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13 de novembro de 2010

Deixa Ela Entrar (2008)

Um filme de Tomas Alfredson com Lina Leandersson e Kåre Hedebrant.

Agora vamos revelar um segredo que não é tão secreto assim. Embora muitos achem que é um pecado comparar o paraíso cult Deixa Ela Entrar com o pesadelo que é a saga Crepúsculo, é exatamente isso que vou fazer agora. No romance pop, os vampiros não tem imagem. A criadora da saga quis modificar uma ideia já criada para agradar as adolescentes, mostrando que o príncipe encantado pode ser tanto um cavaleiro quanto um vampiro vegetariano. Além de tudo isso, o amor criado entre Kristen Stewart e Robert Pattinson é um dos mais forçados que eu já vi. No drama sueco, os vampiros amam, mas não deixam de lado seu instinto sedento por sangue. E também não brilham quando expostos ao sol, por favor, o que já nos deixa com uma imagem pronta na cabeça. A atuação entre os dois pequenos é tão verdadeira que as mortes no filme só tornam os sentimentos mais sutis e o filme de terror se torna uma chacina romântica.
Num subúrbio movimentado de Estocolmo, Oskar (Kåre Hedebrant), um menino que sofre os terrores do bullying na sua escola, sonha com a tão esperada vingança e com a coragem que a fará se realizar. Sua vida sofre uma reviravolta quando ele conhece sua nova vizinha, Eli (Lina Leandersson), uma garota misteriosa e bonita, que rouba o coração do menino. Oskar logo percebe que há algo de estranho com a menina, e descobre aos poucos que ela é uma vampira sanguinária que não suporta o sol e precisa matar para viver. Embora ela o tenha ajudado a encarar seus medos na escola, o garoto entra em dúvida: a relação deles é uma laço que envolve até mesmo homicídios?
Embora Deixa Ela Entrar deixe um pouco a desejar em alguns aspectos, todo o resto é superior a qualquer história de vampiros que você possa ver por aí. A cena final da piscina é incrível e o filme possui uma fotografia bonita e simpática. A atuação das duas crianças não deixa a desejar. Lina Leandersson está incrível na pele da garota sanguinária, a melhor atuação do longa. Kåre Hedebrant tem uma atuação agradável, acima do mediano mas abaixo de sua namorada vampira. O roteiro provém de uma história de amor entre um vampiro e um mortal. Como já falei, todo o sangue e os desmembramentos mostrados só aumentam a realidade do amor entre os dois jovens, um amor vivido por um pré-adolescente e uma imortal, ambos nunca amaram. E o melhor de tudo é que consegue criar um romance sem denegrir a imagem do vampiro. Vampiro queima no sol. Vampiro bebe sangue, seja lá de quem for. Vampiro é rápido, vampiro é forte, vampiro mata. Vampiro não brilha. Toda vez que eu vejo um vampiro brilhando eu sinto vontade de vomitar.
Assustadoramente lindo. Singelo e mortífero ao mesmo tempo, um dos melhores filmes de vampiro feitos nos últimos anos, um dos melhores filmes de amor feitos nos últimos anos. O que o salva é a verdade nos instintos em relação à fábula popular que é idolatrada cada vez mais nos cinemas. Daqui a pouco as crianças do futuro vão achar que os vampiros brilham. Ontem minha reação seria "elas precisam ver Drácula". Hoje minha reação é "elas precisam ver Deixa Ela Entrar".
NOTA: 8

Um comentário:

Cristiano Contreiras disse...

Não tenho nada contra Crepúsculo, para mim tem seus pontos positivos, mas isso são outros quinhentos.

Deixa ela entrar me parece mesmo um bom filme, vou conferir!