Um filme de Zack Snyder com Emily Browning, Abbie Cornish e Scott Glenn.
Podemos procurar na filmografia de Zack Snyder vários indícios de que Sucker Punch seria uma obra perfeita para ele realizar. Seus filmes, como 300 e Watchmen, possuem lutas coreografadas, violência distribuída entre cenas de ação e um contorno filosófico na história. Alguns fatores acabaram favorecendo o resultado que saiu agora nas salas de cinema, mas outros acabam com o filme de forma irreparável. As lutas de Sucker Punch transportam o espectador para um mundo fantasioso, que até agrada visualmente em meio a tanta ação, é quase um sonho nerd. Mas a base que ele tenta estabelecer ao criar devaneios com uma lógica a ser seguida acaba com o filme, já que a narrativa acaba empobrecendo tudo o que ele criou esteticamente para agradar o público.
Após a mãe morrer e o padrasto matar a irmã e tentar matá-la, Baby Doll (Emily Browning) leva toda a culpa pelo marido da mãe, que procura uma forma fácil de ganhar a herança da enteada. Com isso, ela é mandada a um manicômio e colocada numa lista de espera da lobotomia para que o padrasto fique com toda a fortuna. Nos cinco dias restantes até a sua cirurgia, ela cria um ambiente escapista para poder sobreviver na realidade do hospício: todo o ambiente é transformado num bordel, onde ela, Sweet Pea, Rocket, Amber e Blondie (Abbie Cornish, Jena Malone, Jamie Chung e Vanessa Hudgens, respectivamente) procuram a liberdade do lugar liderado por Blue (Oscar Isaac).
Uma forma perfeita de se descrever o novo filme de Snyder é como um videoclipe terrivelmente longo. A primeira cena, que mostra o prólogo da obra através de um plano fechado, cenas em câmera lenta e ações destrinchadas acompanhadas por uma fotografia escura e pela música Sweet Dreams (Are Made Of This), parece um vídeo alternativo feito em homenagem ao sucesso da banda Eurythmics. As sequências apenas confirmam isso, já que a realidade e as fantasias se revezam ao som de Alisson Mosshart, Queen e Björk, e são acompanhadas por elas durante bom tempo da trama, deixando 60% do filme completo entre cenas de ação que poderiam ser melhor aproveitadas em algum RPG, músicas com uma batida forte para acompanhar golpes das mais variadas artes marciais e um cenário, figurino e maquiagem extremamente góticos. Uma dica? Não vá ao cinema, espere sair em DVD. Quem sabe passe até na MTV.
A atuação extremamente descartável da maioria do elenco não constitui muito perigo para o resultado final, já que tudo é movido por efeitos computadorizados em mundos distantes. Mas de qualquer modo, sempre vale a pena ressaltar um ou outro que realmente me fizeram crer que aquele lugar era tanto um hospício quanto um bordel, não apenas cenários variados de Call Of Duty e Shrek. No caso, apenas Abbie Cornish parecia querer mostrar para o que veio, já que sua personagem é a única do longa inteiro que apresenta uma personalidade consistente e não um estereotipo bobo. O resto do longa-metragem se constitui em dois aspectos: o principal, que é a única certeza que temos do filme inteiro - ele vai ser um filme de ação feito para entreter e agradar, não para causar reflexão. Tanto que as três realidades podem agradar a todos que forem ver o filme. O hospício hostil revela o ambiente racional do filme. As outras fantasias revelam uma atitude feita para suportar o peso de uma realidade. Mas, para o filme subir no conceito de muitos, as fantasias se tornam fetiches ou sonhos no auge da loucura. Um bordel para agradar o público masculino e um cenário de caos entre castelos e um campo de guerra para agradar quem foi ver a ação. O segundo aspecto se constitui numa dúvida superficial que ele joga logo no início: todo esse nonsense terá algum significado metafísico ou transcendente envolvendo questões existencialistas?
