31 filmes. Foram ao todo, 31 filmes selecionados por mim como os melhores que eu já vi esse ano. Desses 31, me senti obrigado a reduzir pela metade para não criar uma lista grande e poder organizar melhor o que foi visto de bom e o que poderia ter sido melhor.
Listas de fim de ano, dos melhores filmes de um ano são muito difíceis de serem feitas. Afinal, como eu sei quais são os filmes de um ano? Segundo minha organização, isso ficou desse jeito: aqui listo os 15 melhores filmes que chegaram ao Brasil neste ano. E chegaram ao Brasil é uma definição ampla, já que me refiro não só ao cinema, mas aos festivais e às locadoras da região. Com isso excluo da minha lista ótimos filmes que só pude ver esse ano, mas chegaram ao cinema ano passado, como Holy Motors e Laurence Anyways.
Antes de começar, gostaria de lembrar alguns dos excluídos dessa seleção de 31 filmes, que precisaram ser retirados, mas que merecem uma notinha. São eles Elena, Blancanieves, Bling Ring, O Sistema, Capitão Phillips, Um Estranho no Lago e Fruitvale Station - A Última Estação.
Antes de começar, gostaria de lembrar alguns dos excluídos dessa seleção de 31 filmes, que precisaram ser retirados, mas que merecem uma notinha. São eles Elena, Blancanieves, Bling Ring, O Sistema, Capitão Phillips, Um Estranho no Lago e Fruitvale Station - A Última Estação.
#15. A Vida Secreta de Walter Mitty
(The Secret Life of Walter Mitty, Ben Stiller, 2013, 114 min.)
(The Secret Life of Walter Mitty, Ben Stiller, 2013, 114 min.)
"Ground control to Major Tom"
Estando nesta lista por um caráter muito mais passional do que racional, A Vida Secreta de Walter Mitty é o tipo de filme que vemos no cinema e saímos muito mais leves. O bom astral reina durante as sessões e é difícil não se sentir mais otimista. Ben Stiller mostra que faz o melhor de si quando está por trás das câmeras e o final não decepciona, por mais que entregue uma situação já prevista por qualquer espectador.
"Ground control to Major Tom" |
Estando nesta lista por um caráter muito mais passional do que racional, A Vida Secreta de Walter Mitty é o tipo de filme que vemos no cinema e saímos muito mais leves. O bom astral reina durante as sessões e é difícil não se sentir mais otimista. Ben Stiller mostra que faz o melhor de si quando está por trás das câmeras e o final não decepciona, por mais que entregue uma situação já prevista por qualquer espectador.
Pelos Olhos de Maisie não foi divulgado nos cinemas brasileiros. Nem no estrangeiro ele apareceu tanto, mesmo com um elenco bom que dá ar ao filme. O que consegue encantar, porém, é a possibilidade de um mundo utópico, em que a visão da personagem Maisie - sempre simplista e sem influências externas - consegue decidir o que é o melhor, sem qualquer desencantamento das regras que surgem com a compreensão do mundo. Lindo de tão simples.
#13. Workers
(Workers, José Luis Valle, 2013, 120 min.)
Workers não chegou a cinema algum - ao menos não que eu tivesse notícia - mas participou do Festival Internacional de Cinema de Brasília. O filme faz um paralelo entre dois trabalhadores e, sem ter tanta pressa, cria uma situação injusta no ponto de vista de ambos. Workers é uma passagem sutil de tempo e uma denúncia às piores realidades trabalhistas.
#12. Os Suspeitos
(Prisoners, Denis Villeneuve, 2013, 153 min.)
"Elas só choraram quando eu as deixei"
Um dos melhores suspenses de 2013 e dirigido pelo canadense Denis Villeneuve, Os Suspeitos trata do uso da força a fim de se obter justiça. Beirando muitas vezes entre a loucura e a sanidade, o filme tem força suficiente para nos fazer imaginar como agiríamos nas situações mostradas. Não deixe a duração assustar, o filme é grande em todos os sentidos.
#11. Tatuagem
(Tatuagem, Hilton Lacerda, 2013, 110 min.)
"Cus, cus, cus..."
Infelizmente Tatuagem é o único filme nacional que figura nesta lista, mas é um dos melhores que se podem ver no cenário brasileiro nesses anos de comédias românticas. Muitas vezes sendo homenagem, muitas vezes sendo paródia artística, Tatuagem é um filme que respira o universo artístico jogando sempre com as margens sociais, que joga com a imagem do homossexual em tempos de ditadura e que nos faz a seguinte pergunta: numa época que estabelece os limites a se seguir, tem alguém melhor que um artista para utilizá-lo até a banalização?
