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1 de março de 2011

Oscar 2011


O Oscar ocorreu domingo, 27 de Fevereiro de 2010. E o Oscar continua o que vem sendo há algum tempo: um desfile de moda, já que a premiação se torna mais importante no tapete vermelho, enquanto a entrega dos prêmios é previsível graças ao terrível conservadorismo da Academia. O Oscar é a mais importante premiação de cinema, mas não a mais confiável, e não falo isso apenas porque não gostei do resultado da noite.
Primeiramente, vou falar não do que aconteceu na premiação, e sim do que não aconteceu. Bravura Indômita, um ótimo filme para ser adicionado na ótima filmografia de Joel e Ethan Coen, não levou um prêmio sequer, nem por fotografia, nem por atriz coadjuvante, que merecia acima de tudo. Depois, houve 127 Horas. Não sei se sou o único que acha que o filme deveria ter ganhado o melhor edição, já que adorei a montagem do longa de Danny Boyle, mas eu estava ao menos crente de que iria ganhar em melhor canção original. Deveria ter lembrado que ele concorre com um filme de animação. Da Disney. Não há como ganhar. Depois, há o que não foi premiado. Ilha do Medo é um filme que eu colocaria fácil na lista de melhores de 2010. Christopher Nolan é um diretor que entraria rapidamente na lista dos melhores. Leonardo DiCaprio poderia ter sido indicado duas vezes, já que tanto em Ilha do Medo quanto em A Origem ele apresenta um ótimo desempenho. Andrew Garfield também poderia figurar entre os coadjuvantes, tanto pelo muitíssimo falado A Rede Social quanto pelo muitíssimo esquecido Não Me Abandone Jamais.
Alguns dos maiores prêmios da noite (totalizando 4 por melhor filme, melhor diretor, melhor ator e melhor roteiro original) foram adquiridos pelo tradicional O Discurso do Rei, um filme que não tem nada de mais, mas que é um prato cheio para o Oscar por ser bem feito em sua realização estética e ser agradável de se ver. Não me surpreende que ele tenha esquecido os não-convencionais Cisne Negro, 127 Horas, Bravura Indômita e A Origem. Estava claro como água que o maior prêmio da noite seria faturado por O Discurso do Rei ou por A Rede Social, mas não esperava que o melhor diretor fosse Tom Hooper. Ao menos David Fincher. Gostei que A Origem ganhou alguma coisa, por mais que somente prêmios técnicos.
Ator, Atriz, Ator Coadjuvante e Atriz Coadjuvante foi super previsível. Ainda não vi O Vencedor, não tenho embasamento para falar dessas duas últimas categorias. Mas senti pena dos atores e atrizes desse ano. Nicole Kidman tem um ótimo desempenho em Reencontrando a Felicidade. Javier Bardem tem uma atuação cruel em Biutiful. Michelle Williams me emocionou e me convenceu em Namorados Para Sempre. James Franco exala tensão em 127 Horas. Anette Bening é uma das chaves da trama bem-humorada de Minhas Mães e Meu Pai. Jeff Bridges, por mais canastrão que seja, faz um ótimo papel em Bravura Indômita. Como a atuação é a chave de Inverno da Alma, Jennifer Lawrence é uma concorrente de peso. E Jesse Eisenberg faz um dos seres mais irritantes e mostra que nem toda a formação de empresas é feita de forma justa em amigável em A Rede Social. Não desmereço os ganhadores, afinal, os melhores e com um trabalho muitíssimo bem feito para as categorias, mas ainda sinto pena dos outros. Se estivessem concorrendo em outros Oscar, poderiam ter ganhado facilmente. Além do mais, não é fácil concorrer com um rei gago e uma bailarina psicologicamente perturbada, interpretados com maestria por Colin Firth e Natalie Portman.
Por fim, nossa parcela nacional no Oscar não ganhou. E me surpreendeu. Esperava, se não um prêmio para Lixo Extraordinário, algo para o tão falado Exit Through The Gift Shop. Ambos são o contrário um do outro. Enquanto o brasileiro reinventa a arte através da reciclagem e reutilização no maior depósito de lixo do mundo, o inglês, ironicamente, critica a arte que vem sendo comercializada. Mas não foi um ano da arte e sim da economia.

MELHOR FILME: O Discurso do Rei
MELHOR DIRETOR: Tom Hooper, por O Discurso do Rei
MELHOR ATOR: Colin Firth, por O Discurso do Rei
MELHOR ATRIZ: Natalie Portman, por Cisne Negro
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Christian Bale, por O Vencedor
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Melissa Leo, por O Vencedor
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL: O Discurso do Rei
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO: A Rede Social
MELHOR ANIMAÇÃO: Toy Story 3
MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA: Em Um Mundo Melhor
MELHOR DOCUMENTÁRIO: Inside Job
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE: Alice No País das Maravilhas
MELHOR EDIÇÃO: A Rede Social
MELHOR EDIÇÃO DE SOM: A Origem
MELHOR MIXAGEM DE SOM: A Origem
MELHOR MAQUIAGEM: O Lobisomem
MELHOR FIGURINO: Alice No País das Maravilhas
MELHOR FOTOGRAFIA: A Origem
MELHOR ANIMAÇÃO (CURTA): The Lost Thing
MELHOR DOCUMENTÁRIO (CURTA): Strangers No More
MELHORES EFEITOS VISUAIS: A Origem
MELHOR CURTA-METRAGEM: God Of Love
MELHOR TRILHA SONORA: Trent Reznor e Atticus Ross, por A Rede Social
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: "We Belong Together", Toy Story 3

Um comentário:

Alan Raspante disse...

acho que o oscar não soube lidar com uma coisa: filmes bons; só me ocorreu agora que nesta premiação tivemos diversos filmes como destaquee acarretou nesta enxurrada de prêmios para alguns fimes. sabe como é, o oscar adora concentra num só filme. um só favorito.

enfim... adoraria que 'cisne' tivesse sido o grande ganhador. mas tudo bem, né. fazer o quê!