fato da beleza das canções. Ouvimos as vozes da escória humana saudando suas vidas desgraçadas ao público, e não se pode esperar nada além disso. Com vozes esganiçadas, transmitindo sofrimento, aguentamos e sentimos as quase 2 horas do filme nas vozes de Depp e Bonham Carter para adaptar canções sofridas que apareceram na Broadway.

Johnny Depp adiciona seu saldo de rancor cantando com uma voz rasgante e transbordando de ira, o que é bem perceptível em cada uma de suas músicas ou de suas cenas. Quando entra em cena, espere mesmo o barbeiro demoníaco, um homem frio que necessita de vingança. Não é a toa que sua atuação lhe rendeu uma indicação ao Oscar e o prêmio do Globo de Ouro. Helena Bonham Carter não fica atrás. Sua voz aguda rende bons momentos e ela sabe dialogar perfeitamente em suas canções com um tom que não cansa o espectador. Enquanto canta, ela mescla beijos, tapas, batidas e gritos em canções angelicais com letras horrendas. E sua força interpretativa é algo que palavras não descrevem sozinhas. Veja bem a sra. Lovett entrando em cena e entenda porque ela ganhou o Globo de Ouro junto com Depp. O elenco é primoroso, por mais que o foco se encontre no casal diabólico. Um Alan Rickman inspirado e resguardado mostra como a justiça era inexistente na época retratada. Os apaixonados Jamie Campbell Bower e Jayne Wisener não perdem a pose e trazem o mesmo tom para os personagens. Timothy Spall traz a rodada de sarcasmo num personagem secundário feito com intenções fortes. E, por fim, Ed Sanders vive seu personagem numa forte crença de Toby, o garoto faminto e sonhador, que se apega rapidamente a um lado inexistente da malvada fabricante de tortas.

Num tempo de musicais retratando amores corrompidos, brutos ou prestes à nascer, Sweeney Todd é algo fora do comum. Primeiramente, pelo toque sombrio de Burton, longe da atmosfera apaixonante. Deve ser uma ironia ver tamanha obscuridade se transformar numa paixão ainda mais forte por musicais. O filme prega pelo terror, pelo drama. E o musical se mescla a ambos em primeiro plano, com as músicas se adaptando a um ambiente e a um roteiro que sozinho já respira tragédia. Sweeney Todd é mais do que um musical de Tim Burton. É a ambientação de uma Inglaterra onde as pessoas comem as outras. Literalmente.

NOTA: 10

8 de setembro de 2011

Blade Runner (1982)

Um filme de Ridley Scott com Harrison Ford, Sean Young e Rutger Hauer.

O homem gosta de brincar de Deus. Gosta de se sentir no poder quando ameaçado e, por mais que tente esconder isso numa sociedade racional, no fundo, em seu inconsciente, é a vontade de poder que o move. Em sua confusão de causa e consequência, de criação e criador, o homem acaba desconhecendo seus limites quando prova um pedaço da soberania. E assim, acabamos brincando com a vida. A vida nos é concebida e chega a ser um pecado para alguns quando ela é criada em laboratórios. E, brincando com a vida, chegamos ao ponto que Blade Runner quer chegar: como se dá vida a alguém e depois diz que é preciso retirá-la? Num paralelo com o poder, o filme de Ridley Scott é uma aula de humanidade num futuro onde a vida é uma brincadeira de diversos deuses em carne e osso.

Num futuro até próximo, uma empresa começa a produzir robôs mais fortes e mais inteligentes que um ser humano, e aqueles podem ser confundidos com estes com uma facilidade incrível. Até que, devido a um motim contra a raça humana, os robôs, que são chamados de replicantes, são expulsos da Terra sob a pena de morte, que é chamada de aposentadoria. Nessa caça aos replicantes, chegamos ao ano de 2019, onde acompanhamos o ex-caçador de andróides Rick Deckard (Harrison Ford) procurar por 4 replicantes foragidos que invadiram a Terra em busca de idade, já que cada replicante pode viver até, no máximo, 4 anos.