#10. Any Day Now
(Any Day Now, Travis Fine, 2012, 97 min.)
Também pouco conhecido pelo Brasil, Any Day Now é um drama convincente que trata da margem social, de pessoas otimistas que lutam diariamente contra o preconceito contra todos os grupos. A proximidade das situações entre o casal homossexual e da criança com Síndrome de Down são de uma sentimentalidade tocante. Típico filme que deixa com lágrimas escorrendo na cara toda, mas um filme pra não se deixar passar por ter uma carga que deixa a tristeza fluir.
#09. O Passado
(Le Passé, Asghar Farhadi, 2013, 130 min.)
"Ela quer morrer! Por isso ela cometeu suicídio!"
Eu, que conheci Asghar Farhadi com A Separação e mais tarde fui ver Procurando Elly, virei fã de seus roteiros. O Passado, por mais que não tenha o nível de excelência de seu trabalho anterior, ainda é um filme exemplar. Vários ideias seguidos por pessoas diferentes que parecem não ter uma saída, até que desenrolamos ao inacreditável. Ressalto o trabalho excelente de Bérénice Bejo e Ali Mosaffa.
#08. Spring Breakers
(Spring Breakers, Harmony Khorine, 2013, 92 min.)
"Spring break forever, bitches!"
Um verdadeiro choque entre o estereótipo da ilusão das férias de verão contra a parcela que contribui para que tudo isso exista. Drogas, bebidas, sexo, momentos que serão esquecidos durante 11 meses para no final do ano se repetirem. É a epifania das garotas inconsequentes que não conseguem se adaptar com um estilo de vida "normal", a vida se constitui nas férias e pra sempre serão férias. Um verdadeiro divisor de águas, mas de ótimo gosto.
#07. O Ato de Matar
(The Act of Killing, Joshua Oppenheimer, 2012, 115 min.)
"Minha consciência me disse que elas tinham de ser mortas"
Também é bom dizer que, pela falta do elogiado Elena e do crítico Leviathan, O Ato de Matar é o único documentário na lista - mas dentre todos, o melhor. Não só mostra o que foi um dos grandes atos de crueldade do mundo (o ato de matar, como o próprio título ilustra), mas mostra a consciência limpa desse ato durante a maior parte do filme. O grande documentário aqui é a documentação de um arrependimento, tão verdadeiro quanto a história.
#06. Azul é a Cor Mais Quente
(La Vie d'Adèle, Abdellatif Kechiche, 2013, 179 min.)
Um dos filmes mais belíssimos sobre o amor. Ilustrando a paixão de duas jovens lésbicas na França, em círculos que ora as aceitam, ora as denigrem, Abdellatif tem construções incríveis com o retrato de Emma e de Adèle, um retrato que poderia ser de qualquer casal homossexual. É toda forma de amar - com todos os altos e baixos de uma relação - que podemos ver e, realmente, presenciar em tela.
#05. Gravidade
(Gravity, Alfonso Cuarón, 2013, 91 min.)
"Não vou mais ficar dirigindo. É hora de ir pra casa."
O filme que tirou o fôlego de muitos em salas de cinema lotadas. O filme que mostrou que Sandra Bullock sabe atuar. O filme que valeu o ingresso 3D. Gravidade tem muitos nomes, mas depois de toda a experiência visual de renascimento que dura apenas 91 minutos eu só consigo atribuir um a ele: um dos melhores filmes do ano.
#04. Depois de Lúcia
(Después de Lucía, Michel Franco, 2012, 103 min.)
Particularmente, tenho uma crítica com Depois de Lúcia, um filme do qual eu não esperava nada e me mostrou ser mais maduro do que tudo: é um filme exagerado. Mas, de uma maneira ou outra, será que um assunto tão comentado e banalizado atualmente tem chance de marcar alguém se for tratado com sutileza? Uma das maiores surpresas que eu tive, que ilustra os extremos do bullying até chegar na superação por meio da perda.
Amor. Love. Liebe. Amore. Sevmek. любовь. Amour. É uma só palavra, mas o sentimento que ela exprime ainda assim nos leva a milhares de interpretações sem nunca sermos exatos. Amor, simples, sucinto e direto, ganhador da palma de Cannes e com atuações monstruosas de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, um filme que merece ser visto, revisto e, se possível, visto mais uma vez. A definição mais completa que eu tenho pra definir o sentimento.
#02. Frances Ha
(Frances Ha, Noah Baumbach, 2012, 86 min.)