Fui ver Sucker Punch esperando um filme de ação. O filme jogou em minha mente que ele seria mais do que isso. Mas, no fim das contas, Sucker Punch foi apenas mais um filme de ação. O visual é realmente invejável, tudo no fim é bem bolado para agradar a sessão. Por mais que essas tentativas funcionem no começo, o excesso desse recurso estético acaba cansando, seja no tom escuro das guerras ou o incrível contraste de cores vivas do cabaré. Uma curiosidade, por mais escuro que seja, a fotografia mais sombria é a da realidade do manicômio, não a das cenas violentas. No fim das contas, Sucker Punch é apenas um punhado de cenas de luta com trilha sonora ao fundo, o resto é descartável. Seria um filme melhor se Snyder se lembrasse que, embora apenas uma fantasia seja mais trabalhada, ele tem mais dois mundos para aprofundar.
NOTA: 5
9 comentários:
Pelo visto este filme tem frustrado todos os cinéfilos, rs, eu nem tenho pressa pra conferir.
Abs
ah Gabriel, tem inúmeras falhas mas eu gostei deste "orgasmo visual" que o filme tem. Amei aquele prólogo! hehehe
ps: Só uma coisa: Snyder não dirigiu "Superman - O Retorno", ele vai dirigir o próximo filme do Superman, mas não tem nada a ver com este filme, rs
Abs :D
Também não tenho pressa para ver. Já falaram cada coisa... Abraços.
Olá Gabriel,
houve um pequena mudança no meu blog...uma troca de endereço, gostaria que você excluisse o antigo link que era O Irlandês e adicionasse o novo..
http://cinemaatemporal.blogspot.com/
já providencei um novo link do seu blog ao novo enderenço..agradeço desde já
abraços!
Não sou grande fã deste tipo de filme que mais lembram um game que cinema.
Não assisti nem mesmo "300" ainda.
Parabéns pelo blog, estou linkando sue endereço no meu blog.
Abraço
eu não concordo com essas criticas superficiais acho que não dá o devido mérito ao brilhante diretor, e principalmente a essa obra prima do cinema moderno.”Suker Punk” Sem ofensas…
acho que o pessoal que ta assistindo o filme, entendendo a proposta do filme, além de ser só um filme com efeitos.. tá começando a ver o que realmete ele é: um filme psicológico!
o erro do diretor foi fazer um filme sensacional e inteligente para um publico digamos… não tão inteligente…
oque eu e todo mundo viu no filme : A vida de uma garota, que é jogada criminosamente num local para doentes mentais… de repente ela dança e é trasportada pra outros mundos. cria um plano de sair de lá, tudo combinando com a realidade do hospicio. Isso é o que as maioria das pessoas viram e acharam superficial e sem sentido no filme. Então só se distrairam com calcinhas e efeitos especiais….
O que ninguém viu foi o pulo do gato. A personagem principal não existe…OOOOHHH!!! ela é a criação mental de outra personagem, a unica que consegue escapar do Hospício. e ainda tem outro porém… a outra personagem, A fuga dela também é imaginária. pois o “Mestre” delas, reaparece na vida que supõe-se ser real… o filme inteiro é um delirio de uma personagem que procura a liberdade mental. note que ela a parece interpretando num teatro a loirinha personagem principal. E o fato de as duas de terem uma irmã que morre. São muitos detalhes que pessoas mais distraidas e acostumadas com filmes pipoca, não se dão ao trabalho de pensar no que realmente tá acontecendo.
RESUMINDO: é um filme pisicológico, que fala simplesmente de liberdade, amor, e coragem para enfrentar a vida. algo que existe dentro de nós e que nunca usamos pra nada. O filme foi feito para as pessoas se enchegarem nele. Que existe a liberdade, que todos nós vivemos presos num hospício dentro de nós mesmos, nos empurrando pra onde vai a boiada. Porém o filme instiga a dar um basta, e enfrentar-mos nossos medos até encontrar a liberdade. O filme me passou isso, eu sai do cinema me sentindo nas nuvens e disposto a seguir meu caminho. Faz tempo que não sinto isso num filme desses… Adorei.
Agora se acharem que estou exagerando, a opinião é minha, é incontestável pra mim…pois eu vivenciei aquilo, nenhum outro filme me tocou tanto… talvez eu tenha ficado pertubado… acho que vou para um hospicio também…….kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
NOSSA! Quem medo desse cara que comentou aí em cima... Mas fazendo uma análise de discurso, metade é tudo pose. Enfim...
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Abraços
Não vi o filme ainda mas estou ansioso. Passarei aqui depois pra ler seu texto. =D
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