O interessante dessa manifestação que acabou se tornando uma escola da ficção é a sua temática. Por mais que o visual seja excelente para a época em que foi feito, cheio de artefatos tecnológicos e futurísticos que seriam usados mais tarde em outros filmes, o roteiro é que se encontra em primeiro plano aqui. Blade Runner não abandona a ficção científica em momento algum, o que é prova em seus momentos de luta, batalhas coreografadas e a ideia principal dos replicantes. Mas o que vem junto à ficção é uma ideia: onde está a humanidade quando se fala de vida? O limite do ser humano é saber parar quando ele mexe com o desconhecido ou com algo que ele mesmo não controla. E o homem nunca controlou a vida alheia, por mais que sempre tivesse a ambição disso. A partir do momento que as máquinas ganham vida, elas adquirem sentimentos. Elas podem ver, elas podem sentir, elas podem saber o que é ser humano num corpo de fios com 4 anos de vida. E como se retira, num tempo tão curto, uma vida de um ser que teve a chance de viver? O fato de eles não serem concebidos como seres humanos não é o bastante para negá-los o direito a sentir o mesmo que a sociedade. Afinal, no fim, chegamos a uma questão: somos mais humanos do que máquinas assassinas?

O aspecto humanitário que atinge essa obra de Ridley Scott, que foi utilizado recentemente no inglês Não Me Abandone Jamais de uma forma mais romântica, é o ponto principal da sessão. O que é a humanidade após a revelação dos andróides? Esse conceito ainda é válido? O conceito de humanidade normalmente é utilizado para um caráter benevolente, e tirar uma vida alegando que ela não é uma vida é benevolente? O benevolente é observar durante os curtos 87 minutos de duração a humanidade ser retratada em filhos dos tubos de ensaio. Uma humanidade não finge ser algo além do que é na tentativa de criar e retirar, como fez o calmo dr. Tyrell, interpretado por Joe Turkel, no seu pecado de ser um deus no auge de seu gênesis. O interessante é a rixa eterna entre duas raças que não se diferem entre si na maioria dos quesitos. Os replicantes foram feitos escravos dos humanos, feitos para viverem com medo do prazo de validade, com medo dos humanos, com emoções bem mais fortes do que as trazidas por um senso de humanidade corrompido. E é o resgate dessa sensação, ou ao menos a tentativa dele, que o andróide Roy Batty traz no filme após toda a caracterização violenta de seu personagem. Tente não se emocionar nas cenas finais, num apelo à paz entre as raças.

Uma experiência e tanto viver com medo, não? Ser escravo é assim. Os replicantes têm uma crise existencial mais forte do que os próprios humanos pelo fato de não saberem quem são até virarem repúdio de uma raça que acolheram. E há uma contestação clara disso. O viver sem estar seguro é motivo para uma ira infinita, um repúdio da raça criadora. Observe a beleza da cena rápida entre Roy e Tyrell, criatura e criador. O que difere os homens dos replicantes é que os andróides tem certa razão em sua raiva. Blade Runner é uma experiência composta de belos momentos da existência e sua ironia e teve uma longa caminhada para chegar ao ponto que chegou. O filme foi lançado inicialmente em 1982 mas, por estreiar junto a outros sucessos como Star Trek II e E.T., não foi bem recebido, nem pelo público nem pela crítica. Após 10 anos de seu lançamento, com novas versões sendo dirigidas e com uma nova edição feita pela equipe, o filme passou de fracasso de bilheteria para clássico cult. A beleza de Blade Runner também está nos efeitos especiais, muito à frente de seu tempo. Quem proporcionou todo o visual futurista, cheio de lasers, naves e neons, foi Douglas Trumbull, unido à fotografia predominantemente escura de Jordan Cronenweth, ao design de Syd Mead e à força da trilha sonora do grego Vangelis.

Ver um Harrison Ford, inspirado e com força interpretativa excelente para encarnar seu personagem; uma Sean Young desesperada em sua atuação e transmitindo sofrimento a cada fala; um Rutger Hauer que rouba as cenas com suas expressões e seus diálogos; e uma Daryl Hannah sedutora, mas ao mesmo tempo fatal e engraçada, não há como resistir ao charme total de Blade Runner. As figuras se tornaram ícones assim como a temática se tornou um clássico. Um clássico que resistiu ao tempo e que acabou se tornando não apenas a criação, acabou se tornando o criador. "É uma pena que ela não vá viver; mas, afinal, quem vai?". Quem viverá é apenas a lição dessa obra-prima imortalizada no cinema. Um clássico obrigatório.

NOTA: 9