Com uma dose incrível de otimismo e bom-humor, Frances Ha pode ter sido minha maior surpresa do ano, por ter partido de um diretor que já tinha me desapontado anteriormente. Não tenho como descrever em palavras o que funciona no filme: é Greta? É Noah? É o preto e branco, é a trilha sonora, é a montagem? É tudo isso, somado ao incrível sentimento de bem-estar que me preencheu assim que eu saí do cinema. É quase uma Amélie dos Estados Unidos, mas com um egoísmo inato ao ser-humano que permite que o filme seja um retrato fiel, não fictício, de qualquer espectador.
#01. A Grande Beleza
(La Grande Bellezza, Paolo Sorrentino, 2013, 142 min.)
"Mas, minha senhora, o que são essas vibrações?"
O que falar de um filme que te pegou completamente desprevenido? A Grande Beleza é o tipo de filme que consegue agradar a muitos públicos: há um humor ácido que consegue fazer todos rirem. É a crítica ao atual, tendo base na alta sociedade romana e em situações não-ortodoxas que fazem o ritmo do filme de Sorrentino ser cômico e artístico ao mesmo tempo. Com altas ressalvas à arte e sempre com um sentimento saudosista, A Grande Beleza se compara ao cinema italiano em muitas partes. Quem não vê A Doce Vida e 8 1/2 em tantas cenas desse grande contemporâneo é cego. Um retrato fiel não só da Itália, mas do cenário artístico, político e social atual com precisão e ironia.
Pelos Olhos de Maisie não foi divulgado nos cinemas brasileiros. Nem no estrangeiro ele apareceu tanto, mesmo com um elenco bom que dá ar ao filme. O que consegue encantar, porém, é a possibilidade de um mundo utópico, em que a visão da personagem Maisie - sempre simplista e sem influências externas - consegue decidir o que é o melhor, sem qualquer desencantamento das regras que surgem com a compreensão do mundo. Lindo de tão simples.
(Workers, José Luis Valle, 2013, 120 min.)
Workers não chegou a cinema algum - ao menos não que eu tivesse notícia - mas participou do Festival Internacional de Cinema de Brasília. O filme faz um paralelo entre dois trabalhadores e, sem ter tanta pressa, cria uma situação injusta no ponto de vista de ambos. Workers é uma passagem sutil de tempo e uma denúncia às piores realidades trabalhistas.
(Prisoners, Denis Villeneuve, 2013, 153 min.)
"Elas só choraram quando eu as deixei" |
Um dos melhores suspenses de 2013 e dirigido pelo canadense Denis Villeneuve, Os Suspeitos trata do uso da força a fim de se obter justiça. Beirando muitas vezes entre a loucura e a sanidade, o filme tem força suficiente para nos fazer imaginar como agiríamos nas situações mostradas. Não deixe a duração assustar, o filme é grande em todos os sentidos.
(Tatuagem, Hilton Lacerda, 2013, 110 min.)
"Cus, cus, cus..." |
Infelizmente Tatuagem é o único filme nacional que figura nesta lista, mas é um dos melhores que se podem ver no cenário brasileiro nesses anos de comédias românticas. Muitas vezes sendo homenagem, muitas vezes sendo paródia artística, Tatuagem é um filme que respira o universo artístico jogando sempre com as margens sociais, que joga com a imagem do homossexual em tempos de ditadura e que nos faz a seguinte pergunta: numa época que estabelece os limites a se seguir, tem alguém melhor que um artista para utilizá-lo até a banalização?
(Any Day Now, Travis Fine, 2012, 97 min.)
Também pouco conhecido pelo Brasil, Any Day Now é um drama convincente que trata da margem social, de pessoas otimistas que lutam diariamente contra o preconceito contra todos os grupos. A proximidade das situações entre o casal homossexual e da criança com Síndrome de Down são de uma sentimentalidade tocante. Típico filme que deixa com lágrimas escorrendo na cara toda, mas um filme pra não se deixar passar por ter uma carga que deixa a tristeza fluir.
(Le Passé, Asghar Farhadi, 2013, 130 min.)
"Ela quer morrer! Por isso ela cometeu suicídio!" |
Eu, que conheci Asghar Farhadi com A Separação e mais tarde fui ver Procurando Elly, virei fã de seus roteiros. O Passado, por mais que não tenha o nível de excelência de seu trabalho anterior, ainda é um filme exemplar. Vários ideias seguidos por pessoas diferentes que parecem não ter uma saída, até que desenrolamos ao inacreditável. Ressalto o trabalho excelente de Bérénice Bejo e Ali Mosaffa.
(Spring Breakers, Harmony Khorine, 2013, 92 min.)
"Spring break forever, bitches!" |
Um verdadeiro choque entre o estereótipo da ilusão das férias de verão contra a parcela que contribui para que tudo isso exista. Drogas, bebidas, sexo, momentos que serão esquecidos durante 11 meses para no final do ano se repetirem. É a epifania das garotas inconsequentes que não conseguem se adaptar com um estilo de vida "normal", a vida se constitui nas férias e pra sempre serão férias. Um verdadeiro divisor de águas, mas de ótimo gosto.
(The Act of Killing, Joshua Oppenheimer, 2012, 115 min.)
"Minha consciência me disse que elas tinham de ser mortas" |
Também é bom dizer que, pela falta do elogiado Elena e do crítico Leviathan, O Ato de Matar é o único documentário na lista - mas dentre todos, o melhor. Não só mostra o que foi um dos grandes atos de crueldade do mundo (o ato de matar, como o próprio título ilustra), mas mostra a consciência limpa desse ato durante a maior parte do filme. O grande documentário aqui é a documentação de um arrependimento, tão verdadeiro quanto a história.
(La Vie d'Adèle, Abdellatif Kechiche, 2013, 179 min.)
Um dos filmes mais belíssimos sobre o amor. Ilustrando a paixão de duas jovens lésbicas na França, em círculos que ora as aceitam, ora as denigrem, Abdellatif tem construções incríveis com o retrato de Emma e de Adèle, um retrato que poderia ser de qualquer casal homossexual. É toda forma de amar - com todos os altos e baixos de uma relação - que podemos ver e, realmente, presenciar em tela.
(Gravity, Alfonso Cuarón, 2013, 91 min.)
"Não vou mais ficar dirigindo. É hora de ir pra casa." |
O filme que tirou o fôlego de muitos em salas de cinema lotadas. O filme que mostrou que Sandra Bullock sabe atuar. O filme que valeu o ingresso 3D. Gravidade tem muitos nomes, mas depois de toda a experiência visual de renascimento que dura apenas 91 minutos eu só consigo atribuir um a ele: um dos melhores filmes do ano.
(Después de Lucía, Michel Franco, 2012, 103 min.)
Particularmente, tenho uma crítica com Depois de Lúcia, um filme do qual eu não esperava nada e me mostrou ser mais maduro do que tudo: é um filme exagerado. Mas, de uma maneira ou outra, será que um assunto tão comentado e banalizado atualmente tem chance de marcar alguém se for tratado com sutileza? Uma das maiores surpresas que eu tive, que ilustra os extremos do bullying até chegar na superação por meio da perda.
Amor. Love. Liebe. Amore. Sevmek. любовь. Amour. É uma só palavra, mas o sentimento que ela exprime ainda assim nos leva a milhares de interpretações sem nunca sermos exatos. Amor, simples, sucinto e direto, ganhador da palma de Cannes e com atuações monstruosas de Emmanuelle Riva e Jean-Louis Trintignant, um filme que merece ser visto, revisto e, se possível, visto mais uma vez. A definição mais completa que eu tenho pra definir o sentimento.
(Frances Ha, Noah Baumbach, 2012, 86 min.)
Com uma dose incrível de otimismo e bom-humor, Frances Ha pode ter sido minha maior surpresa do ano, por ter partido de um diretor que já tinha me desapontado anteriormente. Não tenho como descrever em palavras o que funciona no filme: é Greta? É Noah? É o preto e branco, é a trilha sonora, é a montagem? É tudo isso, somado ao incrível sentimento de bem-estar que me preencheu assim que eu saí do cinema. É quase uma Amélie dos Estados Unidos, mas com um egoísmo inato ao ser-humano que permite que o filme seja um retrato fiel, não fictício, de qualquer espectador.
(La Grande Bellezza, Paolo Sorrentino, 2013, 142 min.)
"Mas, minha senhora, o que são essas vibrações?" |
O que falar de um filme que te pegou completamente desprevenido? A Grande Beleza é o tipo de filme que consegue agradar a muitos públicos: há um humor ácido que consegue fazer todos rirem. É a crítica ao atual, tendo base na alta sociedade romana e em situações não-ortodoxas que fazem o ritmo do filme de Sorrentino ser cômico e artístico ao mesmo tempo. Com altas ressalvas à arte e sempre com um sentimento saudosista, A Grande Beleza se compara ao cinema italiano em muitas partes. Quem não vê A Doce Vida e 8 1/2 em tantas cenas desse grande contemporâneo é cego. Um retrato fiel não só da Itália, mas do cenário artístico, político e social atual com precisão e ironia.